6 de janeiro de 2017

LIÇÕES PARA UM NOVO TEMPO


Admmauro Gommes
Poeta, cronista e professor de Teoria Literária
admmaurogommes@hotmail.com

Vivemos em um tempo marcado por ilusões e cheio de armadilhas que nos apontam para um falso sucesso. Por pouco que se tenha, muita gente tem muito mais do que precisa e, mesmo assim, está insatisfeita. É a velha confusão que se faz entre o ter e o ser, como situação indispensável para viver em harmonia consigo mesmo.   
Lutamos em vão contra a sociedade de consumo e, vez por outra, estamos lhe servindo de garoto propaganda, iludidos por um algodão-doce, em nome da felicidade, que logo se derrete. Quando pensamos que não, divulgamos uma marca ou um produto em detrimento da qualidade de outros que lhe superam. E ficamos meio perdidos a respeito do real valor das coisas. Desejamos o percurso mais cômodo, pelo fascínio midiático. Por isso, apostamos na loteria e fazemos simpatia. E mais: acreditamos como um tolo na primeira oportunidade que nos surge para ficar ricos. Dessa vez é diferente! E nos iludimos de novo. 
Então, para começar uma nova fase da vida, resolvi escrever as linhas seguintes, como se eu estivesse dizendo para mim mesmo, para que não me esquecer.
Aprendi muitas coisas como ir além das aparências. Que no jogo da vida (por ser jogo) há sempre um árbitro desleal. Que há um preço para tudo. Meu avô dizia que o velho paga os pecados da mocidade. A conta já está chegando! E mais: uma cortesia pode esconder tarifas imensuráveis. Assim, não existe almoço de graça. Às vezes, um conhecido lhe dá uma refeição e parece não custar nada mas, no mínimo, depois tem que lavar os pratos... Um banquete na casa de um amigo é pago com outro banquete, sempre de uma forma melhorada, com juros impostos pela gratidão. Para não escorregar de novo, deve-se desconfiar das promessas de conquista e de prêmios sem nenhum esforço.
Dinheiro fácil, por exemplo, eu nunca vi. Disseram-me, certa vez, que dinheiro só vem antes de trabalho em um único lugar: no dicionário. Assim, o percurso mais difícil pode ser o mais demorado, embora todos entendam como o mais correto. “Perante um obstáculo, a linha mais curta entre dois pontos pode ser a curva” (Bertolt Brecht). Esta é a estratégia do rio para chegar ao mar: desviar-se do mal caminho. É da luta que vem a vitória e esta só tem valor quando se triunfa pela garra. O que se consegue sem suor, se desperdiça com frouxidão. 
Aprenda distinguir ‘presente’ de ‘esmola’. Esmola é quando você necessita de alguma migalha para sobreviver; presente é o que recebe sem precisar e não tem que dar algo como paga. Se der, passa a ser moeda de troca e termina-se pagando um valor pelo que de graça recebeu. Também não se deve acreditar na mágica de fazer dinheiro do nada. Aliás, aquele dinheiro do mágico é falso. Então trabalhe. Trabalhe duro, mais do que os outros, se quiser estar na frente de seus competidores. Espero ter aprendido.


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