28 de novembro de 2012

A POESIA DE NINAH


A poetisa Ninah esteve no 1º Período de Letras da FAMASUL (28.11.12) e fez uma brilhante explanação sobre a criação poética e sua maneira de compor. Detalhou os aspectos de seu poema Me abrace, que foi alvo e muita apreciação pelos universitários da referida turma, e tiveram a oportunidade de “entrevistá-la” coletivamente. Ela se definiu como uma poetisa que busca a liberdade e seus textos têm, como prioridade, o cunho metafórico pois, na sua visão, é elemento essencial para a poesia. Ninah agradeceu a participação dos que fizeram comentário sobre seu texto no blog e recebeu elogios, afagos e abraços.


Ninah

A POESIA INTIMISTA DE NINAH MARIA

“Posso resumir ME ABRACE como um poema repleto de poesia eminente e fluente em sua inigualável originalidade; o mesmo nos deixa respirando e espirando poesia, imaculada poesia." - Marta Roberta Ramos da Silva (1º período de Letras/2012.2)

  

NINAH é pseudônimo de Conceição, graduanda de Letras, FAMASUL, 2012, que gostaria de ter vários nomes: um para cada ciclo em que habita, um para a família, outro para os amigos, outro para os escritores. Na verdade, muitos heterônimos, como no caso de Fernando Pessoa. Única e diversa em si mesma, ela insurge com uma poesia intimista, representada por alta carga metafórica, entendida por seu eu-lírico como conturbada, melancólica, triste e complexa, mas que consegue abrir paradoxos entre a vida e a morte, entre o amor e o ódio, e a tristeza em sua quase totalidade. É a poesia onde o humano se faz presente em demasia, mas sobretudo, original.  Portanto,  como ela pede, vamos “brutalmente”, abraçá-la.


ME ABRACE (NINAH MARIA)
 "Abraça-me
Abrasa-me."
           Juareiz Correya 

Me abrace sem nenhum disfarce.
Nenhum carinho de irmão
sem nenhuma piedade
brutalmente, me abrace!

Até que tudo isso passe
até que se ponha o sol
até que eu possa ver meus dedos
dedos cobertos de neve e chuva
entre os humanos pecados, me abrace!
Porque a cidade é fria e você sabe
e eu me sinto desvairada
à mercê de me apaixonar.

Não soltes pelo frio na barriga.
Não provoque o desenlace
até que eu tenha forças
até que tudo acabe exacerbado
mesmo assim, me abrace!

A vela que se quebra do meu barco
assusta os homens
e a chaga que inflama os ossos me consome
pelos meios antigos de homem
descarado como és, me abrace
porque eu sinto vazio
e não é mais a dor que esfria a alma
é a força de braços transparentes
braços ainda dormentes
braços que se tendem afogar
totalmente desacobertados
mas ainda assim, me abrace!

Veja que eu me reviro solta
subo pelas rochas
me equilibro no escuro
é assim que eu sou
fechada em qualquer outro braço
eu não vejo o contrário
os anos me tiraram o pudor
e ainda assim eu sinto o calor depoente
que me abraça, mesmo que descrente
mais não pense!
Apenas me abrace!

Eu estou descobrindo coisas
eu estou descendo em abismos
me arriscando e saindo na escuridão
abrindo janelas
caçando borboletas.
Sou feita e cheia de partes 
que acobrem e desenrolam hastes
escondidas outrora em mim.

Eu descrevo meus versos
como se fossem linhas antigas
feitas há muito, muito tempo atrás.
Cerco de mãos vazias de braços omissos 
círculos de culpas e dores
e humanidades... 

Eu procuro em mim tuas veias 
o que de fato poderei sentir
de um dia após o outro
na ideia de dois braços
que têm mentido e negado os laços 
de minha palidez visível para o tudo que passou
sofro, pois tem sido só carne.

Antes fosse o calor que sentia na infância
mas não pense tanto como quem ama
olhe nos olhos desconfortáveis do relógio
olhe para o vidro do poeta que se parte.

No desconforto da existência, antes fosse sozinha...

Fujo em teus braços de mago e mágica.   
Me dê sua porção.
Me alugue em suas unhas
que me abrem sobre dedos, compridos, sem defeito
mas fique calado, frio e calmo
nos meios de ti... me abrace.

25 de novembro de 2012

KATU NA FAMASUL

Paulo Katu

O poeta cordelista Paulo Katu de Sirinhaém visitou a FAMASUL (23.11.12). Na ocasião, recitou versos e falou da técnica de sua produção poética. Isso aconteceu dentro da aula de Teoria da Literatura I, do Professor Admmauro Gommes. Esteve presente também o Professor Wilson Santos. Katu foi muito aplaudido.




Fragmentos de
BRASIL: COLÔNIA, IMPÉRIO E REPÚBLICA (Paulo Katu)

Desta história do Brasil
Muito temos que contar
O progresso, no entanto
Deixa muito a desejar,
Deus abastou-nos de tudo
Só falta administrar.
(...)
Na colônia no início
Barbáries aconteceram,
Atiraram em nossos índios
Muitos deles faleceram,
Os que seguiam com vida
Invejavam os que morreram.
(...)
 

11 de novembro de 2012

NA FAMASUL


LITERATURA E REGIONALISMO (8.11.12)
Palestra de Admmauro Gommes

RESUMO
Toda literatura universal tem suas bases no regionalismo porque é no espaço local onde ocorrem as cenas cotidianas. Torná-las universais é uma questão de saber manejar a plasticidade cultural que acontece quando o escritor lança mão de recursos mais envolventes, como a intertextualidade, para promover sua região. Revisitar temas já consagrados como o amor, ódio, inveja, saudade, liberdade, medo e morte, encontrados na Bíblia, na Mitologia Grega ou em clássicos da literatura, é uma maneira eficaz de construir o intertexto e colocar o regional em evidência. Como exemplos, basta citar Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa), Vidas Secas (Graciliano Ramos), Menino de Engenho (José Lins do Rego) e Urupês (Monteiro Lobato), em que se refletem as adversidades humanas que têm sido as mesmas durante toda a história da Humanidade. É por isso que o poeta visto na amplitude que a palavra lhe empresta, como criador, utiliza-se muito bem dessa prerrogativa e inventa um mundo analisando temas que denunciam o ser humano, em qualquer lugar, como suas vivências e paixões. Deste modo, a promoção da literatura regional é uma das tarefas que envolvem o tempo do escritor, ao receber influências no momento em que produz sua obra. Os poetas da MPB também têm essa perspectiva, como se verifica no Nordeste cantado por Luiz Gonzaga, pelo viés dos compositores Humberto Teixeira e Zé Dantas. Asa Branca se encaixa nesse perfil, pois é um clássico da poesia nacional, acompanhada da melodia que a universalizou, mas, sobretudo, regionalista, por sua natureza literária.
Palavras-chave: Literatura. Regionalismo. Intertextualidade. Nordeste.



O REGIONALISMO É UMA TENDÊNCIA UNIVERSAL
Maasséia Taffnes Machado da Silva
V Período de Letras/ FAMASUL



              O regionalismo é uma tendência primordial para o desenvolvimento da literatura universal, porque as obras que hoje são reconhecidas mundialmente, primeiro tiveram o destaque local, depois se expandiram e para um escritor a valorização regional é muito importante e se tomar maiores proporções o seu esforço torna-se bem mais gratificante.
A literatura regional é bastante interessante e de fácil compreensão, quando o autor através de um personagem reflete os costumes, cultura, história e a aparência local de uma determinada região, deixando os leitores encantados e familiarizados com várias situações existentes no enredo. Podemos ter como exemplo de familiaridade a obra Vidas Secas de Graciliano Ramos, onde nos sentimos incluídos em varias situações que ele usou com um contexto literário para falar da nossa região criando um forte laço entre o leitor e a obra.
Uma obra regionalista tem grandes chances de tornar-se universal quando não está focada apenas em uma determinada situação, mas sim, quando se volta para um acontecimento histórico ou denuncia fatos que tenham interesse mundial e se traduzida para qualquer idioma seja claramente entendida Por isso, o autor tem que deixar o “eu” um pouco de lado, para enxergar o que realmente interessa.
Portanto, devemos valorizar a cultura e as raras personalidades que temos em nossa região, pois são elas que nos fazem reconhecidos e repeitados perante a sociedade nos proporcionando varias conquistas Se deixarmos de valorizar nossas raízes para focarmos em contextos que não têm a ver com a nossa realidade, ficaremos sempre no anonimato e privilegiando um mundo que não reflete em nada no nosso.