I - O NEGÓCIO GLOBAL DO FUTEBOL E A
COPA DO MUNDO NO BRASIL
(Marcondes Calazans)
Começarei
com certo radicalismo em termo de reflexão, dizendo que o mercado global do
futebol é dominado por
empresas (umas poucas), que impõem uma política imperialista, revestindo o
atual capitalismo com nomes da mesma forma globais – certo número de superclubes
com células em alguns países da Europa, que competem entre si
e transformam seus jogadores, recrutas de um novo mundo em ascensão,
caracterizado pela corrupção, marcado pela lavagem de dinheiro, obras
superfaturadas e manipulação do que denominam de legalidade.
1.
A Copa
do Mundo no Brasil tem mil e uma caras
Comecemos
pelos grandes problemas sociais e de infraestrutura que enfrentam as pessoas
mais pobres dos lugares onde foi construído o que chamam de arena. Incrível
como até o termo mudou! Antes era estádio. Mas, é arena mesmo, o que dizer do
termo usado pelos romanos ao se referirem aos coliseus!
Quando
afirmo que o torneio de futebol no Brasil tem mil e uma caras, estou me
referindo aos contrastes das expressões faciais de rostos que nunca perdem o
sorriso, começando pelo Presidente da FIFA, discorrendo pelo gesto arrogante da
direção da CBF, replicando no semblante da nossa presidenta, que chegou a
afirmar que o padrão do seu governo “é padrão Filipão”. O que dizer dos
semblantes da parcela da sociedade brasileira, que nada ganha com a COPA!
Prof. Marcondes Calazans |
A
Copa do Mundo no Brasil vem provocando acirrados debates e troca de acusações
entre ex-parceiros, a exemplo das farpas trocadas pelo Deputado Federal Romário
(ex jogador) e um dos membros do Comitê de Organização Local, Ronaldo (o
fenômeno).
Conforme
explica Romário, foi aprovado em 12 de março um requerimento na Comissão de
Esporte para convidar o presidente da CBF, José Maria Marin, e um membro do
COL, que seria Ronaldo, para explicar a questão dos ingressos para deficientes.
"Acredito ser este o foro ideal para darmos satisfação à população",
falou Romário.
No
comunicado, Romário também fez ironias e críticas às declarações otimistas de
Ronaldo sobre a Copa do Mundo, criticando os "gastos absurdos" e
citando o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que disse que o Brasil tem
tudo para fazer a "pior Copa de todos os tempos". (Portal Terra, 20
de março de 2014).
Absurda
e oportuna a declaração do secretário geral da FIFA, que não tem olhar crítico
para entender as razões que levam alguns estados atrasarem suas obras. Caso que
emblema as razões como superfaturamento e desvio de verbas desses governos em
parceria com a iniciativa privada, responsável pela construção das Arenas.
2.
Eventos
Esportivos em outros cantos do Globo.
Na
China, na ocasião em que o país se preparava para promover as Olimpíadas, quem
mais sofreu foram os mais pobres. O Governo chinês para vender uma boa imagem
da capital (Pequim), programou projeto acabando com algumas favelas existentes
em seu entorno. A alternativa foi desumana, pois as populações foram despejadas
de suas humildes residências à força, com indenização que não permitia com o
dinheiro que recebeu construir um pequeno quarto de morada, resultado: essa
população passou a perambular pelas periferias como mendigas.
As
Copas que ocorreram na Europa e nos EUA foram um sucesso. Por quê? Nesses
Continentes, os problemas sociais – em maior grau na Europa -, foram sanados
faz tempo. Após sua realização, constatou-se que houve superfaturamento em
algumas obras, prontamente justificadas pelos organizadores, e silenciadas por
seus governos. Uma boa imagem é Tudo!
A
Copa da Ásia, por sua vez, foi rateada entre Coreia e Japão se transformando em
sucesso, pois o padrão de qualidade lá realmente é levado a sério. O resultado
foi que o futebol nos dois países virou um grande negócio, com a importação
inclusive de jogadores que fizeram fama durante sua realização.
Na
África do Sul, ao contrário, a Copa do Mundo deixou péssimas heranças, a sede,
a cidade do Cabo é um grande exemplo. Estádios em ruínas e a permanência dos
problemas de infraestrutura nas cidades que sediaram os jogos. A explicação é a
pouca /fraca tradição daquele país na arte do futebol. Um fator que se parece
com o nosso é a construção dos estádios e a ausência de conclusão das obras de
infraestrutura como hotéis suficiente, transporte e acesso.
3.
Os
gastos com a Copa no Brasil
Voltando
ao Brasil e vamos aos gastos. Romário, numa tentativa de isolar o
fenômeno (Ronaldo dentuço), levantou várias indagações sobre os gastos, o que
gerou grandes mobilizações contra a copa no Brasil.
Argumento
de Romário ao Ronaldo: “Como representante do COL acredito que você já
saiba que o orçamento da Copa começou em R$ 23,5 bilhões, já está em mais de R$
26 bilhões, uma conta que ainda não fechou. Para piorar, apenas 5, das 41 obras
de mobilidade urbana foram concluídas, de acordo com levantamentos recentes”.
O
grande problema começa no ano de 2007, quando a informação passada alegava que
a copa seria plenamente financiada pela iniciativa privada, o que levou o
Deputado Romário afirmar:
Em
2007, em Zurique, Suíça (sede da FIFA) ao lado de Parreira, Paulo Coelho e
Ricardo Teixeira, eu afirmei e, principalmente, acreditei assim como a maioria
dos brasileiros que esta Copa seria a melhor Copa de todos os tempos. Naquela
época, a informação que tínhamos era que a Copa seria 90% financiada com
dinheiro privado. Hoje, se sabe que 98% do dinheiro da Copa é público, ou seja,
daquelas pessoas que pagam seus impostos e o pior, a maioria não conseguirá
assistir a um jogo sequer. Há três anos, desde que assumi meu mandato de
deputado federal, tenho posições e compromissos diferentes. Não é com você, não
é com COL, com a FIFA, CBF, ou Governo. Meu único compromisso é com a população
brasileira. Tenho feito a minha parte, cobrar, denunciar e legislar. E modéstia
a parte, tenho feito muito bem. (Do UOL, em São Paulo 17/03/2014).
4.
Considerações
finais
As
expectativas quanto o legado da Copa no Brasil, fica a certeza que, em função
dos prazos e burocracias, muitas obras serão concluídas com extrema rapidez,
com isso, diminuindo assim suas qualidades. Outro fator é que o
evento irá inflacionar os serviços, principalmente de hotéis, antes e
durante a Copa do Mundo. Mesmo pessoas que não vão assistir aos jogos pagarão
preços salgados em diárias de hotéis e serviços nas cidades que serão sedes. Se
o evento não for bem sucedido, apresentando problemas diversos, a imagem do
Brasil no exterior poderá ficar manchada. O Brasil poderá ser visto como um
país desorganizado e ineficiente, diminuindo a confiança no país e os
investimentos estrangeiros. Outro fator muito discutido é o custo
benefício da construção de alguns estádios que poderá não ser positivo. Isso
porque em algumas regiões do Brasil (principalmente centro-oeste e norte), os
estádios poderão ser subutilizados após a Copa do Mundo como ocorre com a
África do Sul.
Dinheiro
público usado na Copa do Mundo deveria ter sido utilizado em áreas em que o
Brasil é carente como, por exemplo, saúde e educação. Estes gastos elevados com
um evento esportivo que dura poucos dias gera insatisfação em grande parcela da
sociedade. Diante do elevado volume de recursos financeiros utilizados,
principalmente na construção dos estádios, ocorre abertura de mais
possibilidades para a corrupção.
O
que se pode concluir com isso? Que o negócio global do futebol e a copa do
mundo no Brasil têm mil e uma caras.
II
- BRASIL, MEU PAÍS É DO FUTEBOL!
(Madalena Oliveira)
Durante
muito tempo, ouvimos esta frase: “Brasil país do futebol.” Certamente, a
maioria da população torce por um time de futebol durante os campeonatos
estaduais e brasileiros. Os meios de comunicação dedicam horas de sua
programação (no rádio e na tv) ao futebol, quase sempre em horário nobre. São
dezenas de campeonatos que contam com a participação dos torcedores nos
estádios.
Em
todo torcedor reside um técnico de futebol que dá palpite na escalação do time,
que xinga o juiz, que discute a partida, elege as melhores jogadas, vibra e
aplaude os jogadores, que rir, chora e
canta de emoção na hora do gol, da vitória ou da derrota. Assim, o futebol na
vida da maioria dos brasileiros é pura emoção.
Prof.ª Madalena Oliveira |
Em
2005, foi o momento de escolher o país que iria concorrer para sediar a copa do
mundo de 2014. Então, o governo brasileiro se esforçou para apresentar a melhor
proposta. Em outubro de 2007, a FIFA decidiu que o Brasil finalmente iria
sediar a copa. Foi um oba-oba! Tudo a ver. Afinal, somos o país do futebol.
Participamos de todas as copas e somos pentacampeões. Naquele momento, ninguém
questionava se essa era a prioridade para o país, o quanto seria necessário
investir em infraestrutura, transportes e segurança para atender às demandas
provocadas pelo megaevento, ou seria mais importante investir nas reais
necessidades da população, saúde, educação, transportes, moradia popular,
saneamento básico, segurança etc.? Estes, no meu entender, seriam os melhores
investimentos para o nosso país. Alguns até argumentavam que os investimentos
para copa iriam beneficiar os estados onde ocorressem os jogos.
Hoje,
lamentavelmente as pessoas, grupos, movimentos, categorias profissionais têm
usado a copa para protestar, reivindicar, fazer greves etc. Eu entendo a
necessidade de todos nós trabalhadores brasileiros que estamos carentes de tantos
direitos sociais; respeito os movimentos, afinal, vivemos em um país
democrático. Vale ressaltar que se juntam a estes movimentos pessoas mal
intencionadas (vândalos) que só querem tumultuar, fazer baderna, sair
destruindo a cidade, prejudicando a todos nós.
Lamento,
mas não lembro de ver a população ir às ruas nas capitais do Brasil para
questionar, para dizer não, no momento em que o Brasil se candidatou para
sediar a copa de 2014. Não ouvi: Não devemos sediar a copa! Ou: Queremos que nossos governantes invistam
nas reais necessidades da população! Poucos discordaram que deveríamos sediar a
copa, mas tão poucos que não conseguiram ser ouvidos (nestes poucos, me incluo).
Sou
e sempre fui a favor de manifestações públicas. Participo de movimentos políticos,
sociais. Sempre defendi que a voz do povo deve ser respeitada. Porém, agora é
necessário pensar em algo maior. Agora que o cenário está montado, o país já
investiu bilhões em estádios, infraestrutura e segurança, os recursos
financeiros já saíram dos cofres públicos (dos impostos que nós pagamos), não
existe mais como recuar. Não cabem mais protestos, devaneios, vandalismo nas
ruas das nossas capitais. Estes atos servem apenas para expor ainda mais as
nossas mazelas, afastar os turistas, amedrontar e por em risco a integridade
das pessoas. Não é o momento de “discutir a relação,” afinal roupa suja não se
lava em público.
Gostaria
de lembrar que foram vários os investimentos que grandes e pequenos empresários
fizeram pensando em lucrar com a copa. Desde o motorista de taxi que fez um
curso de inglês, ao senhor da barraca de cachorro quente que fez o curso de
manipulação de alimentos, e as empresas que fizeram lembranças, camisas,
botons... os hotéis, pousadas e restaurantes que fizeram reformas, contrataram
novos empregados, enfim, todos certamente pensaram em atender melhor o turista
e ter a oportunidade de lucrarem um pouco mais durante a copa.
Portanto,
este é um momento muito importante para o nosso país! Qual a imagem que
queremos que os gringos levem de nós? Queremos que eles voltem ao Brasil em
suas próximas férias ou recomendem aos seus amigos? E assim, possamos
fortalecer o turismo e garantir postos de trabalho para o povo brasileiro.
Acredito
que agora é a hora de darmos as mãos e colocar as cores da nossa bandeira na
frente de nossas casas, na varanda, no carro e vestir a camisa verde e amarela;
colocar o sorriso nos lábios e a PAZ NO CORAÇÃO; convidar seu vizinho para
enfeitar as ruas e os bairros; ir para às ruas fazer a festa, receber bem os
turistas; reunir os parentes e amigos em casa ou no barzinho, tomar aquela
cerveja ou cachacinha e torcer para nossa seleção. AFINAL, SOMOS OU NÃO O PAÍS
DO FUTEBOL? Agora é hora de gritar: BRASIL!
BRASIL! EU SOU BRASILEIRA!
Se
você concorda, divulgue esta ideia. Faltam poucos dias para o início da copa e
precisamos de um clima de festa, paz e tranquilidade em nosso país. Faça a sua parte!
Madalena
Oliveira - Geógrafa e Professora de Geografia - madaleoliveira@bol.com.br
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