27 de março de 2025

Poemas de Admmauro Gommes sobre PALMARES

 


1. OUTRA PALMARES

(do livro Elegias Matinais – 1992)

 

Existe uma Palmares

quase imperceptível

sensorial

domesticada;

distante das impressões

reveladas

por seus poetas maiores

divergindo

do 'negro de Jesimiel'*

que ainda se banha

nas águas

do rio Luiz Berto Una da Besta;

da cidade antes de seus ilustres

antes dos Ascensos

antes dos Zumbis

antes dos engenhos ...

 

Existe, de fato

uma Palmares feita de luz

que fascina a todos

pelo seu presente

que nos serve de bússola regional

de cérebro

de corpo

de alma

e é viva

e nos impressiona

iluminando os olhos

de quem lhe conhece

pela primeira vez.

 

É pena que os filhos de Palmares

não saibam disso.

 

  

2. MATIAS, 

O APÓSTOLO DOS PALMARES (maio/97)

       

Convido, de ontem, as musas

a contemplar o inaudito

olhando se o meu escrito

não toma formas obtusas.

E as de hoje, trazendo pérolas

coloquem num ser auréolas.

As ninfas, felizes, flóreas

escolheram com fulgor

a Matias, o professor

que prosseguiu sem vanglórias

 

Foi como na Sacra História

num sorteio acontecido

sendo Matias escolhido

pra conservar a memória

do Mestre e seus ensinos.

Cumpriste com os desígnios

hoje és mestre em freguesias

pulaste num resplendor

de discípulo a mentor

Mestre Amado Matias.

 

Reflete a face euforias

quero dar-te um novo nome

que não baste o teu renome

de Amaro Mestre Matias.

Além da minha oferenda

és mito, quase uma lenda

Cidadão em tantos lugares.

Escritor, poeta, mas

daqui pra frente serás

o Apóstolo dos Palmares.    

 

  

3. POEMA PALMARES

 

Canto a grandeza de uma terra

que encerra as lutas de Zumbi

pelos Quilombos dos Palmares

fizeram história de amor por ti.

 

Canto do forte e do feliz

de Assis, Paranhos e de Portela

dos Magalhães e dos Betos

que até hoje lutam por ela.

 

De festa, sonho e dos amores

de seus pintores e bons poetas

de Juareiz, Ascenso e Nito

de Telles Júnior e de La Greca.

 

Engenho Verde e Esperança

desde criança ouço falar

como bem disse o teu poeta

todos esses nomes fazem sonhar.

 

Palmares, o teu amante

mesmo distante, lembra de ti

quem te visita sente saudade

tanta saudade de Piranji.

 

 

4. PALMARES

 

Como fugir de tuas curvas

de teus lábios violeta

das mãos que me acariciam

nas horas incertas.

Do sorriso promessa

do afago sincero

da luz de teus olhos

- colírio e veneno.

  

Como correr ao distante

se tenho sempre comigo

em arquivo secreto

entre as páginas do livro

o encanto que denuncia vontade

e a vontade que encanta o peito

o leito desalinhado

todo projeto desfeito.

 

Amanhã é um novo dia.

Quando acordares

estarás sozinha.

 

 

5. PALMARES NA CHUVA

 

Entre prazeres e azares 

a sorte esconde as luvas. 

Em dias de fortes chuvas 

o medo assusta Palmares. 

 

Eu olhava a rua que dobra

as águas vinham subindo.

Que filme triste assistindo 

as águas como uma cobra.

 

Depois que passa a chama 

do pânico que incendeia

se vê a cena mais feia 

o mundo cheio de lama.

 

Limpando a dor que finda

logo aparece a bonança 

com raios de esperança  

surge Palmares mais linda.

 


 

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