27 de dezembro de 2014

POESIA: AVE DE ARRIBAÇÃO

                     Admmauro Gommes

Poesia se parece
Com ave de arribação
Levanta voo no infinito
Se confunde com a amplidão
E o poeta é um menino
Com u'a gaiola na mão.

Ele fica na espera
Na hora da revoada
Pra ver se ela se ilude
E cai na sua jogada.
Tem dia que o poeta
Coitado, não pega nada.



Mas no dia do caçador
A ave perde a noção
Vem doidinha lhe encontrar
Com toda satisfação.
Aí o poeta astuto
Lhe prende no alçapão.


Leia os comentários de: 
Roberto de Queiroz, Marcia SilvaCida Vilas Boas, Gabriela Raianne, Marcondes Calazans, Zulene Oliveira, Ricardo Guerra...


17 de dezembro de 2014

MURILO GUN VOLTA AO PROGRAMA DO JÔ




Há 17 anos, em 1997, no dia 17 de dezembro, Murilo Gun esteve pela primeira vez no Programa do Jô. 


Murilo Gun foi entrevistado pelo Jô há quase 20 anos porque era considerado um pequeno "gênio" da internet por ter feito um site milionário com apenas 14 anos. Depois, ele voltou para fazer Humor da Caneca com seu stand up. O mais interessante é que agora, 20 anos depois da primeira entrevista, ele acabou de voltar de um projeto da NASA. Apenas 60 pessoas no mundo foram selecionadas para ir a universidade da NASA para debater temas sobre futurismo para erradicar os problemas do mundo e ele foi eleito o orador da turma. Hoje ele voltou ao Programa do Jô (17.12.2014)
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Comentários 

Pois é, professor Admmauro Gommes, a gente espera o dia todo para assistir a volta de Murilo Gun ao Programa do Jô! e ele só passa 1 bloco, que pena! Um cara cheio de conteúdo deveria ter sido mais explorado. Mas mesmo assim, o nosso pernambucano porreta com sotaque e tudo, sempre se sai bem. Obg. por me avisar, manda um abraço pra esse outro fenômeno, o pai dele, Vital Correia! - LEANDRO LOBO, apresentador do Programa Relaxa e Nova, da Rádio Nova Quilombo FM, Palmares, PE.


Murilo Gun, filho do intrépido e hipermoderno poeta Vital Corrêa de Araújo. O menino é um gênio! Acima do nosso tempo. - MARCONDES CALAZANS, professor universitário e historiador, Palmares, PE.





Espetacular, contemporâneo e carregado de bom humor. Para quem, como eu, já fez parte da plateia de um dos shows de standup comedy ou palestras do jovem prodígio Murilo Gun, estas palavras definem muito bem o que se pode observar nas suas performances. - DIEGO MOREIRA, professor universitário e escritor.



Murilo Gun é a grande expressão do humor brasileiro. Ele consegue transitar entre todas as camadas do riso. Do simples ao profundo; da mera diversão do standup, ao ensinamento pedagógico que reorienta a prática empresarial. Sua inteligência e perspicácia transformaram-no em uma prodigicidade que a cada dia mais se destaca. Passou dez semanas na Singularity University (Vale do Silício), centro de estudos fundado pela Nasa e Google, esteve na Argentina, em Genebra... em Recife e pelo país afora. Realmente, Leandro Lobo: um bloco só no Programa do Jô foi muito pouco! – ADMMAURO GOMMES, professor de literatura e poeta.


Gun tem seu legado já estabelecido. Às vezes não entendemos a piada com sua forma de falar rapidamente, fazendo com que se torne muito mais engraçada sua apresentação. No programa do Jô, dia 17 de dezembro de 2014, o humorista mostrou maturidade e segurança no que fala e no que “ainda está para existir,” pela sua passagem na NASA. Desejo todo sucesso ao filho de VCA. - ADEMAC GOMMES, Designer .




2 de dezembro de 2014

MELO NETO E O SENTIMENTO SOB CONCRETO

por Admmauro Gommes


No meio de mais de três mil páginas de textos acadêmicos produzidos pelo Prof. Dr. José Francisco de Melo Neto, da UFPB, encontrei treze poemas, sufocados pela intelectualidade do autor. Sufocados, pois é apenas uma amostra de sua poética, escondida no imenso mar de investigações científicas e filosóficas. O sentimentalismo deve ter sido amordaçado, enquanto a vida pragmática e invejável do professor fosse tão exitosa. Por isso, como resultado da falta de tempo para o ócio criativo, mesmo sem perder a qualidade, o eu-lírico se fragmenta em quase todos os textos analisados (“Águas do guaíba, porto alegre/ cair do sol, brilho do mar” p. 478).
José Francisco de Melo Neto
Mesmo considerando a ponderação de Carlos Drummond de Andrade, que o amor não “resultou inútil,” Melo Neto pressentiu (antes tarde do que nunca), que o tempo passou, e o sentimento atordoado ficou reclamando um lugar, por menor que seja, perto (nunca ausente) do filósofo e do intelectual. Melhor dizendo, os treze poemas denunciam bem mais as particularidades do poeta que todo o restante de sua produção científica, quando esta representa o exterior, os versos radiografam o íntimo, quase imperceptível, como em: JÁ NE PAS – “De repente/silêncio mudo.//Um beijo/que cala tudo.//Um ar/de respirar.//Um mar/de te beber.//O ar/o mar de amar.//Jane pas.”  (pp. 473-474). O “de repente” pode ter durado uma vida inteira até chegar ao “silêncio mudo,” somente agora diagnosticado.
Embora a preocupação ambiental seja uma das marcas deste homem combatente político-social, que se avulta como menestrel em nome da Humanidade (Cidade deserta – “A cidade foi ferindo a mata” p. 471), o lirismo continua a reclamar pela necessidade do afeto: “Palavras, olhares/Palavras, vapores/Valores, coração.” (p. 471); e, mais adiante, “noite alta, cama, quarto de hotel/ luzes apagadas, afago o ar” (p. 477). Afago no ar?
É uma poesia que se apresenta como um calidoscópio que reflete ampla visão de mundo, verificada em tantos versos como no poema Flor do serrado: “Computação. Simulação. Ergonomia./Sessão especial. Discurso./Festa e painel./Produtos naturais. Coca-cola. Tv./E eu sem você!” (p. 472). E segue insatisfeito com a praticidade da vida, denunciando a ausência do ente querido que, ao se envolver/conquistar mundos pragmáticos, dele esteve afastado (“E eu sem você!”).
Como o lirismo se mostra pouco, diante dos grandes volumes acadêmicos, vamos continuar conhecendo fagulhas de José Francisco de Melo Neto, que, além de seu olhar inquieto, atento aos problemas e conflitos do mundo contemporâneo, foi eclipsado pelo pragmatismo ditatorial onde os centros acadêmicos aprisionam a liberdade de criação artística.
Somente com a insubordinação sobre o dito e o posto é que se liberta das algemas. Segundo o próprio autor, elas giram em torno de “surrealismo repressão liberdade/...invasão às faculdades/ de concreto de massa de saber,” por isso o “o medo congela o pensamento/tristeza” (p. 479). A tristeza do poeta, que não percebe ao dilacerar o sentimento sob as lajes de concreto, esvazia-se de tanta contemplação, o que pode se resumir nas quase mudas palavras que sugerem um imenso vazio: “o lar/ a casa/ o mar” (p. 470). Pena que são apenas treze poemas!




Referência:
MELO NETO, José Francisco de. Produção acadêmica
Vol. 6. João Pessoa: UFPB, 2014.