6 de dezembro de 2017

ADMMAURO GOMMES E VILMAR CARVALHO PUBLICAM, HOJE, SUAS OBRAS NA FAMASUL


Dois autores com mais de três décadas de produção literária publicam, na Famasul, duas de suas obras: Vilmar Carvalho (Ocidente tardio) e Admmauro Gommes (Teoria da poesia absoluta).

Vilmar Carvalho faz uma importante seleção de textos poéticos produzidos nos últimos anos. Esse consagrado autor, que domina muito bem a técnica da poesia contemporânea, edita sua mais nova produção, nesta quarta-feira. No mesmo espaço e ao mesmo tempo, Admmauro Gommes lança seu novo livro. A obra reúne todo conhecimento aprendido e ensinado e aplicado nas aulas de teoria da literatura, em 25 anos em contato com o fazer literário, na Famasul, e tem como foco investigar o fenômeno da criação poética.

São duas obras fundamentais para o conhecimento da poesia pernambucana na atualidade. Os lançamentos têm início a partir das 19h40 de hoje, na Biblioteca Ascenso Ferreira, na Famasul, em Palmares/PE.







28 de novembro de 2017

NÃO É QUALQUER MARIA


Não é qualquer Maria 
com quem se tem 
fina amizade a vida inteira. 
Nem toda Maria José. 
Tem que ser 
Maria José de Oliveira
Costa. Sendo a primeira 
mas pode ser simplesmente
Maria, somente. 
E já é muito. E verdadeira. 

21 de novembro de 2017

HERMILO BORBA FILHO NO FESTIVAL ARTE NA USINA - Safra 2017

Aconteceu na noite de ontem (20/11) uma Mesa de Diálogo com o tema “Hermilo Borba Filho e a cultura popular.” Estiveram presentes, além do mediador Rufino, o professor de artes cênicas, Igor, do Recife, Luiz Alberto Machado, de Palmares, e os professores de literatura Admmauro Gommes e Antonino Matias, de Xexéu. 

A importância de trazer o nome de Hermilo à discussão faz parte das comemorações do centenário desse ilustre autor palmarense, destaque nacional na narrativa de ficção. Prestigiado diretor de teatro, professor de literatura e artes cênicas. Exímio tradutor de célebres nomes da literatura mundial. 

Dentro das homenagens, a Companhia Editorial de Pernambuco (Cepe) publicou este ano “Contos de Hermilo Borba Filho” e “Os ambulantes de Deus,” em edição comemorativa. Com a mesma intenção, o Governo do Estado, em louvação ao teatrólogo, modificou o título do Prêmio Pernambuco de Literatura, para Prêmio Hermilo Borba Filho. Daí a importância de visitar a obra e a biografia desse artista de projeção nacional. 

A proposta do festival é transformar a cultura em uma nova oportunidade de sustentabilidade para a região. Nesse ponto, e em todos os aspectos da organização, o evento tem sido um sucesso. Acontece na Usina Santa Tereza, Água Preta, Pernambuco. Começou no dia 17 e vai até 25 de novembro com uma vasta programação envolvendo oficinas de fotografia, artes visuais, teatro, palestra, quadrinhos, cinema e música. 

A quem interesse, ainda dá tempo de participar. Vale a pena conferir um festival para todos os gostos culturais. Veja como: http://usinadearte.org












19 de novembro de 2017

CAMINHANDO E CANTANDO

E caminhávamos na areia da praia. Éramos três. Um, que fez da música profissão; o outro, sempre utilizou a música na profissão. E eu, desentoado, acompanhava a dupla, como distante terceira voz.

Literalmente, cantou-se até debaixo da água. Ou, lembrando Vandré, estávamos caminhando e cantando e seguindo a canção. De Agnaldo Rayol a Roberto. De Nelson Gonçalves, a Clara Nunes. A nada gravado na última década se prestou homenagem. Somente a nata da MPB nos veio à lembrança. 

Isso, depois de um demorado banho nas águas claras e límpidas de um paraíso na costa alagoana, chamado Peroba. 

Três professores comemorando o Dia da Proclamação da República, à toa, no mar, deixando a saudade e as lembranças à deriva, levadas pelo vento, na vela veloz que passava. 

Só faltou a foto do fato. Essa foi impressa na memória.


9 de outubro de 2017

TURMA DE LETRAS CRIA BLOGS ACADÊMICOS

 
Estudantes do segundo período de Letras na Famasul (2017.2) criam blogs que servem de instrumento didático. Além de dominar esse importante recurso, as postagens terão interface com a disciplina teoria da literatura (narrativa). O primeiro conteúdo em debate é a crônica literária. Acompanhe. 





2 de outubro de 2017

SEIS POETAS DE UM NOVO TEMPO


Caio Lima

Edson Marques

Libene Tenório

Neilton Farias

Pamella Emanuella

Tony Antunes 

  
                               
INTUIÇÃO
Caio Vitor Lima (Palmares/PE)

De repente um pesado silêncio
adentrou pela porta.

Minúsculo e exato
como um átomo.

Rotundo e transparente
como uma bomba de gás de hidrogênio.

Sua intuitiva presença
levou-me a uma questão imponderável:

Se vida tivesse
que bicho o silêncio seria?

Um singelo micróbio
ou um enorme cachalote?



PERISTÁLTICOS
Edson Marques (Palmares/PE)

Os movimentos peristálticos da despersonalização 
empurram pouco a pouco o bolo alimentar da solidão 
que vai absorvendo as tristes proteínas da hostilidade 
espalhando os nutrientes da agressividade.
Digerindo desorientação e lentidão 
o suco gástrico da depressão 
esmói alucinações com indignação. 
Os ácidos clorídricos da saudade 
absorvendo os nutrientes da mediocridade 
alienando as microvilosidades 
desvairando o reto com temeridade 
expele bolos fecais de desintegridade.



ARREMESSAR
Libene Tenório (Novo Lino/AL)

Arremessar a voz banal 
sussurrar no mar infinito 
arrepiar na voz matuta 
amarelar na hora certa. 
Caranguejos que se escondem 
mangue cúmplice assim 
chumbo de Lampião 
cegas cegonhas aqui 
barbante imenso enrola 
homem de ferro encolhe 
brasa de fogo consome. 
Arremessar os bárbaros agora? 
Missão possível do tempo. 



UMA DEFINIÇÃO DE DESEJO
Neilton Farias (Novo Lino/AL)


Uma definição de poesia é teu sorriso 
teus lábios
teus seios
teus dedos parecem perfeição 
se é que existe ou não 
uma definição de teu sorriso é poesia.
Se à noite ou dia 
um sorriso
uma poesia
uma definição 
de uma canção
que escorre de teu sorriso 
de teus lábios
de teus seios 
pelos teus dedos. 
Quero esse sorriso 
quero ser esse teu riso 
e escorregar pelo teu corpo inteiro. 


  
PANGUAIÃS
Pamella Emanuella (Tamandaré/PE)

Nasci da seca de estrelas líquidas
vim das paisagens tangíveis
dessas emendas ineptas e negras
das mordidas desabotodas
que fogem nas asas de íons.

Vi o bruto desperdício das escritas castigadas (mestiça)
cresci dos minérios quase mórbidos
evolui nas nuvens de aço
respiro cárceres de ideias monásticas
vivo no toque do visível recôndito
como arte das manhas roxas
bebo vinho de memórias suíças
sou panguaiã.



PLURIVOCADO DE LÁSTIMO
Tony Antunes (Palmares/PE)

Verberando as digitais do tempo 
as ventanias  cantam sinfonadas 
com trombetas de pretas pedras. 
Os lastros das nuvens de estopas 
sacodem os egos dos idiotanados 
em arupembas de espinhos 
das goifadas babas. 
Os íctos dos verbos secaram
emudeceram o vértice do esquadro
arderam nas almas das sombras
calaram nas bocas dos poetas. 
Plurivocado de lástimo desincopado, 
embriagado e nu o passado 
rendeu-se ao futuro. 




NO BRASIL

 Admmauro Gommes

No Brasil não se vive mais por amor à Pátria. 
No Brasil não se vive mais por amor. 
No Brasil não se vive mais. 
No Brasil não se vive. 
No Brasil, não. 
Juro. 
Juro por todos os bancos 
que é verdade. 
Antigamente 
aposentado 
ria. 

Hoje, no Brasil, não. 


23 de setembro de 2017

XEXÉU PROMOVE LITERATURA EM DESFILE CÍVICO


Xexéu está sempre inovando em Educação. Depois de ser reconhecido como primeiro lugar na Mata Sul Pernambucana, na Avaliação do Saepe, cada vez mais, o município aposta em projetos pedagógicos. 
Prefeito Eudo
Para isso, pensa-se o projeto como possibilidade de vivenciar os conteúdos pedagógicos de uma forma diferenciada. Por exemplo, em 2017, o município completa 26 anos de emancipação política (1º de outubro). 
Para vivenciar esta data tão gloriosa para a liberdade municipal, a Secretaria de Educação (SEMED) está promovendo um desfile cívico, em 29/9. Só que não é um desfile qualquer. É um movimento que se propõe divulgar o livro e a leitura como formas de expressão cultural, vivenciadas através da literatura. Todas as escolas homenageiam os autores de destaque. São eles: Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Eça de Queirós, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, Jorge Amado e José de Alencar.
Com feliz acerto, o secretário de educação, Antonino Matias, professor, escritor, dramaturgo, compositor, enfim, um completo artista, valoriza a literatura em um desfile público como manifestação viva da cultura do nosso país. É um momento de festividade, mas sobretudo, carregado de um forte compromisso sociocultural. 
O momento de prestígio que atravessa a educação municipal pode ser resumido nas palavras de Antonino Matias:

“É muito bom trabalhar pelo nosso povo, com muita força, garra e determinação e com o apoio do Prefeito Eudo Magalhães, que faz de tudo para que a Educação tenha destaque em nosso município, nos alegra e cada vez mais nos dá forças para continuar vivenciando este momento ímpar no nosso município. Hoje, Xexéu faz a diferença na Educação. Estamos conseguindo as metas do IDEB; este ano ficamos em primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco (IDEPE), entre os municípios da Mata Sul, bem como estamos com avaliações internas para auxiliar os professores na melhoria do ensino. Está acontecendo uma sequência de boas formações continuadas para os docentes, aulas atividades planejadas, escolas reformadas (outras construídas), três quadras escolares, destaque no Programa Novo Mais Educação, e estamos a caminho de uma Escola Integral no nosso município, contemplando 150 jovens que tenham competência e habilidade em dança, música e artes. Realmente, só temos a agradecer a Deus, por um momento de destaque com este, pois enquanto o mundo fala em crise, estamos oferecendo uma educação de boa qualidade para todos os xexeuenses.”

Diante das palavras do Secretário de Educação Antonino Matias, temos uma visão plural do ensino e da aprendizagem. Xexéu tem criado um caminho novo, daí o reconhecimento nas avaliações internas e externas como também conta com o prestigiado apoio de alunos e seus familiares. 
O comandante desta revolução pedagógica, com certeza, é o prefeito do município, Eudo Magalhães, mas quem executa é o Secretário da Educação, com sua equipe, professores e funcionários que, de uma forma geral, tem acreditado em uma educação diferenciada que já está rendendo muitos e bons frutos. Parabéns a todos que acreditam na educação de Xexéu.

Temos muito o que comemorar nesses 26 anos de liberdade.
A festa é do povo.
Xexéu, 1º de outubro (1991-2017)


17 de setembro de 2017

CORTADOR DE CANA

- Admmauro Gommes

 

Na minha terra
o cortador de cana tem como missão
suar a camisa
tirando sua vida com as próprias mãos
pelo patrão:
lambe a terra
limpa terra
cava a terra
fertiliza a terra
morre pela terra. 

E a cana-de-açúcar
planta
limpa
lavra
queima
corta
transporta
e transforma tudo
em açúcar, mel e dólar. 


Depois de se plantar
se cortar
se queimar
se matar
e carregar a usina no ombro e no braço
eis sua recompensa:
o bagaço. 





16 de setembro de 2017

SELENA GOMEZ: 126 MILHÕES DE FÃS NA REDE SOCIAL E NÃO TEM AMIGOS

Selena Gomez
Admmauro Gommes
Escritor, palestrante e professor de Teoria Literária
da FAMASUL/Palmares (PE)
admmaurogommes@hotmail.com

Nem mesmo os melhores especialistas em comportamento humano puderam imaginar que a solidão seria um dos grandes males do nosso tempo. Principalmente, no mundo globalizado, onde alguns países apresentam superpopulações. A solidão desenfreada arrasta para si os males da depressão. Esta se evidencia como um dos maiores vilões da humanidade. 
Embora existam tantos recursos a serviço da comunicação pessoal, como a internet e suas múltiplas possibilidades de relacionamentos e esses deveriam aproximar mais as pessoas, não obstante, é enorme a dificuldade para se estabelecer sinceras, legítimas e duradouras amizades. O que nos faz lembrar de O Pequeno Príncipe: “Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!”
Como é difícil cativar. É quase impossível conseguir essa façanha apenas reenviando mensagens instantâneas e às vezes nem lidas pelo remetente, via WhatsApp. Relacionamentos verdadeiros precisam do calor humano, do abraço, do aperto de mão e do sorriso face a face.
A presença sincera de um amigo, portanto, passou a ser uma aquisição de primeira necessidade para o bem-estar de todos nós. Recentemente, li que a cantora norte-americana Selena Gomez, em entrevista à revista Bussiness of Fashion, em setembro (2017), mesmo sendo a personalidade mais seguida nas redes sociais, com 126 milhões de fãs que a acompanham, declarou que não tem amigos. É apavorante esta situação para quem carrega um olhar provinciano e depende da presença do vizinho nos bons dias, na troca de riso diário e do bate papo descontraído em cada encontro, do fim de semana compartilhado, em casa ou num barzinho.
Infelizmente, é destino cruel de nossa geração: não ter amigos. Isso conduz o ser humano à robotização. Selena que, além de cantora e atriz, é compositora, dubladora, dançarina, estilista, possui apenas 25 anos de idade e mais de 25 milhões dólares em sua conta bancária. Contudo, desabafou: “Eu sinto como se conhecesse todo mundo, mas não tenho amigos.” Como consequência de sua vida agitada em nome da fama, já teve problemas sérios de ansiedade. 
Situações iguais a essas nos levam a considerar o desgaste emocional que sofre quem está em uma cidadezinha qualquer, onde se criou fortes laços de elevada estima, e é obrigado ao êxodo que empurra muita gente a morar em uma metrópole. O resultado é se confinar em um apartamento. Assim, o internauta tem contato com o mundo inteiro, através da rede de computadores, mas ao mesmo tempo se sente só, isolado, escravo de um aparelho celular.
Cabe aqui uma reflexão muito séria sobre o modus vivendi que escolhemos como modelo para este século: não dividimos mais parcerias, antes nos tornamos dependentes de um mundo virtual, que é descartável. Quando falta energia, e o smartphone é descarregado, então sentimos a sensação de vazio como se a nossa vida também fosse desligada. Aí, procuramos a presença dos amigos, e nem mesmo dentro de casa eles estão.
Mas nem tudo está perdido. Podemos começar a reverter o quadro hoje. Ainda dá tempo: “Queres um amigo, cativa-me!”


11 de setembro de 2017

DOCE LEMBRANÇA E ARTE RETRÔ

Admmauro Gommes
Escritor, Poeta e Professor de Teoria Literária
da FAMASUL/Palmares (PE)
admmaurogommes@hotmail.com

A moda exerce um fascínio muito grande sobre o ser humano: altera comportamentos e opiniões. O que ontem era uma sensação, hoje pode não valer nada, ou vice-versa. A lembrança é que me denuncia. De vez em quando, recordo-me de alguma coisa que era comum na infância, como por exemplo, o quebra-queixo, doce caseiro, à base de coco e açúcar queimado. Mas isso pertence a outra época, deixou de ser atração há muito tempo. Será? 
Uma das novidades de nossos dias é a arte retrô, ou seja, a que traz de volta o sucesso passado, como roupas dos anos oitenta ou geladeira enfeitada de pinguins. Além do retorno da vitrola. Não sabe o que é vitrola? É uma radiola. Não sabe o que é isso, também? É um aparelho eletrônico que reproduzia long play. Ou seja, disco de plástico rígido que foi substituído pelos atuais cds. Ufa! Se você tem menos de 18 anos, acredito que estou usando uma linguagem proibida para sua faixa etária. 
Vamos mudar de assunto. Esta semana, uma amiga minha, que tem uma loja na praça de alimentação de um shopping, me informou que chegou uma grande novidade: petit gateau (o nome é bonito, mas significa apenas pequeno bolo, em francês). Um tipo desses está sendo anunciado constantemente na televisão como a última das maravilhas, mesmo tendo surgido, por um erro na cozinha, há pelo menos duas décadas. O toque de requinte é que o gateau serve-se quente, mas vem acompanhado de sorvete.
Como eu tenho uma leve irritação na garganta, que me afasta constantemente de alimentos congelados, disse que não o aceitava. Só por esse motivo. Então, ela me ofereceu outra, dizendo: Esta sim, não é gelada e não faz mal. É o produto mais novo da doceria nacional. E continuou a propaganda: já vem embalado em plástico higiênico, em tabletes. Uma delícia. É feito de especiarias retiradas de raspas de coco, caramelizado e muito nutritivo. Aí, não resisti. Quero provar. Quando abri a embalagem, tive uma surpresa: era quebra-queixo. Um doce retrô. 
Isso me fez puxar pela memória e estacionar na infância. Que bom! O quebra-queixo voltou. A tapioca já havia retornado, de antigamente, renovada em mil sabores no recheio. Atualmente, é uma das receitas preferidas dos nutricionistas porque tem baixo teor de sódio, sem gordura, rico em carboidratos e de fácil digestão. E mais, não tem glúten. Que coisa! Mas não devemos nos espantar. Como diz Eclesiastes, “Nada há de novo debaixo do sol.” Nem mesmo o quebra-queixo.


26 de agosto de 2017

A SORTE DE TER SORTE

Admmauro Gommes
Escritor, Poeta e Professor de Teoria Literária
da FAMASUL/Palmares (PE)
admmaurogommes@hotmail.com

Na vida é assim: às vezes alguém acha que é preciso ter a sorte de ter sorte. Já vi muita gente procurando um trevo de quatro folhas porque disseram que ele traz felicidade. Só soube que estavam procurando. Ninguém me disse que achou. 
É que estiveram buscando onde não havia o objeto desejado. A lógica é clara: procurar onde não há existência de ouro, torna-se impossível o encontro. Mesmo quando se tem um mapa bem desenhado, se não houver tesouro, nada feito. Por isso, não busque a dita cuja onde ela não mora. Mas não deixe de persegui-la. Com um pouquinho de sorte, tudo se resolve. 
Porém, todo cuidado é pouco. Precaução e canja de galinha não fazem mal a ninguém. É que a bendita pode andar encangada com o azar. Se um time joga e vence por sorte, o outro, naturalmente, teve azar. Para quem acredita que um pé de coelho dá sorte... pode até ser. Menos para o coelho. 
De vez em quando, é bom traçar um atalho ou agendar uma entrevista com ela, pois a sorte não dá azar de ser encontrada por um azarão. Por exemplo: a portuguesa Zoraia (que nasceu em Xexéu), foi quem puxou primeiro essa conversa. Ela disse que mudou a sorte quando saiu do Brasil e foi morar em um país europeu. Primeiro, me mostrou umas fotos com delicadíssimas flores de seu jardim, modelo de paz e harmonia, encanto e ternura. Que felicidade! Sabe o que ela me enviou por um zap, em uma semana dessas? Uma plantação de trevos. Um monte. Todos de quatro folhas e de várias espécies. 
Aí pode estar o segredo revelado. Lá é muito comum cultivarem esse arbusto. Ela apenas deu um empurrãozinho na sorte e foi ao encontro dos trevos. 
Por aqui, Zoraia, tem um dito que você bem conhece, ninguém planta laranja e colhe goiaba. Fica a lição: quem planta trevo colhe trevoada. Como se atesta, não carece sorte para encontrar um trevo de quatro folhas, nem trevo para encontrar a sorte. Então, façamos alguma coisa. João Cabral disse na sua severina obra: “Grande diferença faz, lutar com as mãos ou colocá-las para trás.” Não é bom esperar por quem pode não vir (a sorte). Nem sempre a montanha vai a Maomé. É preciso cruzar o oceano, se necessário, para ser feliz.