27 de outubro de 2016

VITAL CORRÊA - O POETA DE ALMA SECA

  Por Amanda Caroline

Amanda Caroline Freitas de Araújo
Letras – 1° Período
                                                      











         “Quanto mais fácil o texto, menos o cérebro trabalha.” É isto que afirma Vital Corrêa de Araújo, quando questionado a respeito de seus poemas enigmáticos. Típicos poemas absolutos. Para Vital, quanto mais simples o texto, mais retardatária a mente tende a se tornar. É como um poço que, para dele se extrair água, é preciso cavar. Ele se autoclassificou como o poeta de alma seca, em debate sobre a Poesia Absoluta, realizado em 20 de setembro de 2016, na FAMASUL (Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul). Vital declara que a emoção prejudica a poesia:
“A poesia é a liberdade absoluta do ser humano.” Parafraseando Admmauro Gommes, é como escrever na areia da praia. A partir de uma máxima como esta, pode-se tentar, pelo menos, imaginar uma infinidade de possíveis explicações para uma mesma afirmativa.
A maioria dos poemas prosaicos são versificados, regidos por regras. Por isso, há necessidade da Poesia Absoluta, em nossa literatura. A P.A. precisa quebrar as portas do futuro, cinza que nos espera. Ao nos depararmos com um poema prosaico versificado, VCA nos aconselha a desconfiarmos, mas enquanto não estivermos entendendo o que ele quer dizer, que continuemos a lê-lo. Tanto afirma, que em seu livro Prosa: Futuro Arcaico é possível encontrar vários fragmentos onde se declaram que poema não diz nada: “Todo poema é indizível, é do âmbito do indito.” (Flutuação da Significação Poética), “A poesia situa-se no reino no indizível, serve para indizer, é da ordem do indito.” (Iguaria Para Neurônios), “... o âmbito do dizer é da prosa, o indizível, da poesia.” (A Palavra Poética).
Na visão vitalina, a poesia não pode ser contaminada pela prosa, nunca. O poeta da metáfora (como o descreve Sébastien Joachim), diz que a P.A. é a prosa complexa do futuro, o passado depois de filtrado pode até trazer muitas lições, mas você não deve se voltar para ele. O ser não está no é, está no vir.
Crítico e antenado, no livro Prosa: Futuro Arcaico, VCA faz diversas ressalvas sobre o excesso do capitalismo. De forma explícita: “Um escritor vendido pela mídia cultural (de massa) como objeto. E é assim que se realizam.” (Vocação Absoluta). E implícita: “... verdades ilógicas, mas verdadeiras, realidades não lucrativas e máscaras sem valor de troca (ou uso) são possíveis na poesia.” (Papel Leitor ou Poesia e Sentimento). Onde ratifica inconformado “A educação não pode gerar lucros.”  
Para o filósofo e professor Reginaldo Oliveira, a filosofia ajudou Vital, que sempre se interessou pelos filósofos modernos de difícil compreensão: “Essa Poesia Absoluta é coisa de doido.”, afirma de forma descontraída. Em contraponto, Vital justifica: “Para libertar a alma é preciso antes quebrar as barreiras da mente, libertá-la das coisas que atrasam é desbloquear a criatividade humana.”
Quem conhece a poética de Vital sabe que ele escreve para total desgaste e intriga do leitor. Seus poemas são de difícil compreensão, sem nexo ou verbos de ligação e acabam causando uma bagunça na mente de qualquer pessoa, despertando uma curiosa vontade de compreendê-lo. Vontade essa que não tem sucesso. Não obstante, quem tem o prazer de conversar com ele, sabe que VCA não escreve a poesia absoluta, Vital mastiga, come e vive-a.
  
A Gommes, Prof. Reginaldo Oliveira e VCA

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