ECLIPSE (Admmauro Gommes)
Que mensagem nos traz esse eclipse?!
Voa flecha escura pelo ar
Bem próximo do Apocalipse
Uma besta de óleo sai do mar.
Sete chifres de morte se levantam
E das águas surgem pra matar.
Que perverso projeto desumano
Capaz de envenenar um oceano!
ECLIPSE E AS
VÁRIAS VERTENTES DE UM POEMA
(Maria das Graças Santos)
O
poema Eclipse de Admmauro Gommes nos permite várias vertentes
para que se possa fazer uma análise literária. Pois retrata de forma bem
sucinta o momento tenebroso, quando as águas se enfureceram em consequência do
petróleo derramado que sujou o oceano, e que causou grande desastre ao meio
ambiente.
No
verso “Que mensagem nos traz esse eclipse?” em linguagem metafórica, pode-se
ilustrar uma linda viagem marítima, céu claro, sol brilhante, águas límpidas,
destino esse que levaria a lugares paradisíacos jamais visitados, mas de
repente a calmaria foi surpreendida por uma grande escuridão. É neste momento
que o autor faz analogia entre o real, quando o sol é encoberto e tudo
escurece, com o breu, provocado pelo petróleo, que tornou o mar negro. E
continua: “Voa flecha escura pelo ar” (...) "Uma besta de óleo sai do
mar./ Sete chifres de morte se levantam. ".
O
eu lírico sugere que a besta é a figura da morte (Apocalipse 13: 1-4) “E eu
pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças
e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas (...) Quem é semelhante à
besta? Quem poderá batalhar contra ela?”
Daí
os animais marinhos, peixes e outras espécies em meio ao enorme e catastrófico
desastre ecológico, mesmo agonizando tornaram-se figuras aladas voando e
fugindo do seu próprio habitat. “Quem poderá batalhar contra ela?” A besta
triunfou, poluiu o oceano. Venceu a injusta batalha.
O
escritor ainda faz um questionamento nos versos: "Que perverso projeto
desumano/ Capaz de envenenar um oceano". O rico e preto líquido causado
por negligência do ser humano conseguiu manchar a imensidão do mar. É por isso
que a criação literária nos permite várias possibilidades para que o leitor
possa desfrutar e fazer muitas leituras.
Dessa
forma, o poeta utilizou metáforas para atenuar (e comparar) o que foi narrado
no dia apocalíptico em que houve a destruição do oceano, junto aos seus
habitantes que lá viviam.
Pode-se
concluir que são os projetos humanos que se tornam desumanos, às vezes em sua
insanidade.
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Profª Graças Santos |