Admmauro
Gommes
O
poema setígono surgiu assim: O poeta Cícero Felipe perguntou a Admmauro Gommes:
“Como seria possível criar uma nova modalidade de poema dentro dos parâmetros
já existentes?” Admmauro respondeu: “Acredito que setígono é uma boa proposta.
Cícero indagou: “Como seria o formato?” – Não sei – disse Admmauro – vamos
criar um protótipo. Admmauro fez o primeiro, Cícero fez o segundo. José Durán
escreveu as primeiras linhas sobre a estrutura desse poema. Daí por diante, não
param de ser escritos setígonos, todos os dias, por autores de Pernambuco e de
outras partes do Brasil.
Os
primeiros setígonos foram escritos em Xexéu, São José da Coroa Grande e
Palmares, Pernambuco, em agosto de 2020. No mesmo ano, aos 7 de setembro
de 2020, às 7 horas da noite, foi lançado esse novo movimento literário, em
videoconferência, com a participação de Admmauro Gommes, Adriano Sales,
Caio Vitor Lima, Cícero Felipe, Davi Mota, João Constantino, José Durán y
Durán, Kevelly Kassandra, Libene Tenório, Neilton Lins, Pâmella Emanuella,
Romilda Andrade, Sylvia Beltrão, Tony Antunes, Wilson Santos e Zé Ripe.
A
formatação do setígono se apresenta como se um verso longo fosse dividido ao
meio, chamados polares, por se situarem nas extremidades. Ao centro, fica o
meridiano, quintilha que se liga aos polares. Tanto o poeta quanto o leitor,
hão de ser atraídos pelos polares, uma vez que se grafam em negrito. Mas a
atenção não se resume no destaque das letras, uma vez junto, formam uma unidade
semântica. Destarte, o último verso é o segundo a ser imaginado. Tudo passa a
ocorrer, a partir dos polares. Estes são a síntese setigonal.
Sendo
um texto curto, o setígono para se mostrar grandioso deve abarcar uma
totalidade ampla de informações. A exemplo de outros poemas sintéticos, se
encaixa muito bem na necessidade atual de apreciarmos mensagens profundas em
poucas linhas.
Uma
das possibilidades que ele carrega é a condição de dialogar com o pensamento
coletivo, popular ou erudito. Deste modo, nega ou reafirma o saber cristalizado
por diversas culturas, como a agudeza dos axiomas, visto no caso de “Quem vê
cara, (não) vê coração”.
No meio do setígono está uma discussão grandiosa, que entremeia os versos polares. Por sua vez, esses contêm uma máxima, pura filosofia, condensação do conhecimento humano acumulado.
Como o nome sugere, é formado por sete versos. Podem ser brancos ou com rimas, destacando que a rima interna é sempre bem-vinda. O primeiro e o último versos funcionam como se ambos fossem apenas um, dividido em duas partes. Esse efeito ocorre também entre o primeiro e o segundo e entre o sexto e o sétimo. É comum destacar, em negrito, o verso que inicia e o que finda o texto poético, estes, constituem uma máxima, quando lidos em única linha melódica, uma espécie de (uni)verso em que no seu núcleo pulsa a expansão do pensamento. O setígono é, metaforicamente, um novo mundo criado em 7 dias. Na geometria poética, é um heptágono com um pentágono dentro.
Exemplos:
Vida
não é plana nem
sempre há linhas retas
ora se perde, ora acerta.
para ser desinfeliz
é preciso cortar
o mal pela raiz
quadrada
- Admmauro Gommes
Quem
anda triste demais
pelas esquinas da vida
desconhece a esperança
nada contra a maré
de marcha à ré vai voltando.
porque se vive sozinho
deve
ter algum motivo.
-
Admmauro Gommes