4 de março de 2014

ENTRE “O SABOR DA PALAVRA NÉSTOGAS” E “O POETA LANÇA O ENIGMA”

    Marcondes Calazans
                          
Quanta intrepidez no texto de Romilda Andrade (O poeta lança o enigma). Como é deleitoso ler um texto que, por sua estrutura literária nos joga de mente e corpo ao inacabado que é tentar compreender o que Vital escreve. Com certeza, leu a obra “ID”, um dos  últimos livros de VCA que  trata exatamente dessa questão. Sua poesia não parte de uma ideia, é o próprio pensamento sem a necessária importância de traduzi-lo cientificamente.

Professores Márcia Maria, Marcondes Calazans e Romilda Andrade
No livro “A Estranha Poesia de Vital Corrêa de Araújo” ficou claro, quando não encontramos compreensões uníssonas sobre sua poesia.

Quanto aos termos "Humpty" "Dumpty"  do autor britânico  Lewes  Carrol, que nos propõe a  condição de escolher o significado para o que lemos vemos ou ouvimos, mesmo se o que lemos seja algo enigmático e absoluto, entende-se que Humpty Dumpty é um personagem de uma rima enigmática infantil de Mamãe Gansa, na Inglaterra, muito conhecido no mundo anglófono. Ele é retratado como um ovo antropomórfico, com rosto, braços e pernas. As pessoas são livres para interpretá-los da forma que convém a si mesmas.

No mundo anglófono, onde se fala a língua  inglesa,  as pessoas escolhem os significados que devem ser dados a Humpty Dumpty, ou seja, as coisas existem e damos o nosso entendimento, apareça de que forma for.

Por fim, o texto da impávida Márcia Maria da Silva, que nos aponta o tema “O sabor da palavra néstogas”, cuja expressão nos liberta de regras e da rigidez acadêmica recorrente, bate com o que Romilda Andrade defende. É como se os textos se cruzassem significando algo espontâneo, nós simplesmente inventamos o que precisamos entender, tudo passa pelo pensamento, sem necessariamente precisar da ideia.

Duas mulheres, duas formas de escrever de maneira diferente a mesma coisa, deixaram-me interrogativo! Será que  os poemas  de VCA é algo comum, comum a todos que escrevem poesia? Acho que estamos desvendando o enigma...

Que mulheres danadas!