Estudantes do segundo
período de Letras na Famasul (2017.2) criam blogs que servem de instrumento
didático. Além de dominar esse importante recurso, as postagens terão interface
com a disciplina teoria da literatura (narrativa). O primeiro conteúdo em debate
é a crônica literária. Acompanhe. 
9 de outubro de 2017
2 de outubro de 2017
SEIS POETAS DE UM NOVO TEMPO
Caio Lima
Edson Marques
Libene Tenório
Neilton Farias
Pamella Emanuella
Tony Antunes 
INTUIÇÃO
Caio Vitor Lima (Palmares/PE)
De
repente um pesado silêncio
adentrou
pela porta.
Minúsculo
e exato
como
um átomo.
Rotundo
e transparente
como
uma bomba de gás de hidrogênio.
Sua
intuitiva presença
levou-me
a uma questão imponderável:
Se
vida tivesse
que
bicho o silêncio seria?
Um
singelo micróbio
ou
um enorme cachalote?
PERISTÁLTICOS
Edson Marques (Palmares/PE)
Os
movimentos peristálticos da despersonalização 
empurram
pouco a pouco o bolo alimentar da solidão 
que
vai absorvendo as tristes proteínas da hostilidade 
espalhando
os nutrientes da agressividade.
Digerindo
desorientação e lentidão 
o
suco gástrico da depressão 
esmói
alucinações com indignação. 
Os
ácidos clorídricos da saudade 
absorvendo
os nutrientes da mediocridade 
alienando
as microvilosidades 
desvairando
o reto com temeridade 
expele
bolos fecais de desintegridade.
ARREMESSAR
Libene Tenório (Novo Lino/AL)
Arremessar
a voz banal 
sussurrar
no mar infinito 
arrepiar
na voz matuta 
amarelar
na hora certa. 
Caranguejos
que se escondem 
mangue
cúmplice assim 
chumbo
de Lampião 
cegas
cegonhas aqui 
barbante
imenso enrola 
homem
de ferro encolhe 
brasa
de fogo consome. 
Arremessar
os bárbaros agora? 
Missão
possível do tempo. 
UMA DEFINIÇÃO DE
DESEJO
Neilton Farias (Novo Lino/AL)
Uma
definição de poesia é teu sorriso 
teus
lábios
teus
seios
teus
dedos parecem perfeição 
se
é que existe ou não 
uma
definição de teu sorriso é poesia.
Se
à noite ou dia 
um
sorriso
uma
poesia
uma
definição 
de
uma canção
que
escorre de teu sorriso 
de
teus lábios
de
teus seios 
pelos
teus dedos. 
Quero
esse sorriso 
quero
ser esse teu riso 
e
escorregar pelo teu corpo inteiro. 
PANGUAIÃS
Pamella Emanuella (Tamandaré/PE)
Nasci
da seca de estrelas líquidas
vim
das paisagens tangíveis
dessas
emendas ineptas e negras
das
mordidas desabotodas 
que
fogem nas asas de íons.
Vi
o bruto desperdício das escritas castigadas (mestiça)
cresci
dos minérios quase mórbidos 
evolui
nas nuvens de aço
respiro
cárceres de ideias monásticas
vivo
no toque do visível recôndito 
como
arte das manhas roxas 
bebo
vinho de memórias suíças 
sou
panguaiã.
PLURIVOCADO DE
LÁSTIMO 
Tony Antunes (Palmares/PE)
Verberando
as digitais do tempo 
as ventanias 
cantam sinfonadas 
com trombetas de
pretas pedras. 
Os lastros das nuvens de estopas 
sacodem os egos dos idiotanados 
em arupembas
de espinhos 
das goifadas babas. 
Os
íctos dos verbos secaram 
emudeceram o
vértice do esquadro
arderam nas almas
das sombras 
calaram nas bocas dos poetas. 
Plurivocado
de lástimo desincopado, 
embriagado
e nu o passado 
rendeu-se ao
futuro. 
NO BRASIL
No Brasil não se vive mais por amor à Pátria. 
No Brasil não se vive mais por amor. 
No Brasil não se vive mais. 
No Brasil não se vive. 
No Brasil, não. 
Juro. 
Juro por todos os bancos 
que é verdade. 
Antigamente 
aposentado 
ria. 
Hoje, no Brasil, não. 
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