Admmauro Gommes
Poesia se parece
Com ave de arribação
Levanta voo no infinito
Se confunde com a amplidão
E o poeta é um menino
Com u'a gaiola na mão.
Levanta voo no infinito
Se confunde com a amplidão
E o poeta é um menino
Com u'a gaiola na mão.
Ele fica na espera
Na hora da revoada
Pra ver se ela se ilude
E cai na sua jogada.
Tem dia que o poeta
Coitado, não pega nada.
Mas no dia do caçador
Na hora da revoada
Pra ver se ela se ilude
E cai na sua jogada.
Tem dia que o poeta
Coitado, não pega nada.
Mas no dia do caçador
A ave perde a noção
Vem doidinha lhe encontrar
Com toda satisfação.
Aí o poeta astuto
Lhe prende no alçapão.
Leia os comentários de:
Roberto de Queiroz, Marcia Silva, Cida Vilas Boas, Gabriela Raianne, Marcondes Calazans, Zulene Oliveira, Ricardo Guerra...
Vem doidinha lhe encontrar
Com toda satisfação.
Aí o poeta astuto
Lhe prende no alçapão.
Leia os comentários de:
Roberto de Queiroz, Marcia Silva, Cida Vilas Boas, Gabriela Raianne, Marcondes Calazans, Zulene Oliveira, Ricardo Guerra...
Adorei a poesia, muito interessante a comparação. Parabéns!
ResponderExcluirMarcia Silva
AVE DE ARRIBAÇÃO
ResponderExcluirRoberto de Queiroz
A expressão “ave de arribação” remete a ave migratória, a qual, durante o inverno, voa para lugares mais quentes. No sentido figurado, pode remeter a andarilho ou a coisa rara. Por esse critério, pode-se argumentar que, no poema “Poesia: ave de arribação”, Admmauro Gommes personifica a poesia. Nesse contexto, ela pode ser vista como personagem que emigra de outras paragens, ou seja, como ave migratória (não é do lugar nem tenciona demorar-se nele): coisa rara.
No poema em tela, Gommes faz uma comparação explicitada entre “poesia” e “ave de arribação”. E, nessa metáfora, ele compara a falta de criatividade (ou de inspiração?) do poeta à de um menino com uma gaiola na mão, com o desejo ardente de capturar uma “ave de arribação”, sendo que essa, segundo o autor, “levanta voo no infinito / se confunde com a amplidão”.
Mais adiante, Gommes diz que o poeta não desiste fácil. “Ele fica na espera (da poesia: “ave de arribação”) / na hora da revoada / pra ver se ela se ilude / e cai na sua jogada”. O fato é que o poeta, às vezes, transita por dias improdutivos nos quais não produz nada. Por outro lado, como diz um adágio popular: “Um dia é da caça, o outro é do caçador.” E, nesse dia do caçador, essa “ave de arribação” (a poesia) perde a noção e vai toda satisfeita ao encontro do menino (o poeta). E ele, astuto que é, em vez de estar com uma gaiola na mão, “lhe prende no alçapão”.
De resto, vale salientar que, a meu juízo, esse é um dos mais bem elaborados poemas de Admmauro Gommes. Não pelo fato de se tratar de um poema de forma fixa (com rimas misturadas e versos heptassílabos), mas pela simplicidade da linguagem e pela sua exímia carga metafórica. Carga metafórica? Sim! Há no texto a metáfora e a personificação, mas é por meio da metáfora que a personificação vem à baila, de modo que predomina a primeira.
Admmauro neste poema "Poesia : Ave de Arribação",consegue transformar uma ideia tão simples e corriqueira (menino com gaiola na mão) em profunda mensagem de poeta e professor que prima em estar pronto a dar lições de vida a quem tem prazer em aprender.
ExcluirUm menino passarinho que em altos voos sublima no papel sua imaginação prodigiosa. Sem gaiola, mas com um porta joias nas mãos, delicadamente deposita mais um diamante reluzente, fantástico e impressionante.Este poema me faz entender, cada vez mais nosso Deus das coisas simples;" Singeleza" e "Encanto" são dois, de muitos adjetivos que eu atribuo a ele.
Boas festas, amigo Poeta. Um Ano Novo cheio de voospara muito além do infinito e com o alçapão repleto de aves transformadas em pedras preciosas.
É assim mesmo, Roberto, a poesia migra e foge dos lugares-comuns. Somente esse andarilho, conhecedor exímio da arte perceptiva consegue pegar um desses pássaros, com muita cautela e astúcia. Seu comentário também é feliz quando trata da personificação: poesia se transveste em ave e voa para bem longe, na amplidão (mas não se afasta do aguçado olhar do poeta).
ExcluirNa verdade, Cida, a grande poesia se irmana com a singeleza universal. Poesia há de ser um objeto muito singular como um passarinho que pousa distante dos olhares complicados e desconfiados dos aeroportos modernos. Os aviões impressionam mais que uma andorinha!
ExcluirPor assim dizer, as pessoas é que inventam situações embaraçosas para perceber a poesia. Quanto a colocá-la no papel, aí é outra história, tem-se que carregar um certo domínio de poética, mesmo que este seja produto de um autodidatismo artístico. Estamos defendendo que o poeta deve ser guiado não por uma escola literária, mas por uma escolha de palavras completas de literariedade
Linda poesia, cada frase nos conduz a um sentido diferenciado perfeita!!
ResponderExcluirAve de Arribação
ResponderExcluirA poesia “Ave de Arribação” me arrebatou ao que parece a glória que faz do poeta alguém que não precisa de asas para voar.
Que asas melhor que a imaginação!
A imaginação transcende tudo, até o que pareça infinito...
A ave de arribação como o próprio termo diz é a que voa, migra não para o que poderíamos definir como “infinito”, considerando que, ao arribar, ela (a ave), levanta seu vôo para ares e lugares de maior conforto, onde possa contemplar melhor o horizonte, ou o que seja a imaginação do poeta.
A ave de Arribação pode se encontrar na segunda estrofe da música do cantor Jesse:
Voa, feito um sonho desvairado
Desses que a gente sonha acordado
Voa, coração esvoaçante
Feito um pássaro gigante
Contra os ventos do pecado.
Ou na música do cantor Biafra,
“Sonho de Ícaro”
Voar voar, subir subir ir por onde for
Descer até o céu cair ou mudar de cor
Anjos de gás, asas de ilusão
E um sonho audaz feito um balão.
Quando o autor da poesia usa o termo “levanta vôo no infinito”, traduz por excelência a “amplidão” do poeta menino que foge da prisão, talvez da solidão, tornando a poesia sua própria companheira na vastidão infinita de sua imaginação.
Ave de Arribação.
Grande filósofo/poeta Admmauro
(o Gommes)
A ave arrebata, poesia também. Nisto você está certo, Marcondes. Há um desejo enorme no homem de querer voar (Biafra/Jessé/Ícaro). Somente nos colocando no lugar da ave é que podemos, via poesia, ganhar a amplidão e, ora ser o menino que caça, ora a ave que é caçada. Por mais que se tente afastar o autor de sua criação, poesia e poeta se fundem e, juntos, querem voar, libertarem-se das gaiolas terrenas. O infinito nos seduz pelo mistério que esconde. Talvez esse desejo seja uma forma dele nos aproximarmos.
ExcluirTÉCNICA QUE VAI ALÉM DA IMAGINAÇÃO
ResponderExcluirZulene Oliveira, formada em Letras/FAMASUL
“Foliando” meus arquivos da memória, recordo-me de algo que ouvi na aula de Literatura, há aproximadamente três anos, que: “Poesia é o abstrato... que poema é a forma... e que inspiração é a técnica”. Estaria comprovado isso no poema Ave de Arribação? Vejamos...
Após releitura e olhar atento, gostaria de chamar a atenção para alguns detalhes que julgo importantes.
Por que o autor faz menção justamente a uma ave de arribação? Não bastaria comparar a uma águia, a um pardal ou qualquer outra de qualquer espécie? Aqui está um dos primeiros indícios de que o que realçou o poema foi o uso da técnica perspicaz e de um trabalho esforçado para fazer uma comparação tal qual a tradução de sua mente, sua ideia, por meio de rascunhos, rabiscos, até que seletivamente identificou a palavra de encaixe.
Paremos para pensar... Seria mais fácil usar qualquer outra ave, contudo, de maneira bem elaborada Admmauro Gommes quis metaforizar a migração de tempo, lugar, ideias, que se requer para metricamente apresentar um poema, que o verdadeiro poeta não é um gênio da lâmpada que em um estalo de dedos dá vida a um personagem amigo imaginação. Requer suor, requer espera, requer paciência. Então isso não depende da inspiração, pois quando ele diz: “Tem dia que o poeta coitado, não pega nada”, ressalta que a estrutura, a forma e as palavras, que depois de prontas nos fazem pensar que são fáceis, foram na verdade uma caça a aves com gaiola na mão.
Parece-lhe acaso Gommes usar as palavras “caçador” e “astuto” referindo-se ao poeta? Por que não? (No dia de sorte... e o poeta inspirando? Linhas 13 e 17). É lindo lê-a com a imaginação, até vemos o cenário, mas, indo pela razão, podemos perceber que o escritor revelou o que de fato lhe fez chegar à conclusão da poesia: uma caça de palavras, uma astúcia de rimas, por isso que não caberiam sinônimos ou qualquer palavra diferente da que ele usou. Caso trocasse, distorceria o entendimento transcrito nos primeiros versos.
Desta forma, compreende-se o mérito das suas palavras, pois toda estrutura do poema está na resumida no verso do tema, o escritor apenas metricamente nos destrinchou (com louvor).
Poderíamos nos ater à ilustração e ao desenvolvimento da poesia, mas não pude deixar de notar e reconhecer sua técnica e mensagem reveladas nas entrelinhas no tocante à obra.
Precisamos de mais Literaturas estrangeiras ou reconhecer as ricas brasileiras? Digo até pernambucanas...
Finalizando, a aula que mencionei no início do comentário foi deste grande escritor literário, Admmauro Gommes.
Caro poeta Admmauro, segue o meu humilde comentário (em versos) sobre o seu poema: Ave de Arribação.
ResponderExcluirO Caro amigo me desculpe pela demora, é que estava caçando a "inspiração".
Forte Abraço.
CAÇADOR DE POESIA
(Ricardo Guerra)
Lá vai Admmauro, o Poeta
Como caçador, em plena ação.
Andante, ofegante, qual atleta
A buscar poesias com asas de arribação.
Poesias ariscas, difíceis de se capturar
Pois elas estão sempre em evolução
Qual pensamento rebelde em adestrar.
Pra isso, vai carecer dela: a musa da inspiração.
Com os morfemas agora bem dominados
Ele segue feliz a poetar com exultação
Os versos foram finalmente todos juntados
No mais seguro lugar: o seu coração.
Ricardo, a “inspiração”
ExcluirÀs vezes foge da gente
Seu rastro é inexistente
Mas provoca a emoção
Desconserta o coração
Depois se perde no vento
Fugindo do pensamento.
Caçando ela se esconde
Ninguém sabe ao certo, onde
Ela está nesse momento.
POETAS GLADIADORES
ResponderExcluirDois seres perfilados
em grandeza inigualados
Admmauro's e Ricardo's
pensadores ruminantes
poetizantes em ação
jorram versos cristalinos
desfiam a inspiração.
E vão por aí afora
encantando o coração
dos que querem a vastidão
o infinito indesbravado
pra voar enlouquecidos
distanciando o acordado
mergulhando em fantasias
em um mundo encantado.
Seus versos, a sutileza
flechas com delicadeza
garotos a se gladiarem
com armas argutas
verdadeira alucinação
competindo em poesia
em mútua admiração.
E Cida lá de São Paulo
ExcluirDecide traçar em versos
Dois mundos, dois universos
De dois cabras nordestinos
Matutos desde meninos
Lambuzados em poesia.
Mas Cida não desconfia
O tamanho de nosso afeto
E a sua serventia
Que espalha a simpatia
De modo extraordinário
Encantou os universitários
E blogueiros em geral
É sucesso nacional
Mas se acha uma aprendiz
Nós mandamos um abraço
Para a dama de Assis.