PELO OK DE NINGUÉM - Ariano
Suassuna
(...)
Esses verbetes do inglês
Que usam no dia a dia
Não me trazem simpatia
Estragam meu português
Vou ser sincero a vocês
Sou muito mais meu quinem
Adonde, prumode, eim?
Acho mais inteligente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém
Eu não falo REDBUL
Prefiro touro vermelho
MIRROR pra mim é espelho
BLUE BIRD pássaro azul
Bonito e não BEAUTIFU
Falo dez em vez de TEN
BABY pra mim é neném
E HOT pra mim é quente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém
Não gosto de pancadão
Nem de RAP improvisado
HIP HOP pé quebrado
Sem métrica e sem oração
Sou muito mais Gonzagão
No forró do xenhenhém
Gosto de aboio e também
De um baião de repente
Eu não troco meu oxente
Pelo ok de ninguém
POR ESCRITOR DE NINGUÉM
- Admmauro Gommes
- Admmauro Gommes
Tem muita gente bossal
Que ganhou até Nobel
Fez um brilhante papel
Na letra universal
De Espanha, Portugal
Da Itália, ou do além
E da Irlanda também
Inglês ou americano
Eu não troco Ariano
Por escritor de ninguém.
Gostei, professor. O senhor é o cara. Inovando sempre!
ResponderExcluirEu não troco meu Gonzagão
ResponderExcluirPor poeta de Ninguém
Dos muitos tiquinhos ditos
Pouco se ouviu cantar
Um rincão tão infinito
Para onde pudesse avuá
Poder cantar Asa Branca
E Assum Preto oiá
Carlos Drummond poetou Itabira
Onde morava José
Meu poeta canta o Nordeste
De Mané e Zabé
Na poesia de Jorge de Lima
As cantigas tangem os bois alagoanos
As músicas de meu poeta
Tangem bois de Ceará ,
Piauí,
Macapá.
Boca de caieira é seu nome
Veja, não é Alberto Caeiro
Mas nada deixa a desejar
Não finge ser poeta
Mas vive a poetar
Faz poesia cantando xenhenhém
É por isso que eu não troco meu Gonzaga
Por Gonzaga de ninguém.
ExcluirÉ isso aí, Neilton. Gonzaga continuará sendo o nosso ícone nordestino.
E influenciando novos poetas!
Valeu!
A DESPEDIDA...
ResponderExcluirFiquei muito triste
Quando ouvi falar
Que o mestre Ariano
Foi pro lado de lá
Ele narrava a vida
do nordestino como ninguém
Suas aulas eram espetáculos
Que a todos faziam bem
Como vamos esquecer
Do auto da Compadecida?
Marcou a literatura e o cinema
Nossa gente fica agradecida
Iremos lamentar
esse momento fatal
Mas, sabe-se que Ariano Suassuna
É um nome imortal
Com tristeza nos despedimos,
Não poderemos mais o ter
Mas, pegaremos os tesouros
Que ele lapidou com tanto prazer
Abrindo suas obras
E começando a ler
Desvendaremos mistérios
Que só vendo pra crer
Não troco meu "oxente"
Pelo "ok" de ninguém
Se concordas com ele
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ResponderExcluirAriano Compadecido
Entre os mitos da Literatura, tu eras irredutível com tua grande inteligência. Nocauteado por uma tsunami divina, deixas em nós um silêncio tão falado por todos.
Ganhaste a transfusão de mito para Lenda legítima de honra ao mérito,
com esporros ensurdecedores dos trompetes que avisam tua ida
para encontrares com Cristo, no teu Auto da Compadecida!
OS GÊNIOS NÃO MORREM
ResponderExcluirOs verdadeiros gênios nunca morrem, eles dormem em um plano existencial para transcenderem em outro e outro e outro...
Imagino um céu só para os grandes sábios, e, acima de tudo os diálogos desenvolvidos entre eles. Um, no campo literário, outro na ficção, outro na educação, e assim por diante, num lugar de onde sentados, em algum beiral, com as pernas balançando observando-nos, aqui no nosso planeta com os nossos erros, acertos e opiniões, inclusive sobre até suas obras, maneira de escrever e estabelece juízos.
Imagino Paulo Freire com o dedo indicador apontando para os altos índices ainda de analfabetos, mergulhados na escuridão do dissabor de não saber, a falar:
Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade. (FREIRE, Paulo, 1996)
Gilberto Freyre, a testemunhar ainda a prevalência da política dos coronéis impondo o voto de cabresto e de favores pelos engenhos e seus velhos casarões afora. Testemunhando que, por força da hipocrisia de uma sociedade egoísta que ainda vira o rosto para a existência da transformação das senzalas em favelas que se avolumam a cada dia, falar:
O saber deve ser como um rio, cujas águas doces, grossas, copiosas, transbordem do indivíduo, e se espraiem, estancando a sede dos outros. Sem um fim social, o saber será a maior das futilidades. (FREYRE, Gilberto, 1959).
E agora! Como imaginar Ariano Suassuna subindo lentamente pro céu e se aproximando dos outros dois a observá-lo do alto com seus sorrisos de paz e suavidade! Como imaginar Ariano, ao chegar junto ao beiral de onde se pode ver o nosso planeta em toda sua plenitude! Ariano que no livro “O alto da Compadecida”, não temeu sugerir um Cristo negro em um país marcado em sua história pela hipocrisia da democracia racial. Creio, que, ao se deparar com os outros dois talvez refizesse sua frase: “que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas”.
Ariano Suassuna foi um grande mágico na arte de escrever, de transformar realidade em ficção apurando sempre seu imaginário para as coisas aparentemente absurdas ou talvez impróprias para os grandes centros acadêmicos, que, por rigidez, impõe para quem escreve o que denominam de norma “certinha” e regrada.
Na obra o “Alto da Compadecida” ele emblema na simplicidade um alerta aos que acham que não têm responsabilidade para com o outro: “Jesus às vezes se disfarça de mendigo pra testar a bondade dos homens”.
Concluo o que não consigo dizer do professor Ariano usando suas próprias palavras: “Não sei, só sei que foi assim!”
(Em: O Auto da Compadecida)