Caio Lima
Edson Marques
Libene Tenório
Neilton Farias
Pamella Emanuella
Tony Antunes
INTUIÇÃO
Caio Vitor Lima (Palmares/PE)
De
repente um pesado silêncio
adentrou
pela porta.
Minúsculo
e exato
como
um átomo.
Rotundo
e transparente
como
uma bomba de gás de hidrogênio.
Sua
intuitiva presença
levou-me
a uma questão imponderável:
Se
vida tivesse
que
bicho o silêncio seria?
Um
singelo micróbio
ou
um enorme cachalote?
PERISTÁLTICOS
Edson Marques (Palmares/PE)
Os
movimentos peristálticos da despersonalização
empurram
pouco a pouco o bolo alimentar da solidão
que
vai absorvendo as tristes proteínas da hostilidade
espalhando
os nutrientes da agressividade.
Digerindo
desorientação e lentidão
o
suco gástrico da depressão
esmói
alucinações com indignação.
Os
ácidos clorídricos da saudade
absorvendo
os nutrientes da mediocridade
alienando
as microvilosidades
desvairando
o reto com temeridade
expele
bolos fecais de desintegridade.
ARREMESSAR
Libene Tenório (Novo Lino/AL)
Arremessar
a voz banal
sussurrar
no mar infinito
arrepiar
na voz matuta
amarelar
na hora certa.
Caranguejos
que se escondem
mangue
cúmplice assim
chumbo
de Lampião
cegas
cegonhas aqui
barbante
imenso enrola
homem
de ferro encolhe
brasa
de fogo consome.
Arremessar
os bárbaros agora?
Missão
possível do tempo.
UMA DEFINIÇÃO DE
DESEJO
Neilton Farias (Novo Lino/AL)
Uma
definição de poesia é teu sorriso
teus
lábios
teus
seios
teus
dedos parecem perfeição
se
é que existe ou não
uma
definição de teu sorriso é poesia.
Se
à noite ou dia
um
sorriso
uma
poesia
uma
definição
de
uma canção
que
escorre de teu sorriso
de
teus lábios
de
teus seios
pelos
teus dedos.
Quero
esse sorriso
quero
ser esse teu riso
e
escorregar pelo teu corpo inteiro.
PANGUAIÃS
Pamella Emanuella (Tamandaré/PE)
Nasci
da seca de estrelas líquidas
vim
das paisagens tangíveis
dessas
emendas ineptas e negras
das
mordidas desabotodas
que
fogem nas asas de íons.
Vi
o bruto desperdício das escritas castigadas (mestiça)
cresci
dos minérios quase mórbidos
evolui
nas nuvens de aço
respiro
cárceres de ideias monásticas
vivo
no toque do visível recôndito
como
arte das manhas roxas
bebo
vinho de memórias suíças
sou
panguaiã.
PLURIVOCADO DE
LÁSTIMO
Tony Antunes (Palmares/PE)
Verberando
as digitais do tempo
as ventanias
cantam sinfonadas
com trombetas de
pretas pedras.
Os lastros das nuvens de estopas
sacodem os egos dos idiotanados
em arupembas
de espinhos
das goifadas babas.
Os
íctos dos verbos secaram
emudeceram o
vértice do esquadro
arderam nas almas
das sombras
calaram nas bocas dos poetas.
Plurivocado
de lástimo desincopado,
embriagado
e nu o passado
rendeu-se ao
futuro.
Magnificos poems, parabens!
ResponderExcluir