9 de agosto de 2014

SALVE, RICARDO GUERRA!

Por Admmauro Gommes




Ricardo Guerra é um dos maiores talentos pernambucanos escondidos no interior do Estado. Mora em Jaqueira, de onde não pretende sair nunca. Nem depois da vivência. Sua lente fotográfica registra tudo que se passa em sua terra: da benzedeira, passando pelo homem da cobra, até um novo-velho linguajar que apelidou de jaqueirês. A feira livre e os bêbados que protagonizam este encontro festivo, assim como a imagem telúrica da lua nascendo por trás da Serra da Burarema... tudo é motivo de orgulho desse historiador e contador de estórias verídicas e inventadas. Para mim, Jaqueira começa com ele, como disse em um poema do ano passado (JAQUEIRA):                  
       
Jaqueira lembra saudade
de um fruto da boa terra,
que lembra casa de amigo,
que lembra Ricardo Guerra.

Danou-se nega do doce
tanta poesia se encerra
na pena deste poeta
do povo Ricardo Guerra.

Pra mim, o nome Jaqueira
da Burarema, a serra
pode assim ser resumido:
Ricardo Antônio Guerra.


Tive a felicidade de escrever algumas linhas sobre o seu livro Danou-se nega do doce que na sua publicação confirmará todo o encanto de uma gente pernambucana, sob o olhar encantado de um de seus mais felizes filhos.

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O JAQUEIRÊS TRAZ UMA PUREZA LÍMPIDA QUE AS ACADEMIAS COM SUA FORMA CULTA JAMAIS ALCANÇARÃO - Marcondes Calazans 


O literato Ricardo Guerra, que carrega infinita bagagem de historiógrafo, e dos melhores, diga-se de passagem, consegue com suas letras nos reportar ao passado e jogar-nos numa palavra que de tão doída torna-se prazerosa quando vamos ao passado. Essa palavra é a saudade. 

Lendo o linguajar jaqueirês, lembro-me de uma frase de Marcos Bagno, quando fala: “A língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser que venham as inundações.”

O escritor Ricardo Guerra é essa inundação como um rio que se renova gerando vida nova nas maneiras e formas diferenciadas de falar, fazendo valer na comunicação o que é mágico, e entender o outro independente de normas clássicas.

O jaqueirês traz uma pureza límpida que as academias com sua forma culta jamais alcançarão. “Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-mundi não é o mundo... Também a gramática não é a língua.” (Bagno)

Parabéns, generoso amigo pela grande contribuição para nossa História e para nossa língua. Maravilhosos textos!

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RICARDO GUERRA: UM AMANTE DE JAQUEIRA - Cida Vilas Boas 


O literato, colunista, historiador, professor, fotógrafo, amante de Jaqueira, plantas, animais, Geep, carnaval, festas juninas, e muito mais que ainda não conheço, tem uma especial atenção em conservar tudo que é de sua terra e região. E o faz com tamanho amor que eu, mesmo de longe, aprecio tudo que diz a respeito de Mata Sul.

Penso que não existe escritor na face desta terra que dê tal valor para aquilo que é seu. Desculpa essa frase, mas acho que Ricardo Guerra já é dono, tomou posse dessa região, de sua gente, seu legado histórico, de seus usos e costumes. É um verdadeiro ícone, nosso querido Guerra que não faz guerra, mas faz histórias.

Indiscutivelmente, Ricardo é um símbolo, um identificador dessa Região rica em poetas, escritores, façanhas heroicas de defensores de sua terra. 

Gostei muito, meu caro amigo, de sua "escrivinhação" intitulado Onomatopeia pela sequência de termos que me retorna a uma infância longínqua, mas mentalmente bem preservada visto que por aqui, desde que me conheço por gente, é recheada de simpáticos e alegres nordestinos.

Estou familiarizada com esse gostoso e sonoro sotaque. Que Deus abençoe a você, Ricardo Guerra. Que lhe conserve essa mente criativa e amorosa e continue a nos presentear com essa presença escrita em versos e em prosa pois que seu jeito de ver "Suas" coisas é, no mínimo, muito peculiar, engenhosa, travessa, farta em detalhes e abençoada.

Espero outras onomatopeias, e outros nhe-nhe-nhes de redes balançando.


Obrigada por seu dom tão bem explorado e que traz aos nossos sentidos uma visão ornamentada desse pedaço de MUNDO.

Dedé, RG, AG e VCA

Agradecimentos
FINALMENTANDO A ESCRIVINHAÇÃO
– Ricardo Guerra
Caros literatos Admmauro Gommes, Marcondes Calazans e Cida Vilas Boas. De antemão, agradeço os elogios generosos de todos vocês a mim dispensados. Ao poeta, professor, literato e amigo Admmauro Gommes devo-lhe dizer, caro Mestre, que realmente eu sou um “humilde escrevinhador” das coisas da minha terra, da minha região, do meu país. Faço isto por acreditar piamente que não existe uma Literatura Universal e muito menos Regional, nunca houve e nunca haverá, por um simples motivo: a Literatura nasce local, se ela se torna regional ou universal não mais está no controle do autor mas de outrem.
É muito prazeroso escrever sobre o que se conhece e, mais ainda, quando se conhece e se viveu o que escreveu, pois entendo e pratico que conhecer as histórias do seu povo é de fundamental importância para o historiador adicto, todavia, sem analisá-las com criticidade é preferível ficar no limbo da ignorância absoluta perante esta história, posto que a verdadeira essência e a ciência da disciplina estão embutidas em sua analogia com os dias atuais. Porque é impossível compreender o presente separando-o das condições criadas pelo passado. Afinal, tive o privilégio de tê-lo como meu professor de Literatura Brasileira.
Ao amigo e sábio historiógrafo e professor Marcondes Calazans, entendo e concordo contigo e com Câmara Cascudo quando este afirma: 
Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar, das Estrelas, dos Morros Silenciosos. Assombrações, Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço”. 
Todavia, não abdicarei nunca de mesclar a língua brasiliana com o meu jaqueirês, tendo em vista ser esta a minha coluna mestra, diria, a viga mestra da cumeeira da casa dos meus pequenos escritos. Com sua peculiar sapiência estás correto, caro amigo, ao citar Bagno “A língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser que venham as inundações.” O jaqueirês é como este rio, vivinho e se bulindo o danado.
A escritora, literata e poetisa Cida Vilas Boas, como toda poetisa, enxerga o mundo através dos olhos de uma criança e com sua percepção inerente apenas aos poetas tem toda razão quando afirma que: “... Ricardo tem uma especial atenção em conservar tudo que é de sua terra e região. E o faz com tamanho amor que eu, mesmo de longe, aprecio tudo que diz a respeito de Mata Sul”. Realmente, escrevo com amor e por amor a minha terra e grande respeito por seus habitantes.
“Finalmentando a escrivinhação,” reitero humildemente os agradecimentos às palavras elogiosas proferidas por vocês a este matuto. Desses que mesmo quando sai de dentro do mato, o mato nunca sai de dentro dele.
Isto só me incentiva em continuar.
Muito obrigado a todos.
Da minha bucólica e aprazível Jaqueira, adentrando o mês do agosto do ano que nos engana.  
  











Um comentário:

  1. AGRADECIMENTOS
    Caros literatos, Admmauro Gommes, Marcondes Calazans e Cida Vilas Boas, de antemão, agradeço os elogios generosos de todos vocês a mim dispensados. Ao poeta, professor, literato e amigo Admmauro Gommes devo-lhe dizer, caro Mestre, que realmente eu sou um “humilde escrevinhador” das coisas da minha terra, da minha região, do meu país. Faço isto por acreditar piamente que não existe uma Literatura Universal e muito menos Regional, nunca houve e nunca haverá, por um simples motivo: a Literatura nasce local, se ela se torna regional ou universal não mais está no controle do autor mais de outrem. É muito prazeroso escrever sobre o que se conhece e, mais ainda, quando se conhece e se viveu o que escreveu, pois entendo e pratico que conhecer as histórias do seu povo é de fundamental importância para o historiador adicto, todavia, sem analisá-las com criticidade é preferível ficar no limbo da ignorância absoluta perante esta história, posto que, a verdadeira essência e a ciência da disciplina estão embutidas em sua analogia com os dias atuais. Porque é impossível compreender o presente separando-o das condições criadas pelo passado. Afinal, tive o privilégio de tê-lo como meu professor de Literatura Brasileira.
    Ao amigo e sábio historiógrafo e professor Marcondes Calazans, entendo e concordo contigo e com Câmara Cascudo quando este afirma: “Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar, das Estrelas, dos Morros Silenciosos. Assombrações, Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço”. Todavia, não abdicarei nunca de mesclar a língua brasiliana com o meu jaqueirês, tendo em vista ser esta a minha coluna mestra, diria a viga mestra da cumeeira da casa dos meus pequenos escritos. Com sua peculiar sapiência estás correto, caro amigo, ao citar Bagno “A língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser que venham as inundações.” O jaqueirês é como este rio, vivinho e se bulindo o danado.
    A escritora, literata e poetisa Cida Vilas Boas, como toda poetisa, enxerga o mundo através dos olhos de uma criança e com sua percepção inerente apenas aos poetas tem toda razão quando afirma que: “... Ricardo tem uma especial atenção em conservar tudo que é de sua terra e região. E o faz com tamanho amor que eu, mesmo de longe, aprecio tudo que diz a respeito de Mata Sul”. Realmente, escrevo com amor e por amor a minha terra e grande respeito por seus habitantes.
    “Finalmentando a escrivinhação,” reitero humildemente os agradecimentos às palavras elogiosas proferidas por vocês a este matuto. Desses que mesmo quando sai de dentro do mato, o mato nunca sai de dentro dele.
    Isto só me incentiva em continuar.
    Muito obrigado a todos.
    Da minha bucólica e aprazível Jaqueira, adentrando o mês do agosto do ano que nos engana.

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