DEBATES

Estamos debatendo sobre a língua portuguesa ou literatura. Pergunte, comente, deixe sua opinião.

A primeira questão é esta:
QUAL O LIMITE ENTRE FICÇÃO E REALIDADE NA LITERATURA?

36 comentários:

  1. O cúmulo deste limite é quando o ser humano passa a viver tanto no "mundinho" da ficção que esquece de retornar à realidade que o rodeia. Fazendo de conta que está vivendo um conto de fadas, cheio de sonhos e fantasias que nunca mais acabará. O real limite é quando se percebe que a vida é mais que sonhos; é real, verdadeira (embora não agrade a todos, mas fazer o quê? Nem Jesus Cristo agradou o mundo em sua totalidade.)e que nem todos tem a capacidade de ser realista o suficiente para encarar a vida com seus altos e baixos.

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    1. Para retomar o tema, Rozineide, e aprumar a conversa, vamos nos limitar à criação literária que pode usar tanto a ficção quanto a realidade.

      Refazendo melhor a pergunta: Qual o limite que o escritor usa para criar seus textos: ele deve partir mais da ficção ou do real comprovado?

      Agradeço sua participação.

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    2. A premissa que diz: "Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais terá sido mera coincidência..." é verdadeira. E sempre será. A inverossimilhança e verossimilhança andam em linhas paralelas e nunca se encontram. São como os trilhos de um trem servem ambas para levar a um destino. E neste caso, a ficção literária torna-se verdade, ora sim, ora não. Os limites só devem se considerados quando vão além do que é real no sentindo mais vivo a palavra. O que passar disso não passa de mera invenção de mini-escritores que ainda não cresceram e continuam no jardim da infância literária.

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  2. A diferença entre estes dois mundos tão utilizados nos textos literários e dissertativos vai além do que o escritor pensa em colocar nas linhas de seus poemas ou textos críticos. Por exemplo o grandioso Machado de Assis ao fazer uma grande paráfrase do livro de um escritor Inglês traz para sua obra algo que foge da ficção e começa em um contraponto expondo a vida de "Brás Cubas, onde o escritor Inglês limita-se a dar mais ênfase a vida ficcionada do Cavalheiro Tristam" do que de sua vida real.
    Portanto trabalhar com ficção ou vida real vai além do limite do pensar de cada escritor, sem se apegar a um ponto certo para que seu texto seja nem tão real ou ficção, afinal a Literatura é invenção!

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    1. É isso mesmo, Douglas: Literatura é invenção e não se pode esquecer deste fato. A realidade servirá sempre de base para a criação, mas não se sabe onde começa a verossimilhança no autor, uma vez que ele tem o comando de tudo.

      Valeu pela contribuição.

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  3. Osani Severina da Costa (Letras/FAMASUL)20 de agosto de 2013 às 01:50


    Na verdade, esses dois elementos se fundem em um pequeno espaço de tempo, mas depois, se desfazem para compreendermos, que cada qual tem o seu devido lugar e tempo com suas razões naturais do ser pensante. Quando se estar no mundo fictício, a existência do ser em um meio existencial torna-se insatisfatório ou até mesmo, os anseios, considerados instâncias imateriais tornam-se materiais, pelo simples fato de existir em um corpo material existencial. Desta forma, ocorre um intervalo de tempo confundindo a cabeça do leitor em relação a essas duas vertentes, ora se contradizem pela enunciação, ora se fundem, porém que na realidade existe uma gotícula de distância entre os dois. Nessa linha de interrogação, José Castelo afirma que:

    “Sempre que somos convocados a relatar nossas vidas, nós preenchemos furos, esquecimentos, vazios, incoerências, com alguma ficção. O mesmo se dá quando, pela manhã, resolvemos relatar um sonho: invariavelmente - já que sonhos são fluidos e fugidios - nós os “editamos”, isto é, preenchemos suas lacunas e falhas com elementos da imaginação e da ficção. A própria noção do Eu está atravessada pela ficção.

    Por meio da colocação do autor, fica evidente que, tais elementos questionados, ora se fundem, ora, se alargam por um pequeno espaço de tempo. Pois, a realidade é assegurada por sonhos batalhados no dia-a-dia, dentro de nós, e quando nos deparamos, elevamos aos sonhos, em busca de um repouso espiritual. Desta forma, acredito eu, que esses elementos interligam-se entre si, se completam, porém sem fugir da grande realidade, o relógio biológico, como instrumento irreal (abstrato) presente no real (concreto). Porém em se tratando de literatura, o mundo fictício contido nas narrativas literárias é que controla de forma caótica a realidade material, ou seja, encaminha para uma maior ampliação da realidade, jamais vistas a olhos nus, mas que está presente na reciprocidade de conhecimentos diversos entre o real e o irreal. Eis aí a coisa mais magnífica que se opõem à literatura.


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    1. Osani:

      A fusão desses elementos, na dose certa, é que dá veracidade ao literário e confundir a "cabeça do leitor" na tentativa de que ele acredite que o fictício seja real, é tarefa do bom escritor.

      Valiosa sugestão a sua.

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    2. Também concordo com Osani.

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  4. O poeta está sempre no meio dessa batalha entre realidade e ficção. Ele esconde sua realidade nas metáforas e consegue ser ficcional na própria biografia, nela conta ou esconde-se o que quiser sobre a vida de alguém e diante dos fatos apresentados, o bandido pode ser interpretado como mocinho na própria história de vida. O que é concreto hoje foi imaginado ontem, a ciência com seus experimentos e curas é um exemplo real disso. Já o imaginário tem sua ânsia de realização. No dia-a-dia também é comum mostrar-se irreal na realidade, isso tem sido bastante observado nos depoimentos em redes sociais: todo escrito tem intenção direta ou indireta de atingir um leitor específico, mesmo que o autor não torne explícito o nome do seu alvo. Ou seja, o escritor poderá ser real em seu texto, mas também poderá usar de uma ficção no ato de mascarar a identidade do sujeito criando uma personagem. No fim das contas a ficção depende da realidade e vice-versa. Diante dos fatos, afirmar-se com mais ousadia que o limite entre a ficção e a realidade sempre tão trabalhados na literatura pelo escritor é quase nulo.

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    1. Correção:
      "Diante dos fatos, AFIRMA-SE..."

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    2. Como você bem disse, Sylvia, "No dia-a-dia também é comum mostrar-se irreal na realidade." Tudo isso acontece porque a fonte da ficção é a própria realidade. Ninguém cria algo do nada, pois haverá sempre uma ponte entre o que é e o que pode ser. Esse limite, como você também atesta, é quase nulo. As aberrações (se é que existem na ficção) são chamadas de inverossímeis e as invenções que convencem,verossímeis. Entre esses dois termos, há um dos
      limites da ficção. Ou pelo menos de sua aceitação.

      Você falou como poeta e, como tal, "está sempre no meio dessa batalha entre realidade e ficção."

      Salve!

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  5. Cida Vilasboas – São Paulo21 de agosto de 2013 às 09:35


    Atrevo-me pensar que não há um limite que fracione a ficção e a realidade. Na verdade, o que há em minha simplista visão é uma linha tênue, uma sombra sutil que as envolve, ora reunindo-as em solene amor, ora afastando-as numa dança envolvente que seduz a compreensão ávida de beleza do leitor.

    A ficção e a realidade num texto, principalmente num poema, tem um "Não sei o quê" de beleza que a alma transita num segundo céu a saborear o todo sem se importar em fazer separações ou impor limites que, na realidade não leva a nada. O importante é que o autor não faça opções unilaterais para não correr o risco de se tornar um escritor "sem graça" . Nada melhor que temperar tanto a ficção quanto a realidade com sutilezas próprias, unir esses dois ingredientes porque, juntos eles se transformam em "Manjar dos deuses". Logicamente, quem tem a ganha com essa mistura requintada de sabores tão opostos é a própria literatura que, como criança, gosta de tudo, aceita tudo desde que a vida continue a ser UM ETERNO PARQUE DE DIVERSÕES.


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    1. O limite, Cida, também é fictício. E o "tempero" dos dois ingredientes na medida certa, é que dá a condição de "manjar". É bom ouvir/ler quem escreve porque sabe exatamente onde acontece o epicentro da criação literária: vivência e invenção. E isso, realmente, representa uma "linha tênue".

      Parabéns por sua concepção sobre a arte de escrever.



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  6. O limite entre ficção e realidade, em Literatura, não existe.
    Explicarei o meu ponto de vista a posteriori, desde já deixo esta minha visão.
    Amplexos.
    Riccardo Guerra

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    1. Se Ricardo disse que não existe, não existe mesmo!
      Ficção sendo invenção e o real a verdade, o que é mesmo verdade para uns e/ou para outros?

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  7. A ficção tem limite pois é projetada pelo homem. Enquanto que, a realidade vem como experiência para o homem. Cabe a ele aceitar ou não dentro das possibilidades humanas.

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    1. Sonia muito boa esta sua indagação, mas se refletirmos sobre ficção projetada pelo homem, iremos entender que não tem limite, pois apesar de ser projetada, a imaginação do autor literário quando usa a ficção se baseia em real e transforma em fictício, porém os limites dado a essa ficção não são existentes porque o pensamento vai além desta limitação. Se você concordar com minha opinião ou não te peço que faça um comentário a respeito do que falei e espero ter contribuído.

      Cordialmente Douglas Rocha

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    2. Muito bem, professora Sônia (Porto Calvo). Você filosofou, poetou e coisa e tal... Na sua ótica, ficção é interna, por isso inventada, e a realidade acontece fora do ser. Mas quando vivemos a realidade, ela se internaliza e se dissolve com a ficção?

      Na opinião de Douglas (Letras/FAMASUL), "ela não tem limite." Logo, se mistura com a realidade?

      O limite é tênue, como entende a poetisa Cida Vilasboas (São Paulo) ou não existe, como decretou o poeta Ricardo Guerra? (Jaqueira/PE)

      Não sei... acho tudo tão fictício!...



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    3. ?????????? A realidade vivenciada pelo homem e escolhida por ele tem limites determinada pelo mesmo. Ex.: Um fumante pode determinar seu limite, a partir do seu querer. Já a realidade vinda de Deus, sendo desejo de Deus não tem limites, enquanto que, a ficção tem limites sim. Como um autor produz um livro ou um escritor uma novela não tem fim? Só que ele baseou-se em uma realidade para o sua arte, mas teve fim, apenas ele espera um novo amanhecer para projetar outras falácias. Quem vai determinar os limites do teu saber Admmauro? Alguns você, outros como dom de escrever só Deus dará o seu limite. Ficção é mutilação do pensamento humano.
      Um grande abraço para você e outro para o Douglas
      Beijos Sônia Santos

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  8. Ficção e Realidade em Literatura não existe, muito menos noutra área qualquer, simplesmente porque nós não existimos fisicamente. Apenas a nossa consciência cósmica pensa que existe, quando na realidade ela também nem pensa e nem existe. Se você leu isto, pensa que leu, quando na realidade nem pensou e nem leu. Prove-me o contrário. Eis o desafio. Filosofe cosmicamente sobre o exposto.
    Ricardo Guerra. (esse cara sabe que não existe) mas fica a provocar.

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    1. Isto é uma questão metafísica amigo, precisa de uma longa discussão.

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  9. Vocês pensam que estou a brincar, ou que sou louco. Nem uma coisa nem outra, pois nenhuma delas existem.

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    1. Eis o desafio de Ricardo Guerra: "Esse cara não existe!"

      A discussão aprofunda-se além da literatura, adentra a filosofia, perfura o cosmo e as matrizes teológicas sobre o existencialismo.

      Vamos lá, pessoal, entre o que existe e o que não existe, eis a questão.

      Participe!



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  10. Marcondes Calazans - Palmares24 de agosto de 2013 às 11:49


    É um tanto difícil estabelecer limites sobre o que pode ser ficcional, e o que pode ser uma "interpretação real". A Enciclopédia Larousse define ficção como "ato ou efeito de simular, fingimento; criação do imaginário, aquilo que pertence à imaginação, ao irreal; fantasia, invenção".

    Creio, piamente, que a Larousse precisa de revisão, pois, sua concepção de ficção tem vetado os limites da realidade, considerando que na atualidade ficção e realidade são frutos de um mesmo tempo, de uma mesma época, em que a imaginação e o fato andam abraçados, às vezes de mãos dadas.

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    1. Caríssimo Marcondes:

      Seu texto pode ser considerado como uma profunda análise de nossos dias. Ele representa uma visão de mundo e nítida compreensão do fingimento e da falsa realidade que rodeiam o homem pós-moderno. Assim, contribui em alto grau com esta discussão.

      Parabéns por sua contribuição que investiga e desmistifica ficção e realidade. Por certo, muita coisa precisa ser revista, além do entendimento da Larousse. O próprio homem precisa rever seus conceitos sobre a realidade.

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  11. Ficção e realidade são a mesma coisa. Depende de cada um.

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    1. Ismael, veja o que diz Luiz Costa Lima:

      Se, a partir da análise de Maquiavel, víamos o poder como uma ficção necessária, se, em troca, a ficção literária tem essa qualidade de autodesnudamento, pode-se então acrescentar que a função última da ficção é apresentar a verdadeira face do poder. O que significa dizer: a ficção tem a vocação crítica de mostrar aquilo que estava nos seduzindo. Isso, porém, não a torna verdade; mas nos diz que ela é o meio humano para que, através de um discurso que se autoapresenta como não-verdade, apreenda-se a verdade.


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  12. No meu entender, a única ficção que é realidade e que a realidade quer ser um dia ficção é um poema. Ei-lo:

    POEMETO
    (Riccardo Guerra)

    Poete-se,
    Pernambuque-se,
    Matassúle-se,
    Admaure-se,
    Ascense-se,
    Hermile-se,
    E que Jaqueira
    Eternize-se.

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    1. Jaqueiríssmo Riccardo:

      Jaqueirizando a linguagíria presentista, fico acabrunhado com os indiferenciamentos de quem não comunga com a diversidade atualística e embroma tudo como se fosse coisa do outro mundo a ficctice e a verdadeirice quando se assunta a problemática da criacionice literatudística.

      Cê tá certo! Jaqueirize-se cada vez mais. Saudações e um xexéu pra você!


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  13. Ficção e realidade, andam tão juntas, que, muitas vezes pode ser confundidas. Mas devemos lembrá que o mundo da imaginação é infinito. Onde o poeta deleita-se encontrando para cada etapa, uma personagem de ficção. Comparando assim cada momento vivido no mundo da imaginação com a realidade.

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  14. Ismael:

    Muito boa sua apreciação: "Andam juntas." Isso já apresenta uma separação, mesmo que seja estreita. Existe um limite, sim, mas muito sutil, como a figura que se confunde com a sombra projetada.

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  15. No meu ponto de vista, ficção é quando o autor usa o imaginário a ponto de se perder no horizonte da imaginação. Seu imaginário vai muito além...Em quanto que o real se firma nos fatos. Onde se comprova sua verossimilhança.

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  16. Muito bem, Ismael. Eis um conceito louvável sobre a ficção.

    Obs.:
    Não é necessário colocar a expressão "No meu ponto de vista", pois tudo que se assina embaixo deve ser da própria autoria, ou seja, do seu ponto de vista.

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  17. Narrrador protagonista: O narrador é a personagem principal da historia, todos os acontecimentos gira em torno de si mesmo. Na obra de Machado de Assis “Dom casmurro” O narrador estar em 1º pessoa e ele está na visão com, porque tudo que é narrado demonstra que a personagem estar bem próximo podemos notar isto quando, no fragmento primeiro onde lemos encontrei num trem da central um rapaz aqui do bairro.E quando fala no segundo sento-se ao pé de mim.
    Então não temos dúvidas este é o narrador protagonista e com visão com.

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    1. Não se esqueça de colocar aspas (") na frase copiada de uma obra.
      O seu pensamento está correto, diante do fragmento apresentado em sala de aula. Parabéns!

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  18. Antes de tudo, me pergunto: "Afinal, o que é realidade? e o que é ficção?". A realidade está ligada aos acontecimentos (fatos) ao nosso redor. O real é o visto e o idealizado. A ficção é tudo o que conseguimos imaginar e NÃO reproduzimos. Porém é possível uma junção das duas partes: realidade e ficção, se trouxemos o que nossa imaginação nos conta através de palavras (textos). O poeta faz isso muito bem.

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