14 de março de 2015

INSPIRADO POR MARGARINA

14 Poemas de Admmauro Gommes, Cleber Teixeira, Neilton Farias, Rejane Correia, Genyff Farias, José Rodrigues Filho (Zé Ripe), Sylvia Beltrão, Marcondes Torres Calazans, Ademac Gommes, Kenedy Wellington Moreira e Silva, Vital Corrêa de Araújo, Suzane Ferreira, Edson Marques e Fábio Nazaro
        Sobre a polêmica se existe inspiração ou não, provoquei os participantes de um minicurso na FAMASUL (02/03/15) instigando-os a
criarem um poema a partir da “inspiração” obtida em um rótulo de margarina, onde se lê “contém aromatizante sintético idêntico ao natural." Eu criei um texto, que posto logo a seguir, e aguardo a produção literária deles e de quem se aventurar neste desafio.


IDÊNTICO AO NATURAL
       Admmauro Gommes

O teu amor contém
aromatizante sintético idêntico ao natural
como fórmula 
da margarina
da amarga rima
que de artificialidade
inflama o coração
cansado de saudade.
Na verdade
nenhuma verdade se publica
nas embalagens industriais
apenas a propaganda 
inventa amores artificiais.
E por não substituir o que trago no peito
e por teus afagos poli-insaturados
o nosso trato está desfeito.




MARGARINA, MEU AMOR
(confissão de amor a margarina)
      Vital Correia de Araújo

Amor aromatizante e sintético ao natural nu
prenhe de polinsaturados afagos (meigos e moles)
é o que Admmauro numa lata de margarina demarca
densa homogenia e pote de solidão dispara
a inefável Genyff magicamente
um bom anúncio faz qualquer um comer
a malfadada margarina (até mesmo Confúcio
 e Sidarta) diz com primor (amargurado) Zé Ripe.
A excelente (e absoluta) Sylvia Beltrão fuzila:
Sou  cítricamente apta
mas de sensibilidade aromática sintética
uma mulher amargarinada
com todo carinho e amanteigado respeito.
Sintética ou idêntica ou natural
(ou edênica ou Infernal)?:
dúvida mortal, finaliza Sylvia B.
E segue: com ácido lático e lecitina, amo.
Faz Ademac deslizar o aromatizado
sintático das curvas da imaginação
pelos mares de páginas virtuais.
Para o filósofo Marcondes
margarina não tem efetivamente coração:
este já derreteu a priori
mas guarda esmero garbo da perfeição
de sublime química industrialírica
porém alto desprimor pelo grau de lipídio
elevado companheiro cordial do sal insone.
Mas, questiona Marcondes Soberbo e mestral:
para que serviria o amor sem aromatizante
e derretido no prato do leito crucial
o sêmen de cor cremosa e apressadinho
e esfuziante, dando seu espetáculo?
De que serve afinal amor carnal sem sal
(a não ser de pobre rima)?
Edson Marques é definitivo:
o que não se consegue
dizer com palavras mas sentir na boca
o sabor da derrota é perfeito.  
E finalmente Fábio resume tudo a:
fugaz essência da margarina
envolveu-me o coração, dilapidou a paixão,
levando-me a um melancólico
precipício em meu peito.
Em adendo digo: primor só cremoso
(porque primeiro: o creme compensa)
sal só amargo como a vida de qualquer manteiga.
De Bunge se espera tudo.
Enfim, margarina amacia o sabor da alma margarida.



SONHO DE MARGARINA
        Cleber Teixeira

Amamos o sonho, pois a vida é ventura
e é mesmo no universo onírico
que construímos a mais doce quimera.
É pra lá que evadimos
quando o mundo não tem mais jeito.

É de desejo que somos feitos
e assim perseguimos a cura da angústia,
a bonança e a fortuna,
à revelia da fúria dos anos.

Amamos o devaneio e o delírio,
já que a lucidez nos agride os olhos
e a mímesis humana apenas reafirma o caos,
o pesadelo recorrente
do qual não conseguimos despertar.

Amamos o sonho
pela sua cadência fluida,
pela sua melodia harmoniosa,
pela sua massa pastosa,
que contém aromatizante
sintético idêntico ao natural.



MÁGICA MARGARINA
       Neilton Farias Lins


Ela pode não ser manteiga
meiga
magra
mágica
é a margarina sua substituta
que em minha mesa disputa
uma pincelada no pão
para uma dia de luta.

Não importa se poli
mono
trans
em minha mesa, ela faz
gostosas as manhãs.



MARGARINA, ADRENALINA E SEROTONINA
         Rejane Correia da Silva Mello Mello

A margarina
lembra um comercial de uma menina
(linda, sorridente)
numa família feliz
nada errado, nem por um triz.
Margarina:
Adrenalina?
Dopamina?
Serotonina?
Bem-estar, felicidade ou encenação?
Não importa.
Tudo é uma simples sugestão
para ser feliz
com ou sem margarina
voltemos a ser meninos/meninas
e desfrutar do hoje
com gosto, com sal.
Não deixemos a vida ficar insossa
sem esquecer da eterna busca do homem:
ser feliz.
Podemos nos afogar nos lipídios
no sal da vida cotidiana
mas o gosto não deve ser perdido
porque algum dia o prazer
e a satisfação batem à porta
e do pote ela se esparrama
gritando, dizendo:
com margarina/ sem margarina
ser feliz é o que importa.




MARGARINA MATINA
            Kenedy Wellington Moreira e Silva

Na aurora me desperto, com um aroma inigualável.
Um alimento de sustança tentadora, chamada margarina.
Cremosa, consistente de um cheiro agradável.
Chegando à mesa matinalmente deliciosa e divina
Palavra forte de personagem delicada e feminina.

Absoluta e convincente atrai-me até a mesa
Um primor comestível, como toda moça menina.
Amarelada, assim deleitava-me na sua delicadeza.
Sentado à mesa, dialogava sua finura e sua excelência. 
Personalizada e inconfundível assim é sua essência.




(A)MARGA-RINA
       Genyff Fαrias

Densa
homogenia
der
re
ten
do
melando meus dedos,
minha boca,
meu bigode
num gosto salgado...

tão concentrada no quadrado do seu pote!!!
tão imensa e tão pequena!
....
Sem dúvida
um pote de margarina
é um dos melhores companheiros
de solidão!



MARGARINA
         José Rodrigues Filho (Zé Ripe)

Odorizante
sintético igual
é boa farsante
essa cremosa
a base de vegetal
macia sedosa
e entope-me
desse mesmo jeito
mata a infame
a indústria
busca similar sabor
quando o cria
falsa manteiga
expõe a família
rica, meiga
no bom anúncio
todo mundo a comer
até Confúcio
come com prazer
do mais puro herbal
quase sem saber
enfarta, morre
desse ser sintético
químico porre
impregnada
no corpo e coração
plastificada.



MULHER MARGARINA
         Sylvia Beltrão

Sou citricamente ácida
mas de sensualidade aromática
uma mulher margarina
que derrete na surdina
e isso não me anima!

Sintética
Idêntica
ou natural?
Te boto nessa dúvida mortal.

Corante e acidulante
artificial e natural
entre a ficção e o real
na minha composição sentimental...
...ou industrial?

Confidências amarelas
azuis como sequelas
um lance cítrico
com ácido lático.

Queres os meus aromatizantes
ou preferes os antioxidantes?
Cisma de lecitina
derretida na terrina.

Sinto muito
demoraste demais 
no pote não encontrarás mais
nem os vestígios dos meus olhos vegetais.

Mas volto à velha confissão
que sempre arranco de mim com emoção:

derretida por ti como uma mulher margarina
e isso não me anima!


AROMATIZANTE PLASMÁTICO
       Ademac Gommes  

Densa e Plasmática
passeia sobre o desejado,
deslizando o aromatizante sintético
nas curvas da imaginação.

Idêntico ao natural
faz brilhar o sonho encantador,
contém cor, cheiro e sabor
em uma inspiração sem igual.


MARGARINA SEM CORAÇÃO
         Marcondes Torres Calazans

Teu nome te eleva ao mais alto pedestal
onde poderia haver perfeição
se o teu sabor não fosse artificial
ó Pimor, margarina sem coração.

Primor, sinônimo de excesso a apuro
embora com o sódio que te conserva jovem
para estimular o prazer deveras então.

Brio, delicadeza
esmero garbo da perfeição sublime.
Desprimor pois não és natural
pelo teu elevado grau de gordura
aromatizante sintético idêntico ao natural
que te faz artificial.

O teu rosto na tampa a imagem que encanta
uma torrada de pão em fatia

Uma xícara de café ao leite.
Que apura a imaginação.
Pois então...

Gordura saturada
gordura trans
sódio, o sal que machuca
a vitamina “a” que compensa
por isso, não fazes bem ao coração.



SENTIMENTO SEM SAL
        Suzane Ferreira - 2° Período de Letras

De que adianta teres beleza hipnotizante
olhar fascinante
sorriso revigorante
se teu amor não contém aromatizante?

De que adianta se em teu corpo sintético
não há pulsar frenético
valor energético
só humor patético?

Em tua alma vaidosa
não há cor cremosa
nem a inquietude desastrosa
de uma águia maliciosa.

Teu rosto angelical
idêntico ao natural
transformou esse amor carnal
em sentimento sem sal.



DECEPÇÃO AROMATIZANTE
       Edson Marques - 2º Período de Letras

Por certo
se sente a decepção aromatizante
o cheiro putrificado das uvas frustrações.
Por certo se sente o gosto das podres maçãs da vida
que assadas pelas margarinas

que fritam e queimam por dentro
o que não consegue se dizer com palavras
mas sentir pela boca o sabor da derrota
o sabor do fracasso e
principalmente
o sabor inesperado dos cocos azedos
que a vida reserva.
Bem como as desilusões e os desenganos
que são provados como óleo velho
e ainda saber que o mais frustrante dos fatos
era não obter a essência do malbec esperado
e o quanto os azeites da vida
nos fazem degustar ainda os erros cometidos
que já não podem ser consertados
o sabor inesperado dos cocos azedos
que a vida tem reservado.



AMOR SINTÉTICO
       Fábio Nazaro - 1° Período de Letras

Atraído por um amor sintético
que com seu aromatizante de desejo
envolveu meu coração
dilapidou minha paixão
com essa essência fugaz
conduziu-me a um precipício de melancolia
ocultando o encanto da alegria
que em meu peito
aos poucos sucumbia.    


     

                                             AGORA SÓ FALTA VOCÊ

                                                                 Mande o seu!


10 comentários:

  1. Sentimento Sem Sal

    Suzane Ferreira - 2° Período de Letras

    De que adianta teres: Beleza hipnotizante,
    Olhar fascinante,
    Sorriso revigorante,
    Se teu amor não contém aromatizante?

    De que adianta se em teu corpo sintético
    Não há pulsar frenético,
    Valor energético,
    E humor patético?

    Em tua alma vaidosa
    Não há cor cremosa,
    Nem a inquietude desastrosa,
    De uma águia maliciosa

    Teu rosto angelical,
    Idêntico ao natural
    Transformou esse amor carnal
    Em sentimento sem sal.


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  2. Edson Marques 2 Período Letras6 de março de 2015 às 01:32

    Haicai

    Amores Sintéticos

    E é por perto
    Que todo sintetico
    não ama certo

    Sapato Natural

    Não só esfria
    mas também cansa até o
    dia que não anda

    Preguica Identica

    Eu me olho e
    cansado de se cansar
    por tanto sonhar

    Tristeza Armatizante

    Eu não consigo
    Inspirar os morangos
    que me traí tanto

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    1. Edson Marques - 2 Periodo Letras6 de março de 2015 às 13:58

      Aqui trago mais um lixo poetico

      Grito Inconsciente

      O subconsciente
      Ainda sente
      O que alma nao fala

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  3. Adalberto Silva 1° período

    ÍNDIO SINTÉTICO

    Cadê?
    Cadê o que?
    Cadê você de cabelos lisos,
    Nas minhas matas?
    Estás lá?
    Não vejo-te mais.
    Eles vieram e te levaram,
    Tiraram tua identidade.
    Só nos resta Tainá
    Sintética.

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  4. Marilândia Silva Brasileiro- 1° Período de Letras6 de março de 2015 às 16:39

    Bem, na terça-feira (03/03/15) o professor Admmauro pediu para os alunos que estavam em seu minicurso fazerem um haicai, aí está o qual eu tinha feito na aula:

    Na vida gente
    Há muitas controversas
    Em nosso inconsciente.

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  5. MULHER MARGARINA
    (Sylvia Beltrão)

    Sou citricamente ácida
    mas de sensualidade aromática
    uma mulher margarina
    que derrete na surdina
    e isso não me anima!

    Sintética
    idêntica
    ou natural?
    Te boto nessa dúvida mortal.

    Corante e acidulante
    artificial e natural
    entre a ficção e o real
    na minha composição sentimental...
    ...ou industrial?

    Confidências amarelas
    azuis como sequelas
    um lance cítrico
    com ácido lático.

    Queres os meus aromatizantes
    ou preferes os antioxidantes?
    Cisma de lecitina
    derretida na terrina.

    Sinto muito
    demoraste demais
    no pote não encontrarás mais
    nem os vestígios dos meus olhos vegetais.

    Mas volto à velha confissão
    que sempre arranco de mim com emoção:
    derretida por ti como uma mulher margarina
    e isso não me anima!

    ResponderExcluir
  6. Haicai contemporâneo

    CORREDOR
    (Sylvia Beltrão)

    No corredor da vida
    corre dor letal
    corre dor no corredor.

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  7. José Rodrigues filho (Zé Ripe)10 de março de 2015 às 01:46

    MARGARINA

    Odorizante
    sintético igual
    É boa farsante
    Essa cremosa
    A base de vegetal
    Macia sedosa
    E entope-me
    desse mesmo jeito
    Mata a infame
    A indústria
    Busca similar sabor
    Quando o cria
    Falsa manteiga
    Expõe a família
    Rica, meiga
    No bom anúncio
    Todo mundo a comer
    Até Confúcio
    Come com prazer
    Do mais puro herbal
    Quase sem saber
    Enfarta, morre
    Desse ser sintético
    Químico porre
    impreguinada
    No corpo e coração
    Plastificada

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  8. Margarina

    Ela pode não ser manteiga
    Meiga,
    Magra,
    Mágica
    É a margarina sua substituta
    Que em minha mesa disputa
    Uma pincelada no pão
    Para uma dia de luta

    Não importa se poli
    Mono,
    Trans,
    Em minha mesa, ela faz
    Gostosas as manhãs.

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  9. MARGARINA MATINA

    Kenedy Wellington Moreira e Silva



    Na aurora me desperto, com um aroma inigualável.
    Um alimento de sustança tentadora, chamada margarina.
    Cremosa, consistente de um cheiro agradável.
    Chegando á mesa matinalmente deliciosa e divina
    Palavra forte de personagem delicada e feminina.

    Absoluta e convincente atraia-me até a mesa
    Um primor comestível, como toda moça menina.
    Amarelada, assim deleitava-me na sua delicadeza.
    Sentado á mesa, dialogava sua finura e sua excelência.
    Personalizada e inconfundível assim é sua essência

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