26 de junho de 2014

ROBERTO DE QUEIROZ DIGITAL

Os livros do escritor Roberto de Queiroz


A nudez de Escrever 
(prefácio de Admmauro Gommes/FAMASUL) e 
O enigma do Olhar (prefácio de Carmen Lucia Bezerra Bandeira - CEEL/UFPE) agora estão disponíveis em formato digital.

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A nudez de Escrever - Saraiva

O enigma do Olhar - Saraiva



18 de junho de 2014

CONVERSANDO COM ESTÁTUAS

Admmauro Gommes
Com comentários de Marcondes Calazans, Ricardo Guerra e Sylvia Beltrão




O que faz com que alguém se demore em praça pública conversando com uma estátua? Pois bem, eu tenho dois amigos que chamam a atenção dos transeuntes quando dialogavam com o busto de Pedro Paranhos ou com estátua do poeta Ascenso Ferreira, em Palmares.
Ricardo Guerra, afamado conhecedor de mitos, mantos e moitas da Mata Meridional Pernambucana, chegando à Famasul, diante da estátua de Ascenso Ferreira, trava o seguinte conversatório que publica em “Danou-se nega do doce:”

“Estupefato perguntei a Ascenso Ferreira:
- Poeta, o que estás aqui a fazer e a pensar?
Ele me respondeu:
- Você que é de lá de Jaqueira
digo-lhe que vim para muito incentivar
porque os poetas não morrem, se encantam.
Estive em outra dimensão para meditar
Por tudo que passei nesta vida a poetar.”

Já Marcondes Calazans, historiador e investigador de causos, aguça o interesse de estudantes, no centro de Palmares, diante do busto de Pedro Paranhos. É edificante a conversa entre ambos:

“O coronel com meu auxílio e repleto de satisfação e júbilo, já apresentava expressões de cansaço, se esforçava para transformar aquele momento em algo eterno, quando continuou sua palestra:
- Sou amigo de Alfredo Freyre, pai do sociólogo Gilberto Freyre. No dia 21 de junho de 1924, eu e minha esposa Laura demos uma grande festa para a família Freyre. Continua o coronel Pedro: “Gilberto Freyre, o qual eu tinha como filho, quando de sua vinda ao Engenho Japaranduba, costumava acordar de madrugada, tomar café e sair a cavalo ainda às escuras para aqui onde estamos”. “Gilberto costumava dizer”: “nos trópicos é quando a paisagem se deixa ver melhor.” E continua a falar Pedro Paranhos: “Nos jantares eu costumava promover grandes encontros com Alfredo Freyre, na Casa de Japaranduba quando era servido: sopa de estrelinha, galinha com ervilha, lombo de vaca, beijo de cabocla e vinho da casa de Antonio Marinheiro. Que vinho maravilhoso!”
O que se percebe é que, na tentativa de resgatar o passado, através das esculturas que representam vultos de nossa história, os professores e historiadores mencionados reclamam valores éticos e morais que não mais existem ou não têm consistência diante da sociedade contemporânea. Isso não representa mera abstração ou alguém que esteja fora de órbita, quando se tenta papear com uma escultura no meio da rua. Antes revela a condição de revolta com a geração atual que não entende valores importantes que sustentaram a base da nossa sociedade, principalmente nos últimos séculos e que ora desmoronam. 
Temos grandes exemplos na história da humanidade de ícones, excelentes escritores e personalidades que, rejeitando o senso comum que não entendia a mensagem nem o seu ponto de vista, muito menos a visão de mundo avançada para a época, procuram ultrapassar os limites do pensamento de sua geração, construindo “provável” diálogo com seres inanimados ou que não podiam “raciocinar”, mas que representaram muito, na sua mudez, a sociedade também muda e surda em que vivemos/viveram. Tomemos por exemplo o Sermão de Santo Antônio aos Peixes de autoria do Padre Antônio Vieira. Não encontrando espaço para que as pessoas ouvissem, escolhe o santo lançar o evangelho aos peixes, justificando que o Mestre ordenou  pregar a toda criatura e como poucos ouviam a palavra, tanto fazia, pregar a pessoas ou a animais:
“Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só coisa pudera desconsolar ao pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente.”
Notável também é o soneto de Olavo Bilac, Ouvir Estrelas em que, movido por um lirismo extremado, diz:
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...”
Roberto Carlos também, na letra de sua música O Portão, busca estabelecer um contato com seu passado diante da fotografia amarelada na parede:
“Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar por onde andei
E eu falei:
- Onde andei não deu para ficar
Porque aqui, aqui é meu lugar.”

O cantor imagina que o retrato disse alguma coisa e imediatamente responde, sem suspeitar da impossível pergunta vinda da parede.
Como se vê, não é de se estranhar que pessoas conversem com os passarinhos, como fazia São Francisco de Assis. Encontramos tantos outros que estabelecem um colóquio com seus animais de estimação. Como parece, isso é “normal.” Conversar é uma maneira de expurgar os fantasmas e desanuviar o pensamento.

Além de manter viva a interlocução, pretende-se, diante elemento que simboliza o passado, dialogar com aquele tempo e refletir sobre o que passou, avançou ou regrediu. Na verdade, é com o retrovisor voltado para imagens antigas que se entende o ontem e se faz compreender o amanhã. Este é o papel de todo historiador, poeta, ou ser pensante qualquer, mesmo que não tenha pretensão artística. Não digo que devemos procurar as estátuas, mas sim buscar uma forma de entender melhor o passado para nos projetarmos melhor no futuro. Se as estátuas forem as “únicas pessoas” que nos derem ouvidos, que sejam!


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Bravo! Bravo! texto maravilhoso! Alguns medíocres que interpretam como louca, pouca ou nenhuma criatividade precisam ler sua impressão e justificativa escrita das razões que levam algumas pessoas a conversarem com estátuas. 
Admmauro, és um gênio que permite por generosidade qu algumas pessoas possam participar de sua vida intelectual e amizade incondicional.
Obrigado por você existir me dando o prazer de beber em sua fonte inesgotável de sabedoria. Grande abraço Amado Irmão. - Marcondes Calazans
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Marcondes:
Ícones e estátuas são a mesma coisa. Você que já é um ícone, agora "brinque" de estátua. Aliás, esta era uma brincadeira interessante de nossa infância: Estátua! - Admmauro Gommes


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Também converso com Ascenso!!!!

E olha, que acredito que o meu caso seja mais grave que o de Calazans e Guerra juntos. Porque além de conversar com Ascenso, eu ainda agarro ele.
Quem me conhece bem, sabe que de cara, eu arrumo logo um apelido para todas as pessoas que se aproximam de mim. Os professores também não escapam disso, cada um deles já ganhou algum apelido meu. Com Ascenso não podia ser diferente: O HOMEM DE OURO. Fiquei feliz quando vi que eu não sou a única a conversar com Ascenso, julgava que meu caso estava caminhando para a internação... - Sylvia Beltrão
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Além desse diálogo com Ascenso, gosto também de conversar com as minhas plantas – minha paixão – por exemplo, tenho um bonsai - técnica e/ou arte, originárias do Japão, de miniaturizar plantas- criança ainda, com apenas dois anos, mas que gosta de música clássica (adora Vivaldi), já a minha orquídea Cattleya labiata gosta de frevo; meu casal de cães perdigueiros ficam uivando quando o sino da igreja blimblomba ao meio dia e as seis da tarde, eles disseram-me que é porque o ruído incomodam os seus tímpanos, as groselheiras preferem um forró-pé-de-serra, a hera-trepadeira trepa melhor quando escuta o “bollero de Ravel”, o mamoeiro e as videiras apreciam os diálogos dos poetas e filósofos quando vêm almoçar comigo, mas o “chifre-de-veado morre de medo do tiro do meu bacamarte. Fazer o quê, não é mesmo? - Ricardo Guerra



16 de junho de 2014

BACAMARTEIROS EM JAQUEIRA - PE

Duelo entre Dom Zé e o Conde Vital
Últimos heróis nordestinos - junho de 2014
Dom Riccardo Guerra - Guardião da cultura nordestina


14 de junho de 2014

DOIS OLHARES SOBRE A COPA DO MUNDO

I - O NEGÓCIO GLOBAL DO FUTEBOL E A COPA DO MUNDO NO BRASIL 
(Marcondes Calazans)

Começarei com certo radicalismo em termo de reflexão, dizendo que o mercado global do futebol é dominado por empresas (umas poucas), que impõem uma política imperialista, revestindo o atual capitalismo com nomes da mesma forma globais – certo número de superclubes com células em alguns países da Europa, que competem entre si e transformam seus jogadores, recrutas de um novo mundo em ascensão, caracterizado pela corrupção, marcado pela lavagem de dinheiro, obras superfaturadas e manipulação do que denominam de legalidade.

1.       A Copa do Mundo no Brasil tem mil e uma caras

Comecemos pelos grandes problemas sociais e de infraestrutura que enfrentam as pessoas mais pobres dos lugares onde foi construído o que chamam de arena. Incrível como até o termo mudou! Antes era estádio. Mas, é arena mesmo, o que dizer do termo usado pelos romanos ao se referirem aos coliseus!
Quando afirmo que o torneio de futebol no Brasil tem mil e uma caras, estou me referindo aos contrastes das expressões faciais de rostos que nunca perdem o sorriso, começando pelo Presidente da FIFA, discorrendo pelo gesto arrogante da direção da CBF, replicando no semblante da nossa presidenta, que chegou a afirmar que o padrão do seu governo “é padrão Filipão”. O que dizer dos semblantes da parcela da sociedade brasileira, que nada ganha com a COPA!
Prof. Marcondes Calazans
Fica difícil para a sociedade que vive no entorno das Arenas acreditar que as coisas irão melhorar, quando dão conta dos gastos para a construção dos Estádios. Ouve os governos (estadual e Federal) afirmarem que não têm dinheiro para saneamento básico, habitação, água potável, escola de qualidade, além de saúde digna, e desembolsam bilhões de reais para a construção dos coliseus, os quais não poderão frequentar, pois o valor da entrada elitizou o futebol, que em sua origem trazia as características do popular (povão).
A Copa do Mundo no Brasil vem provocando acirrados debates e troca de acusações entre ex-parceiros, a exemplo das farpas trocadas pelo Deputado Federal Romário (ex jogador) e um dos membros do Comitê de Organização Local, Ronaldo (o fenômeno).
Conforme explica Romário, foi aprovado em 12 de março um requerimento na Comissão de Esporte para convidar o presidente da CBF, José Maria Marin, e um membro do COL, que seria Ronaldo, para explicar a questão dos ingressos para deficientes. "Acredito ser este o foro ideal para darmos satisfação à população", falou Romário.
No comunicado, Romário também fez ironias e críticas às declarações otimistas de Ronaldo sobre a Copa do Mundo, criticando os "gastos absurdos" e citando o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que disse que o Brasil tem tudo para fazer a "pior Copa de todos os tempos". (Portal Terra, 20 de março de 2014).
Absurda e oportuna a declaração do secretário geral da FIFA, que não tem olhar crítico para entender as razões que levam alguns estados atrasarem suas obras. Caso que emblema as razões como superfaturamento e desvio de verbas desses governos em parceria com a iniciativa privada, responsável pela construção das Arenas.

2.       Eventos Esportivos em outros cantos do Globo.

Na China, na ocasião em que o país se preparava para promover as Olimpíadas, quem mais sofreu foram os mais pobres. O Governo chinês para vender uma boa imagem da capital (Pequim), programou projeto acabando com algumas favelas existentes em seu entorno. A alternativa foi desumana, pois as populações foram despejadas de suas humildes residências à força, com indenização que não permitia com o dinheiro que recebeu construir um pequeno quarto de morada, resultado: essa população passou a perambular pelas periferias como mendigas.
As Copas que ocorreram na Europa e nos EUA foram um sucesso. Por quê? Nesses Continentes, os problemas sociais – em maior grau na Europa -, foram sanados faz tempo. Após sua realização, constatou-se que houve superfaturamento em algumas obras, prontamente justificadas pelos organizadores, e silenciadas por seus governos. Uma boa imagem é Tudo!
A Copa da Ásia, por sua vez, foi rateada entre Coreia e Japão se transformando em sucesso, pois o padrão de qualidade lá realmente é levado a sério. O resultado foi que o futebol nos dois países virou um grande negócio, com a importação inclusive de jogadores que fizeram fama durante sua realização.
Na África do Sul, ao contrário, a Copa do Mundo deixou péssimas heranças, a sede, a cidade do Cabo é um grande exemplo. Estádios em ruínas e a permanência dos problemas de infraestrutura nas cidades que sediaram os jogos. A explicação é a pouca /fraca tradição daquele país na arte do futebol. Um fator que se parece com o nosso é a construção dos estádios e a ausência de conclusão das obras de infraestrutura como hotéis suficiente,  transporte e acesso.

3.       Os gastos com a Copa no Brasil

Voltando ao Brasil e vamos aos gastos. Romário, numa  tentativa de isolar o fenômeno (Ronaldo dentuço), levantou várias indagações sobre os gastos, o que gerou grandes mobilizações contra a copa no Brasil.
Argumento de Romário ao Ronaldo: “Como representante do COL acredito que você já saiba que o orçamento da Copa começou em R$ 23,5 bilhões, já está em mais de R$ 26 bilhões, uma conta que ainda não fechou. Para piorar, apenas 5, das 41 obras de mobilidade urbana foram concluídas, de acordo com levantamentos recentes”.
O grande problema começa no ano de 2007, quando a informação passada alegava que a copa seria plenamente financiada pela iniciativa privada, o que levou o Deputado Romário afirmar:
Em 2007, em Zurique, Suíça (sede da FIFA) ao lado de Parreira, Paulo Coelho e Ricardo Teixeira, eu afirmei e, principalmente, acreditei assim como a maioria dos brasileiros que esta Copa seria a melhor Copa de todos os tempos. Naquela época, a informação que tínhamos era que a Copa seria 90% financiada com dinheiro privado. Hoje, se sabe que 98% do dinheiro da Copa é público, ou seja, daquelas pessoas que pagam seus impostos e o pior, a maioria não conseguirá assistir a um jogo sequer. Há três anos, desde que assumi meu mandato de deputado federal, tenho posições e compromissos diferentes. Não é com você, não é com COL, com a FIFA, CBF, ou Governo. Meu único compromisso é com a população brasileira. Tenho feito a minha parte, cobrar, denunciar e legislar. E modéstia a parte, tenho feito muito bem. (Do UOL, em São Paulo 17/03/2014).

4.       Considerações finais

As expectativas quanto o legado da Copa no Brasil, fica a certeza que, em função dos prazos e burocracias, muitas obras serão concluídas com extrema rapidez, com isso, diminuindo assim suas qualidades.  Outro fator é que o evento irá inflacionar os serviços, principalmente de hotéis, antes e durante a Copa do Mundo. Mesmo pessoas que não vão assistir aos jogos pagarão preços salgados em diárias de hotéis e serviços nas cidades que serão sedes. Se o evento não for bem sucedido, apresentando problemas diversos, a imagem do Brasil no exterior poderá ficar manchada. O Brasil poderá ser visto como um país desorganizado e ineficiente, diminuindo a confiança no país e os investimentos estrangeiros.  Outro fator muito discutido é o custo benefício da construção de alguns estádios que poderá não ser positivo. Isso porque em algumas regiões do Brasil (principalmente centro-oeste e norte), os estádios poderão ser subutilizados após a Copa do Mundo como ocorre com a África do Sul.
 Dinheiro público usado na Copa do Mundo deveria ter sido utilizado em áreas em que o Brasil é carente como, por exemplo, saúde e educação. Estes gastos elevados com um evento esportivo que dura poucos dias gera insatisfação em grande parcela da sociedade. Diante do elevado volume de recursos financeiros utilizados, principalmente na construção dos estádios, ocorre abertura de mais possibilidades para a corrupção.
O que se pode concluir com isso? Que o negócio global do futebol e a copa do mundo no Brasil têm mil e uma caras.



II - BRASIL, MEU PAÍS É DO FUTEBOL!  
(Madalena Oliveira)

      Durante muito tempo, ouvimos esta frase: “Brasil país do futebol.” Certamente, a maioria da população torce por um time de futebol durante os campeonatos estaduais e brasileiros. Os meios de comunicação dedicam horas de sua programação (no rádio e na tv) ao futebol, quase sempre em horário nobre. São dezenas de campeonatos que contam com a participação dos torcedores nos estádios.
Em todo torcedor reside um técnico de futebol que dá palpite na escalação do time, que xinga o juiz, que discute a partida, elege as melhores jogadas, vibra e aplaude os jogadores, que  rir, chora e canta de emoção na hora do gol, da vitória ou da derrota. Assim, o futebol na vida da maioria dos brasileiros é pura emoção.
Prof.ª Madalena Oliveira
É por isso que o futebol está no dia a dia do brasileiro, no imaginário, no prazer e até mesmo quando o filho nasce, colocam o nome do bebê em homenagem aos jogadores. Alguns investem durante anos, em “peladas”, escolinhas de futebol, na esperança de ver seu filho tornar-se jogador de futebol. Até aí a população brasileira acha tudo normal, não questiona e, de certa forma, colabora para manter este status quo.
Em 2005, foi o momento de escolher o país que iria concorrer para sediar a copa do mundo de 2014. Então, o governo brasileiro se esforçou para apresentar a melhor proposta. Em outubro de 2007, a FIFA decidiu que o Brasil finalmente iria sediar a copa. Foi um oba-oba! Tudo a ver. Afinal, somos o país do futebol. Participamos de todas as copas e somos pentacampeões. Naquele momento, ninguém questionava se essa era a prioridade para o país, o quanto seria necessário investir em infraestrutura, transportes e segurança para atender às demandas provocadas pelo megaevento, ou seria mais importante investir nas reais necessidades da população, saúde, educação, transportes, moradia popular, saneamento básico, segurança etc.? Estes, no meu entender, seriam os melhores investimentos para o nosso país. Alguns até argumentavam que os investimentos para copa iriam beneficiar os estados onde ocorressem os jogos.
Hoje, lamentavelmente as pessoas, grupos, movimentos, categorias profissionais têm usado a copa para protestar, reivindicar, fazer greves etc. Eu entendo a necessidade de todos nós trabalhadores brasileiros que estamos carentes de tantos direitos sociais; respeito os movimentos, afinal, vivemos em um país democrático. Vale ressaltar que se juntam a estes movimentos pessoas mal intencionadas (vândalos) que só querem tumultuar, fazer baderna, sair destruindo a cidade, prejudicando a todos nós.
Lamento, mas não lembro de ver a população ir às ruas nas capitais do Brasil para questionar, para dizer não, no momento em que o Brasil se candidatou para sediar a copa de 2014. Não ouvi: Não devemos sediar a copa!  Ou: Queremos que nossos governantes invistam nas reais necessidades da população! Poucos discordaram que deveríamos sediar a copa, mas tão poucos que não conseguiram ser ouvidos (nestes poucos, me incluo).
Sou e sempre fui a favor de manifestações públicas. Participo de movimentos políticos, sociais. Sempre defendi que a voz do povo deve ser respeitada. Porém, agora é necessário pensar em algo maior. Agora que o cenário está montado, o país já investiu bilhões em estádios, infraestrutura e segurança, os recursos financeiros já saíram dos cofres públicos (dos impostos que nós pagamos), não existe mais como recuar. Não cabem mais protestos, devaneios, vandalismo nas ruas das nossas capitais. Estes atos servem apenas para expor ainda mais as nossas mazelas, afastar os turistas, amedrontar e por em risco a integridade das pessoas. Não é o momento de “discutir a relação,” afinal roupa suja não se lava em público. 
Gostaria de lembrar que foram vários os investimentos que grandes e pequenos empresários fizeram pensando em lucrar com a copa. Desde o motorista de taxi que fez um curso de inglês, ao senhor da barraca de cachorro quente que fez o curso de manipulação de alimentos, e as empresas que fizeram lembranças, camisas, botons... os hotéis, pousadas e restaurantes que fizeram reformas, contrataram novos empregados, enfim, todos certamente pensaram em atender melhor o turista e ter a oportunidade de lucrarem um pouco mais durante a copa.
Portanto, este é um momento muito importante para o nosso país! Qual a imagem que queremos que os gringos levem de nós? Queremos que eles voltem ao Brasil em suas próximas férias ou recomendem aos seus amigos? E assim, possamos fortalecer o turismo e garantir postos de trabalho para o povo brasileiro.
Acredito que agora é a hora de darmos as mãos e colocar as cores da nossa bandeira na frente de nossas casas, na varanda, no carro e vestir a camisa verde e amarela; colocar o sorriso nos lábios e a PAZ NO CORAÇÃO; convidar seu vizinho para enfeitar as ruas e os bairros; ir para às ruas fazer a festa, receber bem os turistas; reunir os parentes e amigos em casa ou no barzinho, tomar aquela cerveja ou cachacinha e torcer para nossa seleção. AFINAL, SOMOS OU NÃO O PAÍS DO FUTEBOL? Agora é hora de gritar: BRASIL!  BRASIL! EU SOU BRASILEIRA!
Se você concorda, divulgue esta ideia. Faltam poucos dias para o início da copa e precisamos de um clima de festa, paz e tranquilidade em nosso país.  Faça a sua parte!
Madalena Oliveira - Geógrafa e Professora de Geografia - madaleoliveira@bol.com.br