por Admmauro Gommes
Se você me lançar um desafio
Desembesto fazendo poesia
Do tufão eu faço calmaria
E me viro num bicho arredio
Faço o sol tremer de arrepio
Faço ele nascer de madrugada
Só não peça eu que entre na jogada
Enfrentando o poeta Bentevi
O maior cantador que eu já vi
Fazer verso cantando embolada.
Nesse ano dois mil e dezenove
Vinte anos faz que ele voou
A poesia daqui desmoronou
Mas seu verso ainda me comove
Se surgiu outro, que me prove
Que fazia da letra um bisturi
Na leveza que tem um colibri
Inventando um negócio sem igual
No repente, na rima, coisa e tal
Como esses de Manoel Bentevi:
“Naquele
tempo odiento e obscuro
Em
que a ciência era trancada em um vaso
Todo
mundo imerso no atraso
Eu
olhei na janela do futuro
O
panorama da vida é muito duro
E
o destino do homem vem traçado
Eu
pra ver se obtinha resultado
Do
além e de coisas mais incríveis
Penetrei
no setor dos invisíveis
Vi
o mundo sorrir do outro lado.”
Eu olhei na janela do passado
Vi poetas de toda natureza
Cantando seu país e a beleza
Vi Ascenso Ferreira assentado
Teles Júnior e Jaorish ao seu lado
Elias Sabino, decano e rabi
Ariano Suassuna também vi
Ouvindo a poesia completa
Daquele que nasceu pra ser poeta
E assinava somente: Bentevi.
Manoel Bentevi nasceu no Engenho Verde, em
Palmares, no ano de 1911. Autodidata, poeta de cordel e cantador de coco e
embolada. Inédito por muito tempo, foi promovido em Pernambuco pelo poeta
Juareiz Correya, que destacou e projetou o seu trabalho com a edição especial da
revista POESIA (nº 3, Nordestal Editora, Recife, 1982), inteiramente dedicada
ao seu nome. Publicou o livro Desmanchando o Nordeste em Poesia (Edições Bagaço, Palmares, 1986) e deixou inédito o livro A Beleza Nordestina. Faleceu em Joaquim Nabuco
(PE), onde residiu por muito tempo, no ano de 1999.
Fonte: Poetas dos Palmares, pág. 82 (Org. Juareiz Correya)
Que coisa linda ! Muito importante esse resgate do saudoso poeta Manoel Bentevi, ao qual tive o prazer de conhecer, quando menina. Muito amigo do meu avô, o também saudoso José Gomes, o popular "Ferreiro", passavam as tardes conversando no terraço, cada um em uma cadeira de balanço. Muitas vezes eles me chamavam para que eu fizesse a leitura em.voz alta de suas poesias. Eu não entendia direito, mas gostava de ver o deleite dos dois. Seu Bentevi dizia, "sua neta lê muito bem". Pude viver isso em minha adolescência. Parabéns, Prof. Ademauro!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPESSOAL, NA MORAL!
ResponderExcluirUm dos mais emblemáticos poetas populares de Pernambuco, Manoel Bentevi, encantou-se para o além dos astros há vinte anos (1999). Um Palmarense aterrisado na terra em 1911, diretamente do Cosmo, no Engenho Verde, berço de outro gênio, este mais escolástico - Hermilo Borba Filho.
Parabéns pela importante lembrança desse que é um dos maiores expoentes da nossa Poesia Popular - Manoel Bentevi!
Fico feliz de ver que meu pai deixou seu legado!! Só tenho a agradecer a Deus e a cada um de vcs !!
ResponderExcluirGostaria se possível se algum de vcs tivesse o livro do meu pai pudesse mim arrumar pra mim fazer uma cópia minha mãe emprestou o que eu tinha e até hoje não devolveram !!!
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