Admmauro Gommes
Escritor,
palestrante e professor de Teoria Literária
da
FAMASUL/Palmares (PE)
admmaurogommes@hotmail.com
Nem mesmo os melhores
especialistas em comportamento humano puderam imaginar que a solidão seria um
dos grandes males do nosso tempo. Principalmente, no mundo globalizado, onde
alguns países apresentam superpopulações. A solidão desenfreada arrasta para si
os males da depressão. Esta se evidencia como um dos maiores vilões da
humanidade.
Embora existam tantos
recursos a serviço da comunicação pessoal, como a internet e suas múltiplas
possibilidades de relacionamentos e esses deveriam aproximar mais as pessoas,
não obstante, é enorme a dificuldade para se estabelecer sinceras, legítimas e duradouras
amizades. O que nos faz lembrar de O Pequeno
Príncipe: “Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram
tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não
têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!”
Como é difícil cativar. É
quase impossível conseguir essa façanha apenas reenviando mensagens
instantâneas e às vezes nem lidas pelo remetente, via WhatsApp. Relacionamentos
verdadeiros precisam do calor humano, do abraço, do aperto de mão e do sorriso
face a face.
A presença sincera de um
amigo, portanto, passou a ser uma aquisição de primeira necessidade para o
bem-estar de todos nós. Recentemente, li que a cantora norte-americana Selena
Gomez, em entrevista à revista Bussiness
of Fashion, em setembro (2017), mesmo sendo a personalidade mais seguida
nas redes sociais, com 126 milhões de fãs que a acompanham, declarou que não
tem amigos. É apavorante esta situação para quem carrega um olhar provinciano e
depende da presença do vizinho nos bons dias, na troca de riso diário e do bate
papo descontraído em cada encontro, do fim de semana compartilhado, em casa ou
num barzinho.
Infelizmente, é destino
cruel de nossa geração: não ter amigos. Isso conduz o ser humano à robotização.
Selena que, além de cantora e atriz, é compositora, dubladora, dançarina,
estilista, possui apenas 25 anos de idade e mais de 25 milhões dólares em sua
conta bancária. Contudo, desabafou: “Eu sinto como se conhecesse todo mundo,
mas não tenho amigos.” Como consequência de sua vida agitada em nome da fama, já
teve problemas sérios de ansiedade.
Situações iguais a essas
nos levam a considerar o desgaste emocional que sofre quem está em uma cidadezinha
qualquer, onde se criou fortes laços de elevada estima, e é obrigado ao êxodo
que empurra muita gente a morar em uma metrópole. O resultado é se confinar em
um apartamento. Assim, o internauta tem contato com o mundo inteiro, através da
rede de computadores, mas ao mesmo tempo se sente só, isolado, escravo de um
aparelho celular.
Cabe aqui uma reflexão muito
séria sobre o modus vivendi que
escolhemos como modelo para este século: não dividimos mais parcerias, antes
nos tornamos dependentes de um mundo virtual, que é descartável. Quando falta
energia, e o smartphone é descarregado, então sentimos a sensação de vazio como
se a nossa vida também fosse desligada. Aí, procuramos a presença dos amigos, e
nem mesmo dentro de casa eles estão.
Mas nem tudo está perdido.
Podemos começar a reverter o quadro hoje. Ainda dá tempo: “Queres um amigo,
cativa-me!”
Excelente, meu mestre.
ResponderExcluirMuito bom. Nesse mundo em que estamos forçadamente mergulhados, uma reflexão desse nível, nos faz rever algumas posições que tomamos. Parabéns... Excelente texto.
Grande verdade.
ExcluirCaríssimo poeta Admmauro Gommes, tudo isto é porque eles não conhecem o nosso almoço, no Sobrado dos GUERRA, em Jaqueira-PE, e muito menos as temáticas que nós conversamos aqui. O "mundo" desses bostéis é outro, infelizmente. Dato e assino.
ExcluirQue pena! No entanto, por esse, caminho que a humanidade segue, no momento. Perturbador é assistir tudo isso ocorre e no mesmo tempo, não poder fazer nada,pois em algumas situações você é o protagonista.
ResponderExcluirQue nossa amizade, por ser pautada no respeito e admiração que sentimos um pelo outro, perdure é que continue a dar bons frutos.
ResponderExcluirPerfeito tio, exatamente assim!!!
ResponderExcluirVerdades inquestionáveis! Tema atual e que nos leva a refletir sobre o valor da amizade, e sobre a influência do mundo globalizado que parece nos afastar, enquanto deveria nos aproximar.
ResponderExcluirExcelente texto! Realidade dos dias atuais. E muito propício para o mês de setembro, que se faz uma campanha com o Setembro Amarelo, chamando atenção pelas vidas das pessoas que se sentem isoladas, e acabam criando transtornos mentais por não terem com quem compartilhar.
ResponderExcluirSe uma reflexão pudesse definir essa atualidade solitária, está, por sua vez,caberia perfeitamente para definição de mundo que hoje temos! Não é por acaso que a depressão é a doença mais esperada para está Era, fatores como: solidão, insatisfação do próprio eu e recusa costante de relacionamentos sólidos, são marcas do nosso tempo. Pessoas substituíram máquinas, redes sociais, por seres humanos, e atrelados ao mundo das navegações virtuais esquecem que o limite desse mundo é não dispor de sentimentos, afetos e todas os mecanismos que um ser necessita para de fato ser feliz. Precisamos entender que este meio de comunicação chegou para nós como a evolução do mundo e não como substituição de seres e sentimentos( como muitos assim pensam).
ResponderExcluirÉ compreensível a famosa cantora fazer tal declaração, isso porque, se formos analisar a verdadeira construção de uma amizade, notaremos que com ela caminha junto a cumplicidade, a honestidade, o respeito, e acima de tudo, a confiança de um para com o outro. Mas, aí que está a grande questão, como construir ou adquirir esses predicados nos tempos de hoje? Tempo esse, diga-se de passagem, paradoxal, pois com o advento da tecnologia e modernidade o ser humano continua vivendo como um “selvagem” na luta incessante pela sobrevivência a qualquer custo, o que faz desencadear síndromes pela excessiva desconfiança nas ações do outro, que muitas vezes agem no intuito de conseguir algo e de qualquer maneira, dando destaque, assim, a outros predicados não tão nobres como os primeiros já citados; um exemplo é a falsidade. Isso já é difícil para nós que temos pouco a oferecer, ou muitas vezes quase nada, quem dirá para uma superstar com milhões na conta bancaria. Enfim, ossos do ofício.
ResponderExcluirPara bem da verdade, o que precisa acontecer é a: permissão, para se conhecer, ou melhor, se arriscar, pois como quase tudo na vida é um risco de dar ou não dar certo. Boa sorte para nós.
Que tarefa difícil cativar amigos! Até o avanço da tecnologia que deveria nos aproximar, vem a nos afastar. Triste realidade! Num mundo de tantos atropelos, é até difícil confiar em alguém pra compartilhar uma amizade. Mas assim como o amor, é preciso correr riscos. Vã com certeza não será a nossa busca.
ResponderExcluirTexto muito bom, professor Addemauro! Reflexão muito interessante sobre a nossa "solidão acompanhada": estamos cercados de dezenas, centenas e até milhares de pessoas, mas na maioria das vezes sem ter com quem trocar um "oi" genuíno.
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