
Maria
Aparecida Santos da Costa
Letras/Famasul
A
literatura é uma forma artística de expor nossas ideias, opiniões e sentimentos, através de palavras. É aquela que faz uso de nossa total
imaginação, além de usar termos metafóricos capazes de despertar o interesse do
leitor.
Ora,
os poetas são os responsáveis por transformar os desejos
mais difíceis em sonhos reais, que alimentam sua alma através da essência da
poesia e que penetra o nosso íntimo arrancando lágrimas e sorrisos. E como já
dizia Aristóteles (A poética Clássica), “A obra do poeta não consiste em contar
o que aconteceu, mas sim coisas que podiam
acontecer, possíveis no ponto de vista da verossimilhança ou da necessidade.”
Podemos tomar como exemplo o que Admmauro Gommes
falou sobre o processo de sua criação em “A Pólvora das Angústias:” “A criação de um poema exige sempre grande esforço por parte de quem escreve
para condensar um monte de experiências em um único texto. É processo vigoroso
de constantes diálogos internos no/do autor. É preciso lançar mão de todos os
requisitos que se dispõe, toda experiência de vida e apuro técnico”.
Dessa
forma, é possível observar que o texto literário é um processo gradativo e que
para chegar a seu produto final, é necessário que haja um trabalho duro por
parte dos poetas, não só com as palavras e a habilidade técnica, mas também com
sua experiência de vida, afinal, o poeta é o inventor de seus próprios versos e
que faz da sua criatividade e dos elementos metafóricos sua arma mais poderosa,
porém, por trás de cada verso existe uma história ofuscada incapaz de ser
revelada e que talvez o próprio escritor a desconheça.
Aproveitando
ainda as palavras de Admmauro, podemos constatar a explicação de como surgiu o
título do poema e seu verso inicial, transcrito de um comentário seu que recebi
por email: “A ideia que logo me surgiu foi ‘barril de pólvora’ e o verso
inicial ocorreu mediatamente: “O fogo das angústias congela desejos.” Gostei do
paradoxo “fogo/congela” mas a imagem da pólvora, implícita no fogo, me guiou
até o fim. Podemos dizer que esse foi o estopim do processo criativo”. Percebe-se
que o autor afirma que o verso inicial do seu texto foi primordial para a
invenção dos outros, e o conduziu até o final.
Portanto,
é notório que para a produção de uma obra literária não seja necessário de
alguém que possua um dom ou de uma força sobrenatural que age sobre os poetas,
até porque o grau de perfeição de um texto está na sequência de treinamentos e
de esforço pessoal de cada um. É um
trabalho que possui um processo contínuo do escritor em que ele precisa
conhecer o que se escreve e onde quer chegar.
Ainda
no livro “A poética Clássica”, podemos encontrar “A arte poética de Horácio: o
trabalho e a disciplina como fatores criativos”, onde o autor destaca
nitidamente isso, afirmando que: “o poeta só atingirá a perfeição se tiver
pleno domínio do material criativo, o que não será possível senão através da
razão, do trabalho e da disciplina, instâncias diferentes de uma mesma
atividade de busca de perfeição artística.”
Dessa
forma, o poeta além de criar as mais belas poesias, ainda são os responsáveis
pela construção verbal, pois a composição de uma obra literária
e o trabalho do escritor não se resumem apenas no momento da criação e sim do
domínio da técnica e de sua criatividade que cresce através do trabalho desenvolvido e das
experiências que foram adquiridas no meio do caminho. Além disso, um bom texto
literário não é aquele que atende aos preceitos tradicionais e que está dentro
das normas técnicas, afinal, com a poesia absoluta os textos literários estão
indo muito além da métrica, do ritmo e da rima como podemos observar em “Deztinos,” uma antologia que está sendo preparada com poetas a partir da Famasul. Nela, há uma seleção de poemas absolutos, e é notório que ao produzir os textos, os escritores foram provocados por algo que o instigou a fazê-los, e
que esse trabalho só teve êxito com o esforço e a dedicação até chegar
ao produto final, o que foi necessário passar por um processo de escrita ou
talvez de uma reescrita, pois só assim, é possível chegar ao resultado em que o
poeta esperava, ou talvez, indo além do que imaginou.
É
possível dizer que os poetas, para produzirem seus textos, recebem estímulos
diferentes e são provocados por objetos, e movidos por uma força chamada de
poesia, que os instiga a escreverem.
O
segredo não está no poeta e sim no que ele carrega dentro de si, no seu esforço
e na sua dedicação diária. Para quem lê o texto literário não sabe o que se
passou na cabeça do autor no momento de sua criação, talvez o título não tenha
sido aquele de imediato e o primeiro verso nem se aproxime do que esteja no
papel. E mal sabe o leitor o trabalho que houve para fazê-lo, mas para um
verdadeiro poeta, a beleza da sua obra não está em quantas folhas precisou
arrancar para produzir um texto, ou em quantas noites acordado necessitou para que sua arte ficasse pronta.
A
verdadeira beleza está no leitor, ao terminar de ler, afinal, a perfeição de um
texto literário está nos olhos de quem o vê e pode ter certeza que não há nada
mais gratificante do que isso, para um poeta.
É isso mesmo.
ResponderExcluirProdução maravilhosa!
ResponderExcluirIsso mesmo, Pablo. Vocês fazem parte de uma geração influenciada pela investigação do poético, principalmente pelas inquietações provocadas por Vital Corrêa. Aliás, ele está de livro novo: CATÁLOGO DE ÂNGULOS.
ExcluirA motivação para a boa produção de um poema pode fazer um diferencial no seu produto final e a reescrita e um processo necessário para que o poeta tenha segurança de que seu objetivo será atingido.
ResponderExcluirExcelente produção textual!
Parabéns continue assim...
Correção" é um processo"
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