Marcondes Calazans
Quanta intrepidez no texto de Romilda
Andrade (O poeta lança o enigma). Como é deleitoso ler um texto que, por sua
estrutura literária nos joga de mente e corpo ao inacabado que é tentar
compreender o que Vital escreve. Com certeza, leu a obra “ID”, um dos últimos livros de VCA que trata exatamente dessa questão. Sua poesia não
parte de uma ideia, é o próprio pensamento sem a necessária importância de
traduzi-lo cientificamente.
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Professores Márcia Maria, Marcondes Calazans e Romilda Andrade |
Quanto aos termos "Humpty"
"Dumpty" do autor
britânico Lewes Carrol, que nos propõe a condição de escolher o significado para o que
lemos vemos ou ouvimos, mesmo se o que lemos seja algo enigmático e absoluto,
entende-se que Humpty Dumpty é um personagem de uma rima enigmática infantil de
Mamãe Gansa, na Inglaterra, muito conhecido no mundo anglófono. Ele é retratado
como um ovo antropomórfico, com rosto, braços e pernas. As pessoas são livres
para interpretá-los da forma que convém a si mesmas.
No mundo anglófono, onde se
fala a língua inglesa, as pessoas escolhem os significados que devem
ser dados a Humpty Dumpty, ou seja, as coisas existem e damos o nosso
entendimento, apareça de que forma for.
Por fim, o texto da impávida
Márcia Maria da Silva, que nos aponta o tema “O sabor da palavra néstogas”,
cuja expressão nos liberta de regras e da rigidez acadêmica recorrente, bate
com o que Romilda Andrade defende. É como se os textos se cruzassem
significando algo espontâneo, nós simplesmente inventamos o que precisamos
entender, tudo passa pelo pensamento, sem necessariamente precisar da ideia.
Duas mulheres, duas formas de
escrever de maneira diferente a mesma coisa, deixaram-me interrogativo! Será
que os poemas de VCA é algo comum, comum a todos que
escrevem poesia? Acho que estamos desvendando o enigma...
Que mulheres danadas!