A essência, o ponto de vista, o criador, gnóstico, inspirado, fingidor, iluminado...
Este debate contou com a participação de
ADMMAURO GOMMES, ALBANIELLY
SOARES, ALEXANDRE FLOREZ, CONSTANTINO GOMES FERREIRA NETO, FARLLA
CAROLINE, GABRIELA RAIANNE, JAILTON FERREIRA, MARCONDES CALAZANS, RICARDO
GUERRA, ROBERTO DE QUEIROZ, SYLVIA BELTRÃO, VINICIUS DE MORAES, VITAL CORRÊA DE
ARAÚJO E FREUD
OS POETAS CONHECEM O CÉU E A TERRA
“Os poetas (...) são aliados preciosos, e o seu testemunho merece a mais alta consideração, porque eles conhecem, entre o céu e a terra, muitas coisas que a nossa sabedoria escolar nem sequer sonha ainda. São, no conhecimento da alma, nossos mestres, que somos homens vulgares, pois bebem de fontes que não se tornaram ainda acessíveis à ciência.”
FREUD, Sigmund. Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen (1907 [1906]). IN: Obras completas, v.9. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
Poeta Juareiz Correya e Tércio Gommes, na FAMASUL
O POETA ESTENDE A MÃO
(Admmauro
Gommes)
Para Juareiz Correya
Como quem conhece o destino
o poeta que viveu eras e era
e sempre será bússola e porto
estende a mão a um menino.
Vai pelas madrugadas que
caminhei
lentamente enquanto os pássaros
se esqueciam de amanhecer.
Vai, porque nas veredas mais
frias
deixei meu coração em chamas.
Vai, aprende minha vida-lição
porque um dia também
precisarás estender tua mão.
Poeta Amigo Admmauro Gommes:
Este momento, flagrando poetizado e divulgado por
você, no blog PROFESSOR DE LITERATURA é um dos mais felizes que pude
vivenciar, no lançamento do AMERICANTO AMAR AMÉRICA E OUTROS POEMAS DO
SÉCULO 20, promovido na FAMASUL.
Há uns
quatro anos eu não voltava a Palmares... e essa atividade do Departamento
de Letras que você e João Constantino animam me surpreendeu
positivamente e muito me agradou mesmo! E aí aparece o seu filho Tércio! (depois
conto umas histórias que essa imagem reavivou na minha memória...)
Viva você e a sua Poesia! Muito agradecido
pelo poema que você me dedicou e que ainda divulgarei mais
abertamente na Internet .
Fraterno abraço panamericano.
Juareiz Correya - Panamérica
Nordestal Editora/Panamérica Livraria
O POETA É...
UM FUNDADOR DE MUNDOS - Admmauro Gommes
O poeta é um fundador de mundos
e está sempre dando respostas, como se alguém lhe pedisse explicação dos fatos
da vida. Ele descreve o interior das coisas. Não como realmente são, mas como
deviam ser. Por isso, o inventor não leva muito em conta os acontecimentos
reais. Prefere criar sua própria versão, fazendo do feio bonito, do triste
contente e do maldito, bendito.
Ele faz como quer. É por esse
motivo que Manoel de Barros, um poeta do Mato Grosso, compreende que se pode
tirar poesia até do esgoto. Se o poeta quiser, pode. Veja o exemplo de Augusto
dos Anjos: Toma um fósforo. Acende teu cigarro!/ O beijo, amigo, é a véspera do
escarro (ANJOS, 1971:146). Que coisa triste, colocar escarro na poesia! Mas é
assim mesmo. O que se depreende desses versos não é o sentido frio do
dicionário da palavra escarro, mas a grande verdade da vida e que existem
pessoas que beijam outras com um beijo traiçoeiro, como Judas, que beijou
Cristo para, em seguida, entregá-lo à prisão. Há bajuladores que depois de
abraçar os amigos dão-lhe uma punhalada nas costas. Para retratar essa
realidade, o poeta diz que o beijo (a parte boa) antecede a parte má (o
escarro). Ninguém perguntou, mas ele responde. É assim o mundo visto pela ótica
pessimista de quem escreve, embora seja bem mais conhecido dizer que o poeta só
fala de amor. O certo é que a tradição não liga muito a ideia de esgoto à
poesia. (GOMMES, Admmauro. Intradução
poética)
O ENIGMA DO OLHAR DO POETA - Roberto de Queiroz
O ENIGMA DO OLHAR DO POETA - Roberto de Queiroz
Roberto de Queiroz |
Prezado Admmauro Gommes, são lúcidos seus
comentários sobre os textos de Manoel de Barros e Augusto dos Anjos. É
perfeitamente possível tirar poesia do esgoto. Também é perfeitamente possível
a proximidade entre beijo e escarro. Não no sentido literal (denotativo), mas
no sentido literário (conotativo) da palavra. O beijo de Judas e os bajuladores
citados em seu texto ilustram muito bem sua linha de raciocínio. Afinal, “[...]
o que realmente caracteriza a poesia é o fingimento. Observemos, por exemplo, a
primeira estrofe do poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa: “O poeta é um
fingidor./ Finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que
deveras sente.” Esses dois últimos versos revelam claramente que o poeta não
anula a existência de uma dor real, mas a dor fingida, a dor que figura no
poema, assume uma característica própria e atua com mais intensidade que a dor
real.” (QUEIROZ, Roberto de. O poeta e a poesia. In: ____. O enigma do olhar.
Olinda: Livro Rápido, 2012, p. 15-16).
Certos autores definem a poesia como ficção: “Poeta, escreveu Jonson, grande dramaturgo inglês, contemporâneo de Shakespeare e um dos homens mais cultos do seu tempo, é, não aquele que escreve com métrica, mas o que finge e forma uma fábula, pois fabula e ficção são, por assim dizer, a forma e a alma de toda obra poética ou poema.” Já o poeta francês Paul Valéry fez esta definição que se deleita em um belíssimo poema: “Poesia é a tentativa de representar ou de restituir por meio da linguagem articulada aquelas coisas ou aquela coisa que os gestos, as lágrimas, as carícias, os beijos, os suspiros procuram obscuramente exprimir.” “Mas é evidente que a poesia pode nascer também em pleno foco da consciência, e portanto atuar de maneira claramente apreensível. [...] Afinal em poesia tudo é relativo: a poesia não existe em si: será uma relação entre o mundo interior do poeta, com a sua sensibilidade, a sua cultura, as suas vivências, e o mundo interior daquele que o lê” (Manuel Bandeira). (QUEIROZ, Roberto de. In: ____. Meus versos livres e soltos. Recife: Editora do Autor, 1997 [prefácio]).
Certos autores definem a poesia como ficção: “Poeta, escreveu Jonson, grande dramaturgo inglês, contemporâneo de Shakespeare e um dos homens mais cultos do seu tempo, é, não aquele que escreve com métrica, mas o que finge e forma uma fábula, pois fabula e ficção são, por assim dizer, a forma e a alma de toda obra poética ou poema.” Já o poeta francês Paul Valéry fez esta definição que se deleita em um belíssimo poema: “Poesia é a tentativa de representar ou de restituir por meio da linguagem articulada aquelas coisas ou aquela coisa que os gestos, as lágrimas, as carícias, os beijos, os suspiros procuram obscuramente exprimir.” “Mas é evidente que a poesia pode nascer também em pleno foco da consciência, e portanto atuar de maneira claramente apreensível. [...] Afinal em poesia tudo é relativo: a poesia não existe em si: será uma relação entre o mundo interior do poeta, com a sua sensibilidade, a sua cultura, as suas vivências, e o mundo interior daquele que o lê” (Manuel Bandeira). (QUEIROZ, Roberto de. In: ____. Meus versos livres e soltos. Recife: Editora do Autor, 1997 [prefácio]).
SER OU NÃO SER POETA - Vital Corrêa de Araújo
VCA |
Proverbial
a colocação exata do eminente poeta inglês W.H. Auden acerca do trabalho
poético e do amor pelo verbo. “Por que você quer escrever poesia? Se a tal
questão, jovem poeta, já a braços com fadiga poética, mas entusiasmado com esse
novo jogo da vida, responder de chofre: porque tenho importantes coisas a dizer,
não é poeta”, fuzila Auden certeiro e exato. Caso responda: porque gosto de
curtir as palavras, ouvir o que elas têm a me dizer ou delas algo vou extrair,
não sei (ainda) bem o quê; porque gosto de amassar e modelar o verbo como ao
barro o oleiro ou ao mármor dar forma ou deformar o escultor. “Então, talvez se
torne poeta, conclui Auden”. Então, arguo (Vital), você é poeta?
POETA: SER GNÓSTICO - Riccardo Guerra
Riccardo Guerra |
Cuidado, muito cuidado, o "Ser Poeta" é
um "Ser Gnóstico" (raríssimo, atualmente), mesmo que nem ele saiba
disso, independe do seu credo. O Poeta é um místico que transita livremente
entre as sete dimensões e enxerga o mundo com outro olhar. O seu olhar, aquele
que ninguém o tem, apenas ele: O POETA.
A IMORTALIDADE DO POETA - Marcondes Calazans
Marcondes Calazans |
O
poeta é alguém que pensa. A ideia de poesia é ausente quando ele se encontra de
lápis na mão e papel sobre a mesa. Ele (o poeta) escreve o que pensa sobre tudo.
Na maioria das vezes, sobre dilemas e agruras existenciais. Poesia e poética
são a ética do poeta por vezes na absoluta certeza de que sua dialética é a
felicidade e a tristeza, é nutrir-se para quem sabe sorrir ou ficar triste.
Os
ingredientes do poeta para compor seus poemas oscilam entre os termos saudade,
ausência e solidão. O poeta é o alquimista do poema, às vezes sem rima, sem
vírgula, sem interrogação ou exclamação. Ele escreve e independe da razão.
Expõe apenas o que se encontra em sua essência, que é o imaterial a conduzi-lo à
imortalidade. O poeta não morre jamais! O poeta fala do coração, do que será...
Da mulher que passa, como Vinicius de Moraes:
“Meu Deus,
eu quero a mulher que passa.
Seu dorso
frio é um campo de lírios
Tem sete
cores nos seus cabelos
Sete
esperanças na boca fresca!”
Ou da
mulher que fica: “Fica comigo esta noite/E não te arrependerás.” (Adelino
Moreira e Nelson Gonçalves). Do amigo que se embriaga por causa dessa mesma
mulher. Do amigo que, apenas chora sem uma razão de ser. De quem partiu
simplesmente (Admmauro Gommes/
Pelos
sete mares):
“As pessoas que
partem
parecem que partem
alguma coisa dentro de nós .”
O
poeta é o único ser cercado de ingredientes suficientes para apenas em algumas
linhas transformar uma palavra em verso, bem como uma pedra em poesia (“Tinha
um apedra no meio do caminho – CDA).
O
poeta é, simplesmente. Com a poesia, ele tenta tornar possível a transmutação
da vida material para o imaterial e, por fim, para a imortalidade (“Cansado de
ser moderno/agora serei eterno” - Drummond), que é capaz de prolongar a vida
indefinidamente.
O
que mais poderia dizer?
PROCURA-SE UM
POETA!
Um poeta não
são todos os poetas, essência de iluminados que por virtude ou dom, carrega o
cerne transcendental das profundezas da eternidade, de um estado de espírito
sem limites entre o mundo que vive e adota e o espaço infinito que cria, recria
e inventa.
Se fosse falar do poeta viria
em minhas lembranças uma infinidade de nomes, de títulos, de personagens, do
mais inusitado na forma de poetizar ao mais previsível na maneira de escrever versos.
Um poeta é essencialmente
e igualmente um ser na subjetividade existencial, quando em seus pensamentos se
misturam as rimas, os ritmos e os encontros vocálicos e consonantais dos seus
versos, na junção de uma vogal, de duas vogais, de uma semivogal mais vogal,
mais semivogal de onde simplesmente se origina a sílaba.
Um poeta é
um só ser, embora com várias vertentes em permanente movimento, do agnóstico ao
crente, do sonhador ao pragmático, do absoluto ao finito, do restrito ao
limitado, do relativo e parcial ao imperfeito, misturado e impuro.
O poeta se
encontra fácil, basta se deparar diante de alguém que escreva ou rabisque
algumas linhas e defina o que escreveu de poesia, mas Um Poeta não se encontra em qualquer lugar, por
ser um ser indivisível na particularidade da sua existência e na infinitude de
sua imortalidade.
Procura-se UM
POETA!
O POETA ENXERGA ALÉM DO HORIZONTE - Albanielly Soares (História/FAMASUL)
Albanielly Soares |
O POETA É UM FINGIDOR - Gabriela Raianne/Letras (FAMASUL)
Ser poeta é um fingidor de suas dores, é gritar o que sente
através das palavras descritas em versos ou poemas, traduz o que pensa do mundo
ou das coisas. Poeta, homem tradutor de belas palavras, que invadem os ouvidos
das pessoas que leem de forma silenciosa.
Vinicius de Moraes |
Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três,
talvez, quatro; cinco, talvez nada
Talvez a multiplicação de cinco em cinco mil e cujos restos encheriam doze terras
Quantos, não sei... Só sei que somos muitos - o desespero da dízima infinita
E que somos belos como deuses mas somos trágicos.
(...)
E enquanto o eterno tirava da música vazia a harmonia criadora
E da harmonia criadora a ordem dos seres e da ordem dos seres o amor
E do amor a morte e da morte o tempo e do tempo o sofrimento
E do sofrimento a contemplação e da contemplação a serenidade imperecível
Nós percorríamos como estranhas larvas a forma patética dos astros
A tudo assistindo e tudo ouvindo e tudo guardando eternamente
Talvez a multiplicação de cinco em cinco mil e cujos restos encheriam doze terras
Quantos, não sei... Só sei que somos muitos - o desespero da dízima infinita
E que somos belos como deuses mas somos trágicos.
(...)
E enquanto o eterno tirava da música vazia a harmonia criadora
E da harmonia criadora a ordem dos seres e da ordem dos seres o amor
E do amor a morte e da morte o tempo e do tempo o sofrimento
E do sofrimento a contemplação e da contemplação a serenidade imperecível
Nós percorríamos como estranhas larvas a forma patética dos astros
A tudo assistindo e tudo ouvindo e tudo guardando eternamente
Como, não sei... Éramos a primeira manifestação da
divindade
Éramos o primeiro ovo se fecundando à cálida centelha.
Éramos o primeiro ovo se fecundando à cálida centelha.
Fragmento do poema O POETA. MORAES, Vinicius de.
Antologia
poética. São Paulo: Cia. das Letras, 1994. pp. 32-35.
Difícil a missão de definir o indefinível. Mas, um poeta é um
ser que pensa, que reflete, que inventa, que sabe... e mistura tudo com uma
maestria que o eleva ao estado da arte. Que cria, que recria, que atinge os
mais altos planos do dizível e do indizível. Nesse último caso, o faz com
palavras; e isso o que lhe torna POETA.
NINGUÉM NASCE POETA – Admmauro Gommes
NINGUÉM NASCE POETA – Admmauro Gommes
Ninguém nasce poeta. Aos poucos é que o desencanto ou o
reencanto da vida apresenta-se sob outra face do entendimento e vai-se compondo
o novo mundo do ser que vê os fatos com o olho torto
(como diria Manoel de Barros). A percepção aguçada (e incômoda)
sobre o corriqueiro, o comum, é que torna o objeto poético interessante seja
por sua novidade, estranheza ou elevada carga metafórica, quando em sua forma
definitiva no poema. Há, ainda, que comentar a condição de que a arte poética
se voltará para o interior do poema ou denunciará o exterior? Como eu disse em
outro momento, “Agudas sensações são indizíveis. Dores crônicas, alegrias
demasiadas e angústias vitais são amorfas. E por não se traduzir o sentimento
profundo, não se admite que o ego atravesse tamanho lamaçal, assim como não se aceita
que a poesia absoluta não seja retrato das coisas, mas a “coisa” em si.” Se o
elemento poético tiver um olhar mais para fora do texto, que para dentro, será
confundido com uma escritura qualquer, jornalística, biográfica, histórica,
afastando-se assim da literariedade, condição que revela a força da poesia e do
poeta.
É UMA AMEAÇA - Sylvia Beltrão
É UMA AMEAÇA - Sylvia Beltrão
Ser poeta é conseguir pegar o sol com as mãos nuas e colocá-lo em um pedaço de papel, ao ponto de cegar os olhos do leitor com seus raios metafóricos, ou abrilhantar de emoção um coração sofrido. É tirar de dentro de si aquilo que grita e ninguém consegue escutar, e este grito passa a se chamar verso.
Nas estrelinhas, o poeta consegue sussurrar seus mais íntimos segredos, e a elas prometem ao leitor: “Te provocarei a cada instante!”. É ainda se desligar do mundo, esquecendo que se tem amigos e confiar apenas em um pedaço de papel, como bem disse Machado de Assis: “Tenho a alma feita em maneira que dou apreço ao mínimo, uma vez que seja sincero. Não diria isto a ninguém cara a cara, mas a ti, papel, a ti que me recebes com paciência, e algumas vezes com satisfação, a ti, amigo velho, a ti digo e direi, ainda que me custe, e não me custa nada”.
Realmente, não custa, basta ser absoluto e dizer sem dizer. Ser poeta é inventar néstogas, e fazer com que esta palavra inaudita, contagie a todos e passe a ser adotada pelo nosso vocabulário diário (e entenda quem puder!). É estar entre o real e o imaginário e muitas vezes fazer com que se pense que o imaginário é real. É uma constante confusão de ideias, ids descompassados, superegos enlouquecidos, loucuras cometidas sem parar para pensar nem por um milésimo de segundo nas consequências sofridas. É ser Vital (com trocadilhos!). Tudo isso são sintomas da doença crônica do poeta. Ser poeta é uma ameaça... apaixonante!
ACUJELÊ BANZAI! - Alexandre Florez (Cachoeira do Sul/RS)
Alexandre Florez |
O poeta, ah o
poeta. Mário de Andrade dizia que o poeta "come amendoim!" Certamente
o amendoim do poeta lhe confere poderes a lá Super Pateta, e, infelizmente,
poderes com prazo de validade (tempo/circunstância) pré determinado... Ferreira
Gullar afirma ironicamente que: "O preço do feijão não cabe no
poema". O fingidor mor da língua Pátria Fernando Pessoa se auto descreve
definindo a temporalidade geográfica de si no singelo poema Eu Sou do Tamanho
do que Vejo, pela voz de seu alter ego Alberto Caieiro: "sou do tamanho do
que vejo/e não, do tamanho da minha altura". O poeta, ah o poeta. Manuel
Bandeira enseja: "Acujelê Banzai!" Seja o que for, ou como for
expressa não o caráter mítico dionisíaco sei lá mais que do cerne do poeta
& do poema. Mas é bonito pra danar! Poetas, fingidores, autores,
autodidatas & outras palavrices... Ah ppoeta eu tenho certeza de que não
conheces as respostas. Apenas perguntas. Amontoados de perguntas. Vale a
Pena??? Fico com Fernando Pessoa: Tudo vale a pena se alma não é pequena!
O MUNDO SERIA BEM MAIS
VULNERÁVEL E TRISTE SEM ELES - João Constantino Gomes Ferreira Neto
João Constantino |
Talvez
um arquiteto das palavras; um artesão (Melhor, um ourives...). Sua ferramenta pode
ser o lápis; a caneta; o grafite; o giz; o carvão ou será o coração? Não
importa. O poeta é mais que isso (bem mais). Mais até do que este “mais”.
Ser
poeta é ser um, dois, três....mil. É procurar entender e não ser entendido;
convencer, sem estar convencido...provocar, e aceitar provocações. A propósito
disto, mais uma vez, vimo-nos impelidos pelo nosso amigo e poeta (poeta, dos
bons!), Admmauro Gommes, a tergiversar sobre o tema “O que é um poeta?” Sem
dúvida, uma provocação que suscita uma série de divagações.
Segundo
a professora Madalena Oliveira, “O poeta é aquele que pensa com a alma e a
deixa falar”. Não sei, não...(e os concretistas?)
Poeta
é um ser diferenciado, travestido de homem (ou de mulher) que, antecipando-se
às reações mais diversas, invoca e provoca pessoas e instituições. São
indivíduos que se surpreendem e nos surpreendem, com suas palavras,
direcionadas ou não; ordenadas ou não, objetivamente ou não.
E são
esses construtores de sonhos (às vezes, medonhos...) que nos permeiam o
imaginário; que nos levam, e se deixam levar, pelas propostas e temas, por
eles, os poetas, criados.
Seja
ou não um fingidor, cheio de vontades, livre... o poeta rompe com as convenções
e também nos liberta, porque consegue dizer, de maneira harmoniosa e melodiosa
(ou não) aquilo que sentimos, mas não conseguimos externar, ou seja, o poeta
nos desnuda e nos traduz. E, com isso, muda nossa forma de pensar, de agir, de
falar...
Seriam
eles, os poetas, serem iluminados, que irradiam uma energia que se espalha e
atinge corações e mentes, fazendo-nos refletir nossa própria condição
incondicional de seres propensos e vulneráveis às suas manipulações e
maniqueísmos? Pois é.
E
o que dizer dos intraduzíveis?
Esses
sujeitos maravilhosos, os quais, com a sensibilidade mais (e melhor) aguçada,
registram e refletem, em forma de poesia, o universo caótico que nos circunda.
O que são esses homens (e essas mulheres?)
Artífices
das nossas mais diversas quimeras, os poetas criam e evocam temas que emocionam,
e que se encaixam (ou não) dentro de nós, causando-nos atração ou repulsa,
através de seus versos diversos, que dão vida aos textos, e criam pretextos
para, assim, justificar (ou não) suas emoções e suas reações diante de um
mundo, cada vez mais complexo, reflexo da intraduzibilidade e da
insensibilidade de algumas de suas camadas mais significantes.
As
efusões emotivas da poesia do nosso tempo tentam reverter a opacidade e tristeza
dos corações e mentes, sendo eles, os poetas encarregados de reverter (ou não)
essas circunstâncias inusitadas, que se espalham pelo imaginário do dia a dia.
O
mundo seria bem mais vulnerável, triste, e sem perspectiva, sem esses
paladinos, defensores dos sentimentos, dos egos e abnegos que se instalaram em
nós e que, muitas vezes, não nos deixam alternativas, senão sonhar como eles
e/ou através deles, esses seres abençoados (ou amaldiçoados) que nos encantam,
ao se encantarem com tudo o que transformam (e só eles) em poesia.
FINGE QUE ESTÁ FINGINDO - Farlla Caroline
Farlla Caroline |
O
que é um poeta? Descrevê-lo não é uma tarefa tão fácil. Isto porque ele é um
fingidor, ou seja, finge que está contente, finge que está triste, finge que
está fingindo e finge até que não é capaz de fingir. Ele brinca com as
palavras, a ponto de descrever o que para as pessoas comuns é indescritível.
Sua missão é criar novos mistérios, encantar as pessoas a ponto de fazê-las
acreditarem em um mundo utópico, cheio de fantasias.
Como
disse Florbela Espanca em um de seus poemas: “Ser poeta é ser mais alto, é ser
maior./Do que os homens!”. Cada poeta é único e possui a necessidade de
transformar coisas simples e corriqueiras em poesia. Melhor dizendo, o
verdadeiro poeta enxerga poesia em tudo a sua volta, até mesmo em uma pedra,
como Drummond: “No meio do caminho tinha uma pedra./Tinha uma pedra no meio do
caminho.”
Na
verdade, poeta é todo aquele que se sente capaz de se “desligar” da realidade e
de criar seu próprio universo, com a finalidade de desvendar o infinito por
meio dos mais belos poemas.
MUITO GRATO PELA PARTICIPAÇÃO DE TODOS
Prezado Admmauro Gommes, são lúcidos seus comentários sobre os textos de Manoel de Barros e Augusto dos Anjos. É perfeitamente possível tirar poesia do esgoto. Também é perfeitamente possível a proximidade entre beijo e escarro. Não no sentido literal (denotativo), mas no sentido literário (conotativo) da palavra. O beijo de Judas e os bajuladores citados em seu texto ilustram muito bem sua linha de raciocínio. Afinal, “[...] o que realmente caracteriza a poesia é o fingimento. Observemos, por exemplo, a primeira estrofe do poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor./ Finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente.” Esses dois últimos versos revelam claramente que o poeta não anula a existência de uma dor real, mas a dor fingida, a dor que figura no poema, assume uma característica própria e atua com mais intensidade que a dor real.” (QUEIROZ, Roberto de. O poeta e a poesia. In: ____. O enigma do olhar. Olinda: Livro Rápido, 2012, p. 15-16)
ResponderExcluirCuidado, muito cuidado, o "Ser Poeta" é um "Ser Gnóstico" (raríssimo, atualmente), mesmo que nem ele saiba disso, independe do seu credo. O Poeta é um místico que transita livremente entre as sete dimensões e enxerga o mundo com outro olhar. O seu olhar, aquele que ninguém o tem, apenas ele: O POETA. Riccardo Guerra.
ResponderExcluirPor si só, a palavra poeta já traz uma ideia de algo precioso, de beleza e arte. Nada tão simples, mas também nada tão complexo, pois na verdade a poesia está dentro de cada um, a única diferença está em saber deixar esta criação fluir naturalmente da alma. E como são poucas as pessoas que conseguem fazer isso, os que conseguem, são raros poetas.
ResponderExcluirJosé de Alencar, diz que: "O cidadão é o poeta do direito e da justiça; o poeta é o cidadão do belo e da arte". Vemos que como cidadãos os indivíduos INVENTAM, CRIAM suas leis, regras de convivência e buscam seus direitos. O poeta é alguém que possui características plenas de um ser que ENCANTA e SEDUZ através de suas invenções, de seu vocabulário intenso e de uma fantástica maneira de a partir destas expor suas opiniões, seus sentimentos ou tratar da realidade de forma crítica e super ousada. Sua alma é livre para sentir, falar, escrever, criar.
E por isso ele enxerga além do horizonte, faz do belo, feio e do feio, belo.
Certos autores definem a poesia como ficção: “Poeta, escreveu Jonson, grande dramaturgo inglês, contemporâneo de Shakespeare e um dos homens mais cultos do seu tempo, é, não aquele que escreve com métrica, mas o que finge e forma uma fábula, pois fabula e ficção são, por assim dizer, a forma e a alma de toda obra poética ou poema.” Já o poeta francês Paul Valéry fez esta definição que se deleita em um belíssimo poema: “Poesia é a tentativa de representar ou de restituir por meio da linguagem articulada aquelas coisas ou aquela coisa que os gestos, as lágrimas, as carícias, os beijos, os suspiros procuram obscuramente exprimir.” “Mas é evidente que a poesia pode nascer também em pleno foco da consciência, e portanto atuar de maneira claramente apreensível. [...] Afinal em poesia tudo é relativo: a poesia não existe em si: será uma relação entre o mundo interior do poeta, com a sua sensibilidade, a sua cultura, as suas vivências, e o mundo interior daquele que o lê” (Manuel Bandeira). (QUEIROZ, Roberto de. In: ____. Meus versos livres e soltos. Recife: Editora do Autor, 1997 [prefácio]).
ResponderExcluirSer poeta é um fingidor de suas dores, é gritar o que senti através das palavras descritas em versos ou poemas, traduz o que pensa do mundo ou das coisas. Poeta homem tradutor de belas palavras, que invadir os ouvidos das pessoas que leem de forma silenciosa.
ResponderExcluirDifícil a missão de definir o indefinível. Mas, um poeta é um ser que pensa, que reflete, que inventa, que sabe... e mistura tudo com uma maestria que o eleva ao estado da arte. Que cria, que recria, que atinge os mais altos planos do dizível e do indizível. Nesse ultimo caso, o faz com palavras; e isso o que lhe torna POETA.
ResponderExcluirÉ o DEUS da arte
ResponderExcluiro poeta é um ser eternamente encantado. Ele consegue viver de forma concreta a essência poética. o poeta é único. É o DEUS da arte. Pois, tem o poder de criar e recriar o mundo que quiser.
Ser poeta é conseguir pegar o sol com as mãos nuas e colocá-lo em um pedaço de papel, ao ponto de cegar os olhos do leitor com seus raios metafóricos, ou abrilhantar de emoção um coração sofrido. É tirar de dentro de si aquilo que grita e ninguém consegue escutar, e este grito passa a se chamar verso. Nas estrelinhas, o poeta consegue sussurrar seus mais íntimos segredos, e as elas prometem ao leitor: “Te provocarei a cada instante!”. É ainda se desligar do mundo, esquecendo que se tem amigos e confiar apenas em um pedaço de papel, como bem disse Machado de Assis: “Tenho a alma feita em maneira que dou apreço ao mínimo, uma vez que seja sincero. Não diria isto a ninguém cara a cara, mas a ti, papel, a ti que me recebes com paciência, e algumas vezes com satisfação, a ti, amigo velho, a ti digo e direi, ainda que me custe, e não me custa nada”. Realmente não custa, basta ser absoluto e dizer sem dizer. Ser poeta é inventar néstogas, e fazer com que esta palavra inaudita, contagie a todos e passe a ser adotada pelo nosso vocabulário diário (e entenda quem puder!). É estar entre o real e o imaginário e muitas vezes fazer com que se pense que o imaginário é real. É uma constante confusão de ideias, ids descompassados, superegos enlouquecidos, loucuras cometidas sem parar para pensar nem por um milésimo de segundo nas consequências sofridas. É ser Vital (com trocadilhos!). Tudo isso são sintomas da doença crônica do poeta. Ser poeta é uma ameaça... apaixonante!
ResponderExcluirO poeta, ah o poeta. Mário de Andrade dizia que o poeta "come amendoim!" Certamente o amendoim do poeta lhe confere poderes a lá Super Pateta, e, infelizmente, poderes com prazo de validade (tempo/circunstância) pré determinado... Ferreira Gullar afirma ironicamente que: "O preço do feijão não cabe no poema". O fingidor mor da língua Pátria Fernando Pessoa se auto descreve definindo a temporalidade geográfica de si no singelo poema Eu Sou do Tamanho do que Vejo, pela voz de seu alter ego Alberto Caieiro: "sou do tamanho do que vejo/e não, do tamanho da minha altura". O poeta, ah o poeta. Manuel Bandeira enseja: "Acujelê Banzai!" Seja o que for, ou como for expressa não o caráter mítico dionisíaco sei lá mais que do cerne do poeta & do poema. Mas é bonito pra danar! Poetas, fingidores, autores, autodidatas & outras palavrices... Ah ppoeta eu tenho certeza de que não conheces as respostas. Apenas perguntas. Amontoados de perguntas. Vale a Pena??? Fico com Fernando Pessoa: Tudo vale a pena se alma não é pequena!
ResponderExcluirSER POETA? É SER VIVO, ÀS VEZES, MESMO ESTANDO MORTO!!!
ResponderExcluirO poeta é um ser que (pensa que) é poeta.
ResponderExcluir