Admmauro Gommes
admmaurogommes@hotmail.com
Poeta, Professor de Língua Portuguesa, Teoria Literária e
Literatura Brasileira da FAMASUL (Palmares/PE)
Em
texto publicado na Folha de Pernambuco (15/05/2015, Opinião, p.
8), Queiroz reconhece que “Os estudantes da educação básica das escolas
públicas brasileiras demonstram não gostar de ler nem de escrever.”
Gostar ou não gostar, parece-me não ser
bem a questão, mas os motivos pelos quais não se gosta. Na sequência, o autor
aponta uma falha que distorce os encaminhamentos oriundos dos tantos encontros
pedagógicos que acontecem no âmbito das formações continuadas nas redes
públicas de ensino: um evidente afastamento entre a teoria e a prática. Há
ainda outros pontos nevrálgicos que inibem o aluno diante do texto
escrito, mas um deles se pode destacar com o reconhecimento da maioria.
Uma das constatações mais
perturbadoras, para quem pensa em transformar o mundo através da educação, é
que nem sempre o problema está com o estudante. É preciso mudar antes a cabeça
do professor. Roberto entende que a “aversão à leitura e à escritura por esses
estudantes pode resultar do modo como essas atividades são trabalhadas na
escola, quer dizer, é possível que elas sejam trabalhadas sem que se leve em
conta a realidade etária e sociocultural deles.” Por este prisma, nota-se que a
situação é mais intrigante. Sem conhecer “essa” realidade, todo ensino cai no
vazio, sem nenhuma ressonância positiva, pois o entendimento do aluno não
alcança a linguagem do professor. Enquanto não se aproximarem estes elementos,
mesmo com a presença do emissor e do receptor, a mensagem não é decodificada.
E, naturalmente, a prática de leitura não proporciona o
aprendizado da escritura, como diz o autor.
Neste
ponto da discussão, alinham-se Horácio e Roberto. Este defende a leitura como
instrumento de prazer (Leitura e Escritura na Escola: ensino e aprendizagem,
p.19) e cita Tatiana Belinky, Daniel Pennac, William Roberto Cereja e Marcos
Bagno como apoiadores dessa premissa. Queiroz chega à conclusão que ler por
obrigação “é um dos motivos para o fato de o prazer da leitura até agora ser
pouco acentuado no Brasil e as escolas formarem um número insignificante de leitores.”
(Op. cit. p. 21)
Também
entendo deste modo. E acrescento: O prazer da leitura deve contaminar primeiro
o professor, depois alastrar-se pelos corredores da escola, envolvendo
diretores, coordenadores e, inevitavelmente, o estudante. Se este caminho for
percorrido, Horácio e Roberto de Queiroz hão de se contentar.
Prezado amigo Admmauro Gommes,
ResponderExcluirFicou excelente seu texto sobre meu livro “Leitura e escritura na escola: ensino e aprendizagem”. Afinal, ele foi escrito por um verdadeiro mestre das Letras. Como sempre, o amigo captou bem a essência da obra. Melhor impossível!
Grato pela constante e cordial atenção.