23 de outubro de 2014

POEMAS SINTÉTICOS

Escrevi em um fim de semana (21.10.13) dois poemas sintéticos. O primeiro, a pedido do professor Jailton Ferreira de Oliveira (FAMASUL e Sirinhaém). Ele sugeriu um texto com apenas uma palavra que se repetisse, mudando apenas o sentido; o outro, indicado por Vital Corrêa de Araujo, é uma condensação de uma vida, em um único verso (monóstico).  – Admmauro Gommes




AMARA

Amara!... Amara!...
Amara amara amará?
Amara amara.
Amara?
Amara.


VIVA!

Você está vivo!


Aí, Sylvia disse:


Eu leio “Amara” e não me conformo com esta definição: “poema sintético”. Ora, sintético corresponde a algo resumido. Tudo bem que se pararmos para observar apenas a estrutura do poema, realmente ele não foge da definição de sintético. Mas e outro lado da moeda? Quando falo que não me conformo, na verdade estou me referindo à interpretação do poema. Não existe absolutamente nada de sintético na interpretação de Amara, ela é muito ampla. 

O poeta Admmauro Gommes, como sempre, foi muito engenhoso na sua criação poética. Utilizando apenas uma palavra ele conseguiu o feito de intitular, criar e dar sentido ao poema (este último é o que julgo que há de mais complexo). Como a excelência é parceira dele sempre, o poema de apenas uma palavra, contraditoriamente, não tem apenas um significado. Eu encontrei três interpretações para “Amara” e não duvido que alguém que tenha uma imaginação mais fértil que a minha, seja capaz de encontrar um número maior de sentidos nesse poema tão bem escrito. Falarei sobre a interpretação que mais me fascinou. Para mim, o título corresponde à uma mulher, que se chama obviamente, Amara. 

No primeiro verso, vejo um homem suspirando o nome da mulher amada: “Amara!... Amara!...”. No segundo verso, observo duas perguntas em uma: “Amara amou? Amara vai continuar a amar?”. Dando sequência, vem a confirmação: “Amara amou!”. No quarto verso, uma pontinha de dúvida é colocada: “Amara (a mulher), amou?”, Por fim: “Amara”. “Sintetizando o poema sintético”: Amara amou e sempre amará! Fascinante é ter a plena consciência que toda esta interpretação foi feita tendo como instrumento de estudo, apenas uma palavra. E perturbador é saber como em tão pouco tempo esse desafio foi vencido por Admmauro. 

Observe como ele apresenta o poema: “Escrevi este fim de semana dois poemas sintéticos”. Falou com a tranquilidade de quem sabe o que faz. Isso me impressionou muito, me questionei de imediato: “um final de semana?!”. Sou realista! Se me trancassem em uma sala, me dessem um papel, uma caneta e um desafio desse tamanho, seguido da afirmação: Você só sai dessa sala com um poema sintético, composto por apenas uma palavra e que dê margem à várias interpretações, coitada de mim! Esta sala seria a minha prisão perpétua. 

Tenho sã consciência que uma criação poética de elevadíssimo nível como “Amara” é privilégio para poucos. É por essas e outras que não aceito o título de ex-aluna de Admmauro Gommes nem mesmo na minha lápide, sei que ainda tenho muito para aprender e não posso perder esse meu mestre de vista, afinal: ADMMITO que ADMMIRO ADMMAURO! Com muito orgulho: Parabéns, ilustre poeta!
                                                   Sylvia Beltrão 24 de outubro de 2013 13:49


5 comentários:

  1. Eu leio “Amara” e não me conformo com esta definição: “poema sintético”. Ora, sintético corresponde a algo resumido. Tudo bem que se pararmos para observar apenas a estrutura do poema, realmente ele não foge da definição de sintético. Mas e outro lado da moeda? Quando falo que não me conformo, na verdade estou me referindo à interpretação do poema. Não existe absolutamente nada de sintético na interpretação de Amara, ela é muito ampla. O poeta Admmauro Gommes, como sempre, foi muito engenhoso na sua criação poética. Utilizando apenas uma palavra ele conseguiu o feito de intitular, criar e dar sentido ao poema (este último é o que julgo que há de mais complexo). Como a excelência é parceira dele sempre, o poema de apenas uma palavra, contraditoriamente, não tem apenas um significado. Eu encontrei três interpretações para “Amara” e não duvido que alguém que tenha uma imaginação mais fértil que a minha, seja capaz de encontrar um número maior de sentidos nesse poema tão bem escrito. Falarei sobre a interpretação que mais me fascinou. Para mim, o título corresponde à uma mulher, que se chama obviamente, Amara. No primeiro verso, vejo um homem suspirando o nome da mulher amada: “Amara!... Amara!...”. No segundo verso, observo duas perguntas em uma: “Amara amou? Amara vai continuar a amar?”. Dando sequência, vem a confirmação: “Amara amou!”. No quarto verso, uma pontinha de dúvida é colocada: “Amara (a mulher), amou?”, Por fim: “Amara”. “Sintetizando o poema sintético”: Amara amou e sempre amará! Fascinante é ter a plena consciência que toda esta interpretação foi feita tendo como instrumento de estudo, apenas uma palavra. E perturbador é saber como em tão pouco tempo esse desafio foi vencido por Admmauro. Observe como ele apresenta o poema: “Escrevi este fim de semana dois poemas sintéticos”. Falou com a tranquilidade de quem sabe o que faz. Isso me impressionou muito, me questionei de imediato: “um final de semana?!”. Sou realista! Se me trancassem em uma sala, me dessem um papel, uma caneta e um desafio desse tamanho, seguido da afirmação: Você só sai dessa sala com um poema sintético, composto por apenas uma palavra e que dê margem à várias interpretações, coitada de mim! Esta sala seria a minha prisão perpétua. Tenho sã consciência que uma criação poética de elevadíssimo nível como “Amara” é privilégio para poucos. É por essas e outras que não aceito o título de ex-aluna de Admmauro Gommes nem mesmo na minha lápide, sei que ainda tenho muito para aprender e não posso perder esse meu mestre de vista, afinal: ADMMITO que ADMMIRO ADMMAURO! Com muito orgulho: Parabéns, ilustre poeta!

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  2. Diante da grandeza argumentativa da Sylvia Beltrão acerca do poema AMARA, perdoem-me pelos argumentos que seguem.

    Amara, nome próprio, embora feminino para algumas pessoas se justifica melhor em homem, isso concluí após questionar algumas pessoas se adotariam o mesmo como batismo de uma filha.

    Como poema sintético, substancial, não haveria outro nome que pudesse se enquadrar no obstinado desejo da rapidez dos versos.

    Não sei de onde vem o mito de considerar o nome AMARA feio ou poético. O que seria o feio, o contrário do belo que se fundem com certeza.

    Amara lembra amor, amar. Podemos ampliá-lo ainda mais, associando-o ao próprio mar. Amara amará o mar, ama amara o mar.

    Amara é um nome originário do grego que quer dizer “paraíso”.

    Por isso acredito que Amara, Amara, Amará!

    E por ausência de afinidade com sua locução não levaria uma rebenta fecunda da minha casta para a pia batismal cujo fim fosse a confirmação do nome Amara, poderia recitar o poema.

    Dizer por fim que entre Amara e Poema daria nome a uma filha minha de poema.

    NAMASTÊ!






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    1. Filosofíssimo Calazans:

      Concordo com a sua apreciação, inclusive com a última frase. Eu também não daria nome de Amara a uma filha. Amara é a avó de Poema. Então, eu já tenho as duas. (Sim: Amaro é também o nome de meu pai!)

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  3. Quanta infelicidade da minha parte. Prova que não devo brincar com as palavras, embora tenha deixado por definição que AMARA do grego "paraíso' suscita felicidade, lugar de paz e felicidade. Mestre poeta e amigo, perdoe-me pela infelicidade e pequenez. Minha declaração é a prova cabal que tenho muito ainda que aprender quando se trata em lidar com as palavras e suas gêneses. Duplamente peço perdão. é isso...

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  4. Eu também gostaria de oferecer o meu contributo para a interpretação deste magnífico poema, sim, sintético, embora faço questão de (re) afirmar que tanto a interpretação da Sylvia quanto a do Sr Calazans são fantásticas. Se o poeta Admmauro concordar ficaria feliz em oferecer a minha leitura. Email: guimaraensfilho@yahoo.com

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